Sorte ou Destino?
Minha historia não é nem tão bonita como um conto de fadas, nem mesmo triste como final de um grande filme do diretor Frank Darabont. E sim de coragem e superação.
Em algum grande momento de nossa vida, precisamos parar para refletir se algo está ou não ocorrendo de forma correta, para que não venha a prejudicar em um futuro não tão distante de nossos ideais.
Hoje olho para trás e vejo o quão sozinho eu fui e me encontro, apesar de eu ter achado que tinha muitos amigos de verdade, hoje vejo que foram apenas colegas.
Tive falsas promessas que teria um bom emprego, uma vida relativamente estável após formação em nível superior. Por muitos anos, mesmo após concluído meu curso e pós graduado, trabalhei arduamente para conquistar minhas coisas já que nunca tive nada de mãos beijadas. Fui zombado, pessoas riam de minha cara por estar trabalhando em algo relativamente distante daquilo que eu havia por mérito conquistado.
Foi então que se iniciou um verdadeiro período de desgraça em minha vida, trabalhava de segunda a segunda como chapeiro de lanchonete todas as noites, só eu sei o que eu pensava na hora em que estava alí, e era rotina afogar meus problemas ou tentar esquecer por outros meios. Logo após terminar o trabalho recebia a diária de vinte e cinco reais e ia a uma loja de conveniência dessas 24 horas e estourava todo o dinheiro com cervejas e voltava pra casa sem dinheiro, foi então que começaram a surgir alterações em minha saúde. Tais como aumento de pressão arterial, estresse, taquicardia e até mesmo isolamento social. Cansado dessa rotina e meus pais preocupados com a vida que eu levava um dia tentei suicídio, mas que por sorte não consegui este feito. Comecei então com ajuda do meu pai a realizar exames para detectar a causa destes eventuais sintomas, meu medo era absurdo em abrir cada exame. Foi então que a cardiologista na época falou que meu problema era psicológico e fez encaminhamento para o profissional especializado. Chegando ao psiquiatra relatei meu problema e quis mostrar os exames feitos, sem mais ele me passou alguns comprimidos o qual me tornei dependente deles até os dias atuais de forma moderada e me encaminhou para terapia em grupo. Fiquei assustado com aquilo mas percebí que era necessário, pois não suportava mais conviver com aquele sentimento interno.
A cada semana ouvia os casos de outros participantes das terapias e ví que não me identificava com nenhum deles, foi então que um dia relatei um sonho e o psiquiatra falou que meu problema estava dentro da minha casa que eu deveria sair. Aquilo foi tomando conta do meu pensamento e de certa forma aquilo era verdade, na época conversando com um colega, ele estava com planos de encontrar uma pessoa que ele conheceu através da internet e haviam um relacionamento a distância, ele tava com planos de vir conhecer e eu de tentar uma nova vida, juntei o pouco de grana que havia sobrado do último emprego frustado onde havia trabalhado como profissional Fonoaudiólogo, comprei minha passagem somente de vinda. Passado duas semanas eu avisei meus pais do que eu tinha feito e planejado, avisei alguns amigos e colegas próximos também. Incrivelmente todos me olhavam de forma torta e ninguém, absolutamente ninguém acreditaria que eu teria sorte ou algo parecido. Para o colega que veio as coisas não foram como esperado e o mesmo teve que retornar.
Com o pouco dinheiro que tinha aluguei um apartamento com contrato de um ano, sendo que se nada tive-se dado certo eu não teria nem mesmo dinheiro pra voltar pra minha cidade. Olhei vagas no jornal, eu estava disposto a trabalhar em qualquer área, até mesmo chapeiro de lanchonete pois já estava cansado de ser humilhado em minha cidade, por várias vezes colegas de outras profissões riam de mim. Em onze dias meu telefone toca, uma vaga em minha área de formação eu aceitei e hoje sou grato pela oportunidade a mim concedida.
Não foram dias fáceis. No início, cheguei a ficar somente com o dinheiro da passagem de ônibus para ir trabalhar, chegando a me alimentar de bolacha, pão e água da torneira. Mas não queria que meus pais soubessem. Quase desisti dessa loucura no dia que saí de minha cidade, 8 de setembro de 2012 ao ver que meu pai nem olhava em meu rosto e os olhos dele lacrimejando. Aquilo me doeu, e mantínhamos contato todos os dias por telefone. O tempo foi passando e em cinco meses eu os trouxe para conhecer meu lugar, e o que havia conquistado. Fui recebê-los bem vestido, de blazer tudo dentro dos conformes e mostrei pra eles o quanto eu estava bem nessa cidade.
As primeiras palavras da minha mãe ao entrar no meu apartamento foram: Se eu fosse você, não voltaria para Manaus! Meu pai a cada dia que passou aqui parecia não acreditar nas mudanças que haviam ocorrido em minha vida, meus colegas até hoje me chamam de louco por tudo que fiz e confirmam não terem acreditado em meu potencial, que acredito que seja algum tipo ou especie de preconceito com minha pessoa.
Hoje, faltando apenas dois meses para completar um ano nesta cidade, e daqui a cinco meses verei meus pais novamente afirmo que estou contente com a vida.
Moral da história é: Se algo não estiver dando certo mude, mesmo que sofra, busque novos caminhos, enxergue novos horizontes, dê o melhor de sí e conquiste seus objetivos. Pois você mais do que ninguém lutou por algo e um dia com certeza terá o seu lugar ao sol, por fim, aplausos e respeito daqueles que em ti desacreditaram.
Paulo Henrique Oliveira, Brasília 30 Julho de 2013.