Contos Reais.
32º Conto Real
Reencontrando o amor
Em 1989 eu me lembro que um dia estava sentada na calçadinha da porta de casa. O mesmo lugar onde havia sentado várias vezes nos tempos de outrora, quando ainda era jovem. A calçada havia sido restaurada, também havia um portãozinho de madeira e, pra dar continuidade havia uma cerca de arame separando o quintal da rua. Uma noite estava muito angustiada, não sei mais o que acontecera. Então me sentei na calçada ,que era colada a parede do quarto onde dormia com meus filhos. Nessa noite, mais ou menos umas 21:30h as crianças estavam dormindo . Aproveitei e sentei nesta calçadinha... sozinha como sempre. Havia um barzinho na esquina, e o mesmo existe até hoje. De onde estava pude ouvir músicas que tocavam no bar. Eram do Raul Seixas, sempre gostei das músicas dele. Então começou “ Metamorfose Ambulante “. Eu me sentia muito triste e desiludida. Ao ouvir a canção eu comecei a chorar. Um choro baixo, contido, pois tinha vergonha que minha mãe descobrisse. E entre lágrimas de solidão e tristeza eu orei a Deus. Pedi a Ele que me ajudasse, que me enviasse uma pessoa que me amasse verdadeiramente. Ao passar o choro e as lindas canções ,vagarosamente fui para minha cama. Deitei ali junto com meus filhos e adormeci. Passados uns dias minha irmã mais nova esteve em casa. A noite eu saí com ela e um amigo que estava com ela. Paramos numa danceteria e sentamos. Logo apareceu um rapaz de olhos azuis que eu havia namorado quando era jovem...e nunca mais o tinha visto . Depois de dez anos eu o reencontrei. Ele sentou-se a nossa mesa. Então a minha irmã foi dançar. Nós ficamos ali conversando até mais tarde . Naquele momento o meu destino estava traçado. Poucos dias depois nós já tínhamos reatado o namoro e estamos juntos até o dia de hoje. Ele é o meu esposo. Pouco Tempo depois que nos encontramos , resolvemos nos casar...e assim foi feito. Esse homem me ajudou a terminar de educar os meus filhos em todos os sentidos. Foi uma vida maravilhosa que vivemos juntos e até hoje o amor continua entre nós.É certo que passamos por muitas dificuldades mas conseguimos superar. Antes de nos casarmos minha mãe foi para Belo-Horizonte morar com outros irmãos que estavam lá precisando dela. Sei que em 1995 falecia a minha mãe com problemas de chagas. Eu fui ao velório e foi muito triste vê-la ali, deitadinha, parecendo um passarinho sem vida. Passado mais uns dois dias voltei pra casa, pois tinha de continuar a minha vida.Mas as recordações nunca me deixaram. Quanta falta fez a minha mãe...Naquela altura eu estava órfã de pai e mãe.Eu ainda não escrevi aqui nos meus contos mas o meu irmão Cleilton eu o perdi em 1986, um ano antes da separação com o ex- marido. É uma lembrança que me dói muito.Ele também faleceu em Belo-Horizonte, na mesma casa que minha mãe, inclusive sepultados no mesmo lugar . Depois de 1995 continuei no meu trabalho. Tinha os meus filhos, que já estavam crescendo , estudando e sendo amados por mim. A minha vida era trabalhar para que nada faltasse a eles, como realmente não faltou. Esse é o final de mais esse conto da minha vida. Beijos a todos.
Autora: Margareth Rafael