Empreguetes e Patroetes

Patroetes e empreguetes

A discussão aqui não está voltada, ao fato do empregado domestico receba o salário mínimo vale transporte, FGTS, tudo bem, não podemos discordar, até porque existe uma boa quantidade de empregadas domesticas que merecem e já fazem jus deste beneficio há muito tempo, pois, aqueles que têm condições, podem vir a pagar um valor muito maior, algumas são bastante caprichosas, amigas e fiéis aos seus patrões, respeitando-os, e, portanto merecendo serem respeitadas.

Empregado- aquele/a, que exerce emprego em função. Funcionário, aquele que trabalha numa residência como cozinheiro, copeiro, criado domestico..

No entanto nós como empregadores em nossa maioria sofremos muito com os problemas desta classe que não são poucos e elas sofrem também muitas vezes dando apoio lado a lado as suas patroas que nem sempre se consideram como tal. Porem ha aquelas que se dizem empregadas que deveria valorizar-se.

Nós como empregadores, estudamos, fazemos ou fizemos faculdades, e mesmo aqueles que fizeram o segundo grau lutam para ter um salário melhorzinho, no interesse de dar umas melhores condições a seus filhos, e muitas vezes aos filhos da sua ajudante do lar como podemos dizer, como não temos condições de pagar uma quantia que lhes fazem juz, estas não são tratadas, como empregadas mas como ajudantes pois seus patrões as ajudam nas tarefas domesticas,ou lhes dão o sábado e o domingo de folga, dias que eles os patrões estão o dia inteiro em casa, em sua maioria estes patrões são de uma classe media baixa, que precisam de uma pessoa em casa que os ajude e por sua vez ajuda-la naquilo que for preciso.

O que estou falando aqui é a realidade de um professor, que ensina em colégios públicos e particulares, funcionários públicos, técnicos de enfermagens, e outros de profissões assalariadas, que como esta, tem horário para entrar no trabalho, mas para sair muitas vezes dependem do transporte, pois não tem carro, se o tem, dependem do transito. Se eu como exemplo, saio do meu emprego às 18hs da tarde, mesmo de carro, como posso chegar a casa às 17hs para liberar minha empregada?

Antes de falar nesta lei vamos lembrar que estas pessoas muito mal recebem um salário mínimo e meio, e são descontados em seus contracheques uma percentagem de vale transporte e raramente tem direito a vale refeição. Aqueles que recebem um salário um pouco maior, vamos dizer mais de dois salários mínimos não tem direito a percentual de vale transporte, quanto mais vale refeição. Trabalhava na Prefeitura na hora do almoço me virava para almoçar, se o dinheiro estava pouco comia uma fruta ou fazia uma merenda, minha ajudante comia melhor que eu, pois eu deixava o almoço pronto para ela, minhas filhas e se tinha filho, comia da mesma refeição. Tive mais de três empregadas com filhos.

Na realidade pagava o salário que elas pediam, pagava o décimo terceiro, dava o transporte de ir e vir, tomavam o café da manhã mesmo se não dormissem, almoçava com as crianças que iam para a escola no outro turno, enfim, tinham uma tarde inteira para enrolar.

Vou contar aqui alguns casos de empregadas ou ajudantes do lar ( porque eu não pagava na época salário mínimo, mais dava o décimo terceiro, o transporte, a folga no sábado e domingo, porque gostava de ficar a vontade em casa com meu marido. Vou denomina-las por numero. E vou perguntar o seguinte:

De que maneira vamos controlar os horários de entrada e saída destas pessoas? E a hora do almoço, quem está em casa para anotar estas coisas? E como vai ficar os filhos desta pessoa se a empregada vai sair antes da patroa chegar? Como deve ser este contrato? Não é um protesto, mais uma questão a ser analisada por todos, pensaram nas empregadas, e o que podem fazer os patrões?

A pessoa empregadora que sai do trabalho ás cinco ou as seis mesmo que tenha carro que horas vai chegar a casa, para liberar a empregada? A patroa quando passa uma hora esperando sua colega para lhe render, no caso de técnico de enfermagem recebe horas extra? Como controlar isto? A patroa tem que sair correndo no trânsito arriscar a vida dela e dos outros porque não pode pagar tais horas? E quem não tem carro?

Deixo para perceberem a situação das patroas quando empregam determinadas pessoas, que dizem precisar trabalhar, ou seja, certa qualidade de empregadas vai lá.

Empreguete nº 1- Sou professora, e estava precisando muito de uma pessoa para no horário que eu saísse para trabalhar tomar conta da minha filha, tudo bem, fazia tudo direitinho, não podia me queixar de nada, o almoço até hoje faço, e quem arruma minhas coisas sou eu mesma, por isto chamo de ajudante, não empregada com aquelas listas enorme do que fazer. Ela simplesmente lavava os pratos sujos, ou seja, o meu e o dela, a panela que por acaso esvaziou, manter o fogão limpo que muitas vezes se eu tinha tempo fazia rapidinho as coisas que faltavam e pedia para ela olhar somente a menina durante o tempo que estivesse na escola, neste caso era das sete horas às doze horas, o almoço teria feito a noite, e a mamadeira deixava pronta, era uma mão de obra. Passado dois meses com esta pessoa comigo, saiu à foto desta pessoa no Jornal, que ela costumava dar suadouro. Não sei o que é isto, até hoje não entendo. Tive de despedi-la e recomeçar a tarefa em busca de outra. Ela saiu me dizendo que jamais faria isto comigo, pois eu deixava tudo sem chaves, era porque confiava nela, estava confiando mesmo, paguei a ela, e dei um dinheiro a mais que ela me pediu para voltar para o interior. Foi presa.

Nº 02- Esta era uma moça mulata muito simpática, e cuidava muito bem das meninas, nesta época era duas filhas, a casa não era muito grande e fácil de ser arrumada, ensinava a ela os cinco S, uma forma de arrumar a casa durante a semana sem se cansar, dividindo os afazeres. Aprendi com ela o penteado afro, a forma como arrumava minhas filhas que ficava bastante interessante, ela era noiva e eu ensinava a ela a cozinhar, fazer doces, e alguns bordadinhos, para as toalhas de banho, coisa assim. Quatro meses ótimos, porem meus copos sumiam, quando ia procurar não achava, uns copos bonitos que havia recebido de presente no meu casamento, e as taças os pratos? Sumindo um a um. Algumas peças do meu enxoval, a desculpa na certa foi para a lavadeira etc. porem nunca mandava estas roupas para a lavadeira eu mesma as lavava. As compras, ia fazer o arroz não tinha, acabaram como? Ontem fiz arroz e deixei a vasilha na metade, não entendo etc. etc. Conversando com a vizinha, a mesma me disse: “todos os dias vem a mãe dela ai na sua porta e a moça dar um copo cheio de qualquer coisa, e noto que os pratos de comida e os copos não voltam, não lhe falei nada porque fiquei com receio”. Fiquei calada, e inventei em arrumar as peças onde ficavam guardadas minhas coisas, tudo faltando e os copos não tinha mais nenhum. Como era sábado ela havia me pedido para ir fazer os cabelos, quando voltou eram cinco horas, dizendo que estava com muita dor de cabeça, pois havia terminado de fazer o cabelo e foi lavar os pratos da pessoa que fez os cabelos dela. Resultado, ela foi para casa e a mãe veio me cobrar para levar a moça ao medico porque ela estava empregada comigo, etc. etc. paguei o medico, comprei os remédios e despedi. Perdi as peças do meu enxoval, e minhas taças, copos e aparelho de jantar.

Nº03- Esta era jovem, e acreditava uma garota boazinha, legal, pois cuidava quase bem das crianças, eu deixava a casa arrumada e o almoço pronto pela manhã enquanto ela fazia outras coisas, as meninas estavam com mais idade, uns cinco ou seis anos, estavam na escola, e a tarde ela arrumava os quartos das meninas, banheiro e lavava as roupinhas delas, passava a ferro, os sábados e domingos era liberada. No entanto isto não era todos os dias, pois ensinava a elas os cinco S, para ficar mais fácil. Até certo ponto durante uns dois meses pareciam tudo está bem, depois comecei a perceber uns olhares estranhos dela para o meu marido, eu olhava para ela e ele me olhava e embalançava a cabeça sorrindo, eu franzia a testa como uma exclamação e arregalava os olhos para ele. Ele viajava quinze dias e folgava quinze, eu trabalhava somente um turno. Não estava levando nada a serio, até que um dia eu estava na cozinha e por acaso deu vontade de ir até a sala, chegando La, a encontrei penteando os cabelos das meninas, e o éclair do short curtíssimo aberto, não sei dizer se estava de calcinha, a peguei pelo braço delicadamente e mandei que fosse se arrumar pois íamos sair, depois peguei as roupas dela todas e coloquei na sacola e peguei um taxi e entreguei-a a avó, e conversei o que estava se passando, não era questão de ciúmes mas de respeito dentro de minha casa. Ela, a menina, virou-se para mim e disse: “seu marido vem me buscar de volta e vai lhe botar para fora”, disse tudo bem, e voltei para casa e não falei nada com ele. Paguei a ela e sinceramente não sei por que ela havia acreditado numa coisa dessas.

Nº04- As garotas com seis para sete anos, e uma de três anos, esta era jovem também, loiríssima, a rotina era a mesma das outras, as roupas maiores pagava a lavadeira e as menores lavava em casa, como exemplo, as calcinhas das meninas, sendo que as minhas roupas e do meu marido quem lavava era eu mesma, pois nem ele, nem eu gostávamos de dar nossas roupas para elas lavarem. As roupas das meninas que elas lavavam era apenas as de casa, as roupas de sair quem lavava era eu. Também cuidava bem das meninas, mas certo dia cheguei mais cedo do trabalho, e como havia esquecido da chave da porta, fiquei sem poder entrar no apartamento, fui forçada a ficar sentada no degrau da escada esperando-a, e a vizinha veio conversar comigo, contou-me que a mesma arrumava as meninas e colocava-as num taxi e saia com o namorado e chegava uns minutos antes da minha chegada. Como a vizinha falou que ela saltava no largo fui para pegar, ver com meus próprios olhos, chegando em casa a despedi.

Nº 05-Esta era uma menina muito simpática, eu não gostava de determinado detergentes, como, KBOA , evitava usa-la, e geralmente álcool e detergentes colocava em lugares altos, que até eu mesma para pegar tinha que usar a escadinha. Pois esta moça como não tinha kboa ela saiu e comprou na venda em um copo e colocou encima do fogão, eu estava trabalhando, quando cheguei em casa a encontrei empurrando o dedo na goela de minha filha, tentando forçar o vomito, até hoje não sei porque senti uma dor de barriga no trabalho, e como trabalhava perto de casa nesta época sai correndo e fui em casa, agradeço a Deus até hoje a dor de barriga, sei que tomei a menina de três anos dela e procurei saber o que foi, quando ela falou que a garota bebeu um copo de kboa pensando que era água, sai como uma louca para dar socorro a minha filha, foram quinze dias de sofrimento para mim e a própria empregada, preocupada com minha filha não sabia o que pensar ou o que fazer com ela, pois ela chorava tanto como eu, se sentia culpada porque eu não gostava de usar este alvejante nas roupas e colocava em lugares altos, todos os detergentes , álcool,etc., ainda mais em copos. Quando minha filha veio para casa ela arranjou outra pessoa e saiu, abraçou muito minha filha pediu perdão, e disse-me se minha filha morresse ela mesma se entregaria a policia.

Nº 05 - Esta era uma senhora, de mais de quarenta anos, porque havia me chateado por causa dos problemas com as meninas de dezoito anos a trinta, entendi de empregar uma pessoa com mais idade. Esta não ficou uma semana, aconteceu que meu marido havia comprado alguns quilos de carne de boi, fui tratar a carne para dividi-la em partes e usa-la durante a semana. A pessoa acredite, começou a reclamar, pois eu com tanta carne, não tínhamos coragem de dar para as pessoas, ela falava irritada, alto, expliquei que eu e meu marido recebíamos salário mensal e por isso fazíamos compras para o mês, e que aquela carne, frango e peixes eram obrigados há durarem um mês, pois não teríamos dinheiro para repor. O restante do dinheiro era para pagar a ela, o apartamento, o condomínio, e outras dividas. Procurei minhas filhas, não vi, havia saído, pedi a mesma para ir busca-las, pois precisavam tomar banho, e que eu não gostava delas sozinha na área, precisava de alguém parra olha-las, e continuei tratando as carnes. Acreditem, a mulher saiu xingando minhas filhas com palavrões e nomes horríveis, que decidi eu mesma sair para chama-las, cai na área, feri meu rosto, bati com minha cabeça no chão, minhas filhas quando mim viram caída vieram me levantar. Quando entrei em casa, a primeira coisa que fiz foi pagar-lhe as contas e mandei embora.

Nº 06- Esta foi inesquecível, uma jovem do interior, eu estava operada, meu marido trabalhava de 15 em 15 dias, e não sei até hoje o que deu nela, me disse que havia gostado muito do meu marido, que ele era bonito, perguntei a ela se ela achava mesmo, pois eu o via uma pessoa simpática, mas esta beleza toda não, a forma como ela se expressou. Até ai tudo bem, passaram-se mais ou menos um mês e meio, eu ainda estava de licença do trabalho e minha menina com três meses pedi a ela para olhar a garota no berço, pois eu estava fazendo o café, ela de repente me falou de uma maneira estranha, quando Fidelis chegar vou falar com ele que não pode ficar duas mulheres na mesma casa, vou pedi a ele para alugar um quarto para mim, e eu venho cuidar de você todos os dias. Franzi a testa, a palavra cuidar de mim, pois quem estava fazendo o café era eu, eu quem cozinhava, ela apenas lavava os pratos, dava uma arrumação na casa, as roupas das crianças que estavam maiorzinha era a lavadeira quem lavava. Como esta pessoa estava cuidando de mim?

Ficou ai, não falei nada, conversei com a vizinha que me disse: você tem sorte e começou a ri, e eu também, pois a moça não tinha nada que pudesse atrair, até mesmo em cuidados consigo não se arrumava direito, não era bonita, mas uma pessoa comum. A vizinha aconselhou-me despedi-la, mas eu disse que ia esperar até meu marido chegar, faltavam ainda doze dias para ele chegar, e a vizinha retrucava, despeça logo. A outra semana era de S. João, e arrumei a casa toda esperando ele chegar, não é assim que no dia de S. João meu marido bebeu muito com os vizinhos e boiou bebo no sofá, e ficamos eu e a vizinha que não bebíamos conversando, disse, olhando e mostrando ele a vizinha, este agora só amanhã, a empregada não estava nos vendo e sentou-se ao lado do meu marido puxou a perna dele colocou encima da dela, pegou o braço colocou-o no pescoço dela, a vizinha queria subir comigo para coloca-la para fora, eu disse: quero ver até onde ela vai, é louca?

A vizinha disse para mim, você é paciente, mas eu queria ver o que meu marido tinha haver, pois ela não saia, quando ele chegava de viagem saia com os amigos e ela estava em casa comigo, ele dirigia conversa para ela muito pouco, eu pensei: ela quer provocar ciúmes em mim, mas vou continuar só observando-a, ver se estou errada em relação ao comportamento do meu marido, pelo menos em casa. Quando ele se levantava de noite e eu percebia, fingia que estava dormindo e me levantava aos poucos e saia devagar, estava sentado em frente a televisão e eu sentava junto dele, ficávamos conversando o dia a dia. Depois ia ao quarto dela o quarto estava trancado a chaves. Tudo bem. Passou-se esta semana ele viajou e novamente perto dele chegar ela repetiu a mesma coisa, sendo que desta vez, no dia que ele chegou ela fez a mesma coisa que eu fiz comigo e as meninas, fui ao salão como sempre, me arrumei vesti roupa nova, fez o mesmo com as meninas para esperar ele. Quando a vi toda arrumada perguntei: hum... O que deu para esta arrumação toda? “Estou esperando meu namorado”.

Eu disse: é? Ela falou: você conhece.

É?

Quando ele chegar hoje, vou pedi a vizinha para tomar conta de minha filha, e nós três vamos conversar. Hoje nós três vamos acertar e ver como vai ficar. Combinado?

Fui fazer um pouco de café, naquele tempo não tinha cafeteira, era no saquinho mesmo, a menina chorou, pedi para ela e pegar a menina, ela me olhou de cima para baixo e disse vá você, larguei o café e fui ver a menina, vim para a cozinha, e quando fui para tirar o saco do café com a garota nos braços, ela na malcriação se esperneou e os pés bateu no bule e queimou o pesinho. Não pensei duas vezes, levei a menina no hospital, pois a queimadura não foi nada boa, e disse que me esperasse, pois minha conversa com ela e meu marido ainda estava de pé.

Quando cheguei encontrei minhas filhas na casa da vizinha, isto não posso me queixar, as chaves também, e ela foi embora. Quando a noite meu marido voltou perguntou pela empregada, eu disse ela foi embora, ele me perguntou por que eu a despedi lhe disse que havia conversado com ela que ia resolver o problema dela quando ele chegasse. Ele perguntou, que problema? Disse-lhe, você alugar um quarto para ela porque não havia condições de ficarem duas mulheres na mesma casa... Etc. ela é maluca? Então contei para ele às coisas que estava acontecendo, e ele disse que eu que fui doida em continuar com esta menina em casa, ela parecia não ser normal. Até que a minha menina de oito anos e a outra de seis me disse: “mainha ela falou que ia lhe matar de raiva, porque você estava operada, e depois que ela ia ficar com agente e painho”.

Perguntei a elas porque não me falaram, elas disseram que a empregada disse que falou por brincadeira. Estou brincando com vocês, mas vou ser a mamãe de vocês quando sua mãe morrer. Mais ou menos isso. Passado dias, meu marido pegou uma roupa para vesti no guarda roupa me mostrou um bilhete que dizia o seguinte, vou escrever resumido.

“o senhor disse que sua mulher era muito boa, que a pessoa que não conseguia viver com ela que era ruim, mas ela não presta é muito ruim, por isso que não vou continuar vou embora”.

7- Esta era uma pessoa de mais ou menos trinta anos, cuidadosa, parecia amiga, as meninas a menor com seis anos, dava o dinheiro a ela para comprar frutas e verduras, pois me pedia e foi valido, estava comigo há quase um ano, quando passei a notar que o dinheiro que guardava para pagar o apartamento, comprar o gás, e outras despesas sempre estava faltando alguma coisa, eu guardava o dinheiro no quarto de portas fechadas, as meninas não sabiam, e colocava embaixo das roupas em lugar alto, meu marido viajava e não podia ter conhecimento disto, pois não tinha como vir em casa eu aqui em Salvador e ele em outro estado. Conversei com a empregada sobre o sumiço dos valores que era sempre de vinte cruzados a mais na época. Ela me respondeu que poderia ser as meninas, fiquei calada, pois não tinha como, as meninas pegarem tal valor, perguntei para que as meninas pegaria trinta ou vinte cruzado, ela falou que podia ser para comprar bala.

Quando chegou o final do mês não tirei o dinheiro do Banco, entrei no quarto como sempre e fechei a porta, no outro dia pela manhã havia avisado no trabalho que iria chegar mais tarde, pois minha vizinha me avisou que a irmã da empregada chegava sempre depois que eu saia,me arrumei para sair e ela levou as garotas para a escola, escondi-me atrás da porta, a empregada não sabia, entrou alegremente em casa, ouvi tudo, pois pensou que eu havia acreditado na conversa dela, as duas rindo muito. Foi alegremente em direção ao guarda roupa, começou a mexer em tudo nervosa, dizendo não tem dinheiro nenhum...

Sai detrás da porta e disse: “desta vez deixei no banco”. Confiava em você, se precisava de dinheiro porque não falou? A resposta foi que o irmão estava preso, etc. etc. Falei-lhe que minha prima era advogada e morava bem pertinho de mim, mas agora de nada ia adiantar, pois não confiava, mas na sua pessoa, despedi.

8- tive uma que parecia um anjo no começo, mas sempre, vinha nos visitar um irmão e juntamente com ele um amigo, e certa vez um dos moradores de outro prédio havia me avisado indiretamente que havia dois rapazes de costumes incertos andando pelos arredores do conjunto, quando eles chegaram à noite eu falei com eles que a vizinhança estava comentando... Etc. e tal, sobre certos rapazes. Eles me disseram que jamais fariam mal a mim e minhas filhas, porque eu os tratava bem. Disse a eles que eu havia avisado as pessoas que quando eu saia com as meninas no fim de semana não esperava visitas e que eles podiam chamar a policia, caso visse gente na porta de meu apartamento quando não estava em casa. Deixaram de ir. Mas aconteceu que um dia vi a irmã passar a mão no pescoço de minha filha e pegou a corrente e levou para um deles, fingi que não vi, retirei a caixa de joias que eram poucas e modestas do guarda roupa e levei para casa de minha mãe, a despedi sem dizer o motivo e levei as meninas para casa de minha mãe e as joias. Quando cheguei à segunda feira meu apartamento estava todo revirado, mudei a fechadura e coloquei pega ladrão.

Se continuar, daria um livro, mas posso lembrar-me daquela que colocava minha roupa em um saco e colocava na porta junto com o saco de lixo, depois que eu falava muito, trazia de volta a roupa lavada e passada dizendo que encontrou em tal lugar... Sempre impossível, e uma que levou minhas roupas toda e deixou-me apenas com a roupa que havia chegado do trabalho.

A que colocava minha filha de três anos sentada encima da geladeira dizendo que era castigo.

Nós que somos mães e precisamos realmente de alguém para nos ajudar, estamos sujeitas a isto tudo, e outras coisas mais, que não dá para contar, estou falando aqui de 43 anos de casamento e de experiências de anos, estas pessoas e outras que não consta ai me marcaram, mas também me ensinaram muito em relação à vida, foram lições algumas vezes fortes cujos ensinamentos faz com que consigamos defesas e sabedoria.

Tive também comigo muitas pessoas boas, como empregadas não seriam tão boas assim, mas como amigas companheiras foram ótimas. Perfeição é difícil encontrar, mas podemos considera-las nossas auxiliares, nosso quebra galho, apesar quando elas iam para casa eu teria que fazer o que elas não fizeram e não fazem, como: tirar a poeira dos moveis, conservar as coisas no lugar certo, mudar as coisas do lugar e dizer que não sei... Etc.

Tive uma empregada que eu acredito que foi um anjo atrapalhão e bondoso que entrou na minha vida, estava muito doente com cinco filhas, esta posso dizer o nome Gracinha, estava operada sozinha em casa com as meninas, ela uma garota adolescente filha de minha lavadeira, deveria ter uns dezesseis anos mais ou menos. Olhou-me e me disse: “como pode a senhora sozinha neste estado, vou a casa volto já”. Quando voltou foi com as roupas dela e ficou comigo, cuidou de mim como se fosse uma pessoa dela. Porque atrapalhão? Não sabia fazer nada direito, tinha que ficar perto a orientando, parecia uma maluquinha, mas me levava para o medico, cuidava das meninas, era uma criança cuidando de outras, todos os dias agradeço a ela o quanto foi minha companheira e amiga, meu anjo bom, tinha defeitos porem não dava para reprova-la.

Não coloco, mas empregadas há muito tempo, quando preciso de ajuda recorro as diaristas, as quais necessitam também de supervisão, pois muitas vezes deixam as coisas que dizem arrumadas a desejar, mas temos mais é de ir tolerando e arrumar tempo para ficar ao lado para pelo menos sentir o ar mais puro.

Hoje em 2013, se eu fosse colocar uma empregada realmente, nos meus setenta anos pediria uma folha corrida da policia, atestado medico, no mínimo segundo grau ou curso especifico ao que estivesse precisando. E se fizesse algo que tivesse certeza do que vi, mandaria embora por justa causa, pois elas me ensinaram em sua maioria que não são de confiança e que precisam de uma Escola de Formação para Empregadas Domesticas, onde no currículo esteja incluso a educação moral, social e psicológica, alem do segundo grau completo.