Soares de Passos poeta ultra-romântico Português

Antonio Augusto Soares de Passos nasceu na cidade do Porto em 27 de Novembro de 1826 em Portugal, sagitariano. Foi um dos principais representantes do período ultrarromântico em Portugal.

Seus pais são Custódio José Passos e D. Ana Margarida do Nascimento Soares de Melo; tiveram dois filhos um chamado Custódio José de passos assim como o pai, e uma irmã onde não foi possível localizar seu nome.

Imaginem uma casa em frente a uma praça onde as crianças brincavam e estavam acostumados a passear, de repente Portugal entra em um processo de revolução de um lado o partido liberal de outro o partido absolutista, e está praça onde as crianças estavam acostumadas a brincar acaba se tornando cenário de grande holocausto, onde os guardas levavam pessoas para assassinar na praça pública, uma criança que morava em frente a esta praça assistia a tudo da janela de seu quarto. Assim foi a infância de Soares de Passos uma infância triste, em uma época em que Portugal estava passando por inconstância e insegurança na política, guerra civil e lutas pelo poder para formar o país deixando rastros de mortes enquanto o jovem Soares de Passos crescia e desenvolvia seu caráter mental; a morte, e, a dor fez parte de sua realidade de vida desde menino. 1826 foi o início de uma nova época de perturbação terrível, inaugurava-se o regime constitucional parlamentar começando com o governo de D. Miguel, que atraiçoou a causa constitucional que jurara, proclamando-se rei absoluto, e exercendo a soberania pela violência canibalesca das forcas, dos confiscos, das perseguições e dos cárceres aristocrata absoluto. O Porto foi o lugar escolhido para o grande massacre, e, a imposição, para o absolutismo Miguelino se impor.

Custódio José Passos, pai de Soares de Passos, pelo seu espírito liberal, foi um dos inúmeros perseguidos, tendo de fugir, escondendo-se e homiziando-se para não ser preso e sucumbir no cárcere podendo morrer em frente a sua casa na praça. Sob a pressão destes terrores, a mãe do poeta contraiu os sofrimentos, que nunca mais a abandonaram, ela simplesmente mergulhou numa tristeza profunda que a impedia de cuidar bem de seus filhos ainda pequenos.

Sendo assim o poeta passou sua infância com o pai ausente e a mãe em choque com a situação que o país se encontrava, cresceu vendo a morte e a solidão tomar espaço em sua vida, o que deixa mais claro o pensamento noturno do autor.

Até os quatorze anos de idade Soares de Passos estudou no colégio do corpo da guarda com destino para a vida comercial, na própria casa paterna já que o pai era farmacêutico aí adquiriu o conhecimento das línguas francesa e inglesa.

De 1840 a 1845 Soares de Passos esteve efetivamente ao balcão do armazém de drogas de seu pai e encarregado também da escrituração da casa. Neste período angustioso em que se encontrava o jovem no espírito a paixão literária, ele ensinava, nos momentos vagos, a língua francesa a sua irmã, e o inglês a seu irmão Custódio Passos. A leitura das novas obras do romantismo mais lhe desvendava a vocação literária. No Porto é frequente esta aliança da prática do comércio com o interesse pelas letras, como já o notava o célebre erudito João Pedro Ribeiro dando notícia da preciosa livraria de um negociante do século XIV. Soares de Passos assim informou ao pai o desejo que ele possuía de seguir os estudos superiores, e, conseguiu em 1845, começando a frequentar a aula de latim do celebrado professor José Rodrigues Passos, e lições de filosofia racional de António Fernandes da Silva Gomes. Em 1848 ele partiu para Coimbra, matriculando-se em Outubro de 1849 no primeiro ano da Faculdade de Direito.

Soares de Passos, naturalmente reservado, morava na Rua dos Militares, numa casa ou pequena república, em que tinha por companheiros outros poetas português, Alexandre Braga, o autor das Vozes da Alma, Silva Ferraz e Aires de Gouveia, combinado com eles de continuarem a tradição acadêmica do jornal de versos O Trovador, de 1844, em que brilhavam João de Lemos e Couto Monteiro, António Pereira da Cunha, António Xavier Rodrigues Cordeiro, os dois Serpas (José e António), Augusto Lima, Evaristo Basto, Henrique O'Neil, Luís Augusto Palmeirim e Correia Caldeira. Era legítima a empresa de reatar a tradição poética; esse grupo da Rua dos Militares empreendeu em 1851 a publicação do Novo Trovador.

Nessa ocasião, cansado da viagem de Estafete, difícil e acidentada para Coimbra, escreveu Soares de Passos a inimitável elegia que significa poema sobre assunto triste ou lutoso, construído por heximamêtros ou pentâmeros alternados. Partida, publicada pela primeira vez em 1855 na Grinalda jornal de versos de Nogueira Lima. Os pressentimentos da morte atravessavam-se por meio das recordações e saudades, prevalecendo sobre todos os outros sentimentos como uma obsessão permanente, no verso a seguir podemos ver mais detalhadamente esses sentimentos:

ENFADO

Dos homens, ai quem me dera

Longe, bem longe viver!

Junto de mim só quisera,

Como eu sonho, um anjo ter.

Que esse anjo surgisse agora,

E o mundo folgasse embora

Em seu nefando prazer.

Que vista! cede a inocência

À voz do crime traidor;

Folga a devassa impudência,

Nas faces não há rubor.

Traz o vício a fronte erguida,

E a virtude, sem guarida,

Geme transida de dor.

Vão ao templo da cobiça,

Vão todos sacrificar:

Consciência, fé, justiça,

Tudo lhe deixam no altar.

Devora-os a sede d'ouro;

O seu deus é um tesouro,

Porque o viver é gozar.

E que importa que o infante

Morra à fome, e o ancião?

Que importa que gema errante

O proletário, sem pão?

Oh! que importa que o talento

Esmoreça ao desalento?

Que vale do génio o condão?

Proclamou-se a lei do forte:

A lei do fraco é gemer.

Ai do triste a quem a sorte

Fez entre espinhos nascer!

É um dogma a tirania,

A liberdade heresia,

A servidão um dever.

Que tempos, que tempos estes!

Quem há-de viver assim

No mundo que rasga as vestes

Do justo; no seu festim?

Quem há-de? mas esperança!

Um dia foge; outro avança,

E a redenção vem no fim.

Hoje, porém, quem me dera

Longe dos homens viver!

Junto de mim só quisera,

Como eu sonho, um anjo ter.

Que esse anjo surgisse agora,

E o mundo folgasse embora

Em seu nefando prazer.

O ano da formatura começava, mas neste mesmo ano de 1854 o estrondoso conflito entre os estudantes da Universidade e a população de Coimbra, que é conhecido pelo nome da Tomarada entrava em vigor. Os estudantes resolveram abandonar Coimbra, e retiraram-se em tropel para Tomar, onde o governo os interrompeu sem violência, mas por acordo, fazendo-os, sob promessa, voltar a Coimbra. Essa energia transformou-se então num sistema de resistência organizada na Liga Acadêmica, sob a forma de associação secreta. Começava assim a iniciar-se entre os acadêmicos o espírito associativo, criando-se nesse ano de 1854 a Sociedade Civilizadora, de que eram membros os dois companheiros de Soares de Passos, Silva Ferraz e Aires de Gouveia. O poeta deixava Coimbra no período mais turbulento da vida acadêmica, que retomava todo o seu espírito de revolta medieval.

Quem entra em Coimbra, ao ver os estudantes desfilando unidos, em grupos, com as longas capas negras, batina e gorro, crê-se momentaneamente transportado a uma cidade da Idade Média, do tempo em que o Poder real protegia com privilégios excepcionais as corporações escolares e quando o clericus (clero) andava sempre em conflito com o laicus (leigo ou alguém que não pertence ao clero), ou o burguês. O que parece uma ilusão torna-se uma realidade, porque, à medida que se toma conhecimento da organização íntima da Universidade, transparece ali o espírito medieval em todas as suas feições.

Desse turbulento ano 1854, Soares de Passos deixou-nos uma recordação no Álbum do seu condiscípulo Gaspar de Queirós Botelho de Almeida e Vasconcelos, um Soneto bocagiano, o único que escreveu, pode notar que é completamente diferente de seu estilo, por isso justifica-se ele ter escrito apenas um. A primeira estrofe merece transcrever-se:

Nossa lidas findaram. Chega o dia

De deixar estas margens bonançosas,

Onde colhemos as purpúreas rosas

Da ciência, do amor e da poesia.

Antes de atirar-se à luta da existência como bacharel formado, Soares de Passos, ao terminar o ato de formatura, fez uma excursão ao Buçaco e ao Mosteiro da Batalha, acompanhado de seu irmão Custódio José Passos, de Silva Ferraz e Augusto Luso; as poesias que lhe inspiraram a floresta secular do monumento histórico são frias, enfáticas, falhas de pensamento, no estilo característico da plêiade de João de Lemos. Era preciso que a sua sensibilidade se exacerbasse para tornar a achar a eloquência do sentimento. O regresso ao Porto, onde a vida prática prepondera em absoluto, forçava-o a empenhar-se desde logo no exercício da sua formatura. Lançou-se à ação, inscrevendo-se como advogado na secretaria da Relação do Porto, para contar os dois anos exigidos para despacho na carreira judiciária.

Soares de Passos concorreu à vaga de segundo bibliotecário da Biblioteca Municipal do Porto; como os lugares públicos servem para pagar os que intrigam nos partidos políticos, o ministro que fez o despacho de outro candidato, nem suspeitava que ferisse mortalmente aquela pobre alma na sua última aspiração. Sendo assim o poeta caiu na impotência moral, numa tristeza que o levava a evitar todas as relações, confinando-se entre alguns poucos amigos, e chegando a permanecer perto de quatro anos fechado no seu quarto. A vida de Coimbra deixa esta prega de fraqueza moral em muitos bacharéis que se anulam no isolamento da província.

Em casa não era um ocioso; no artigo intitulado Os Dois Irmãos, escreveu Augusto Luso: “António Augusto Soares de Passos, formado em Direito na Universidade de Coimbra, e poeta conhecido, não se recusava a auxiliar seu pai, e seu irmão nos trabalhos comerciais, quando a necessidade o exigia”.

O ano de 1856 foi-lhe tormentoso; quatro meses sucessivos esteve extremamente preocupado com a vida de seu irmão Custodio de Passos que se encontrava com uma grave doença.

Soares de Passos viveu quase sempre desgostoso, vendo desaparecer-lhe, roubada pela morte, toda a sua família, com quem vivia e a quem amava extremosamente: sua tia, seu caro irmão, a sua querida irmã, sua terna mãe e seu bondoso pai; mas forte pela resignação, pôde sobreviver a tudo, porque nunca desamparou esta virtude. – Custódio José Passos, desde que deixou as aulas da Academia, viveu sempre doente, o que já era algo comum numa época dificil como aquela. Escreveu alguns versos e algumas traduções, mas nada publicou, porque a muita modéstia lho proibiu. E Foi nesta crise da doença de seu irmão que Soares de Passos elaborou as poesias O Mendigo, o Filho Morto, Infância e Morte, Amor e Eternidade, a Mãe e a Filha, e Tristeza.

Podemos analisar neste momento um trecho do seu poema seguinte poema:

INFÂNCIA E MORTE

«Ó mãe, o que fazes? em cama tão fria

«Não durmas a noite... saiamos daqui...

«Acorda! não ouves a pobre Maria,

«Pequena, sozinha, chorando por ti?

«Porque é que fugiste da nossa morada,

«Que alveja saudosa no monte dalém?

«Depois que tu dormes na terra gelada,

«Quão só ficou tudo, mal sabes, ó mãe.

«A nossa janela não mais foi aberta,

«O fogo apagou-se na cinza do lar,

«As pombas são tristes, a casa deserta,

«E as flores da Virgem se vão a murchar.

«Oh! vamos, não tardes... mas tu não respondes...

«Em vão todo o dia meu pranto correu;

«No fundo da cova teu rosto me escondes,

«Não ouves, não falas... que mal te fiz eu?

«Escuta! na torre de frestas sombrias

«O sino da ermida começa a tocar...

«Acorda! que o toque das Avé-Marias

«À imagem da Virgem nos manda rezar.

«A lâmpada exausta de Nossa Senhora

«Ficou apagada, precisa de luz:

«Oh! vem acendê-la, e à Mãe que se adora

«Ali rezaremos, e ao Filho na cruz.

«Depois à costura, sentada a meu lado,

«Tu hás-de contar-me, bem junto de mim,

«Aquelas histórias dum rei encantado,

«De fadas e mouras, dalgum querubim.

«A d'ontem foi triste, pois triste falavas

«De vida e de morte, dum mundo melhor;

«E o rosto cobrias, e muda choravas,

«Lançando teus braços de mim ao redor.

«Depois em silêncio teus olhos fechaste,

«Tão pálida e fria qual nunca te vi;

«Chamei-te era dia, mas não acordaste,

«E enquanto dormias trouxeram-te aqui.

«Oh! vamos, não tardes, que as noites sombrias.

«Sem ti a meu lado, me causam pavor!

«Acorda! que o toque das Avé-Marias

«Nos diz que rezemos à Mãe do Senhor.»

Tais eram as queixas da pobre Maria...

O sino da ermida cessou de tocar...

E a mãe entretanto dormia, dormia;

Do sono da morte não pôde acordar.

Três dias, três noites a filha sozinha

No adro da igreja por ela chamou...

Ao fim do terceiro já forças não tinha;

Da mãe sobre a campa, gemendo, expirou.

Neste mesmo ano colige o seu livro Poesias, publicado pelo tacanho livreiro alfarrabista Cruz Coutinho. O pequeno volume de versos produziu uma grande impressão no público, cansado das banalidades de impertinentes versejadores. Em carta de 5 de Agosto de 1856, Alexandre Herculano felicitou Soares de Passos pela sua obra, considerando-o como sucessor de Garrett, dizendo também de si: “Fui poeta até aos vinte e cinco anos”. Numa carta do grande tribuno Passos Manuel ao pai do poeta, afirmava-lhe com entusiasmo: “O jovem poeta era o primeiro, o maior e mais ilustre dos poetas da nova geração...” Depois de 1856 parece que nada mais escreveu, além de uma tradução da Monja de Uhland, e ainda três versões de Heine, que apareceram em alguns números da Grinalda de Nogueira Lima, incorporadas na sétima edição das Poesias de 1890. O entusiasmo provocado pelo livro fez que logo em 1858, o tacanho editor fizesse uma reprodução, retocada e ampliada. A doença de sua mãe influiu também para esta apatia. Fechado quase sempre no seu quarto, junto dele reuniam-se alguns amigos íntimos, entre eles Gomes Coelho (Júlio Dinis), o autor d'As Pupilas do Senhor Reitor e de outros romances no tipo das novelas inglesas.

AS LÁGRIMAS DO HOMEM

Tu viste minhas lágrimas um dia.

Escuta; em vossas faces são os prantos

Como o orvalho que o Céu à flor envia

E que em seu cálix só derrama encantos.

Ou o distile a noite húmida e escura,

Ela, sorrindo, a manhã clara e formosa,

Sempre à flor vem dar vida e cor mais pura,

Fazendo-a erguer mais bela e mais viçosa.

Porém os prantos que derrama o homem

São a estimada goma do Levante

Que os arbustos no seio, avaros, somem

E não deixam correr a cada instante.

Mas firam um na casca ressequida,

Se o golpe o coração do arbusto vara,

Vê-se correr então da larga f'rida

Aurea resina, gotejando, rara.

Breve, é certo, essa fonte não transuda,

Esse arbusto persiste e frutifica,

Mais duma primavera inda saúda;

Mas o sinal do golpe esse lá fica.

Quando o poeta estava passando por uma fase mais relaxante e inclusive planejava viajar de ferias para}Lisboa; um ataque de hemoptise em 6 de Janeiro de 1860 o assombrou, e repetições sucessivas, anunciaram-lhe um fim breve, falecendo às 8 horas da manhã do dia 8 de Fevereiro de 1860 morrendo assim com 34 anos de idade. Em carta de seu irmão Custódio José Passos a Rodrigues Cordeiro, vem à narrativa do seu falecimento:

“Pelas 8 horas da noite do dia 6 de Janeiro ainda ele conversava largamente e bom na aparência comigo e com o seu amigo Dr. Miguel Teixeira Pinto. Das 10 para as 11 sobreveio-lhe uma hemoptise. A esta sucederam-se outras. Nunca mais pôde estar deitado; o seu estado foi piorando dia para dia, até que, conhecendo que o seu fim estava próximo, aceitou a sua morte com a maior resignação e coragem. Pelas 8 horas da manhã do dia 8 de Fevereiro expirava Soares de Passos nos braços de sua mãe e irmãos, e no meio da família, que tanto o amava. Realizaram se nisto os nossos e os seus desejos.”

Polêmicas na vida de Soares de Passos

Logo após sua morte surgiram boatos que renderam muitas discussões, Soares de Passos foi acusado de plagiador! Será verdade que um escritor tão bem renomeado após uma vida sofrida e desesperada pudesse ao fim ser apenas uma plagiador, pois bem temos que retratar aqui o acontecido apesar de nada concordar com o assunto.

“Quando a memória de Soares de Passos estava consa­grada, reconhecendo-o como um talento primacial, sucedeu um estranho caso: um contemporâneo seu dos tempos de Coimbra, veio, anos depois da sua morte, incre­pá-lo de plagiário, reclamando insistentemente na imprensa periódica a paternidade das melhores composições de Soa­res de Passos. É o Dr. Lourenço de Almeida e Medeiros, bacharel formado em Filosofia pela Universidade de Coim­bra, proprietário rural, vivendo há longos anos na sua quinta da Fermelã. Em carta que nos escreveu em 4 de Julho de 1886, queixando-se-nos de que Soares de Passos se apropriara da ode O Firmamento, acrescenta: «E não me roubou só isto; na noite a que me refiro, confiei-lhe todos os assuntos sobre que tencionava exercer-me, dei-lhe indi­cações, glosou a parte que lhe expliquei com mais clareza, e assim fez o Anjo da Humanidade, os Anelos, o Desalento; roubou-me ainda mais, até estâncias desgarradas de outras poesias que já esboçara, como da Noite, do Camões –estragou estes assuntos por não lhe alcançar a ideia prin­cipal ou não saber tratá-la!»” Por: TEÓFILO BRAGA

Assim a confusão estava feita, foi-se levantado toda uma investigação e o caso foi a júri para ser avaliado, o Dr. Lourenço de Almeida e Medeiros afirmou que após ter recitado os poemas o firmamento e o noivado do sepulcro Soares de Passos que estava presente guardara em sua memória as palavras doces destes poemas belos e lhe copiara. Uma duvida porem, me intriga, teria Soares de Passos uma memória extra-humana? Como alguém poderia memorizar em uma única vez um poema com 19 estrofes e 76 frases.

O Dr. Lourenço caí em contradição pois como ele não tinha nenhuma prova escrita apenas falada dizendo ainda que recitava os poemas para seu irmã e seu cunhado desde o ano de 1854, ele se contradisse quando afirmou ter escrito o Firmamento no ano de 1853 estando ainda incompleto e tendo terminado seu ultimo verso em 1854 o que piora sua situação já que Soares de Passos publicou em 1852 suas poesias.

«Aqui estão minha irmã e meu cunhado, que nas férias de 1853 me ouviram na minha casa em Fermelã recitar o Firmamento, e as primeiras quadras do Noivado».

É assombrosa a inconsciência! Em Março de 1852 publicou Soares de Passos, no número 4 d'O Bardo, pág. 50, o Noivado do Sepulcro, de que Lourenço se dá como autor, compondo em 1853 as primeiras quadras.

Num dos seus artigos de Reclamação das Poesias, con­fessa que só no fim do ano de 1854 achou a verdadeira forma do Firmamento completando a concepção: «Expli­carei primeiro a ideia original do Firmamento. Do con­traste da natureza, que supomos eterna, imensa, sempre jovem, sempre bela, com o homem, o mais nobre dos seres, mas efémero, que decai e não se remoça, e por fim se extingue, formara-se-me no intimo da alma uma dolorosa impressão, que nunca me largava. Eis aí o gérmen da poesia. Como se vê, estava ela pedindo para o seu começo um rápido esboço do universo – o sublime espectáculo da noite, em que se mostra o espaço cheio de sóis e de mundos, as suas multidões, as suas distâncias prodigiosas, e de envolta o mistério das origens e dos des­tinos que encerra o insondável abismo, ofereciam-me o assunto das primeiras estrofes.

Estava pois no meu plano fazer sentir a grande mágoa do homem, pela sua breve decadência em face dos seres que a não conhecem, em face da eterna juventude da natureza. Mas o supor-se um como resumo da imensi­dade, segundo uma teoria que não consegui tornar aces­sível a Soares de Passos, o atingir pela razão o infinito, o sentir a beleza das coisas, o eternizar-se pelas gerações sucessivas, vinham consolá-lo e minorar-lhe aquela mágoa aqui rematava o Firmamento, na sua primeira con­cepção. Por: TEÓFILO BRAGA livro Poesias de Soares de Passos em notas bibliográficas.

Lola Lua
Enviado por Lola Lua em 12/08/2013
Código do texto: T4431384
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