31º Conto Real- Enfrentando a Vida....Resolvendo situações

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31º Conto Real.
 
Enfrentando a vida...
Resolvendo situações.
 
No mês de Outubro de 1987  me encontrei de volta a casa da minha mãe, em Itambacuri. Nos primeiros dias  foi difícil , eu estava me recuperando e me sentia  bem vulnerável a tristezas.  Mas assim mesmo fui atrás de um advogado.No dia que fiquei frente a frente com meu advogado, contei tudo que me acontecia desde o casamento até o dia da separação. Falei que não abriria mão dos meus filhos por nada, expliquei que era professora e logo procuraria uma vaga na prefeitura municipal.  Ele entendeu toda a minha ansiedade me  pediu que eu acalmasse. Tudo iria se resolver conforme a lei. Enquanto isso eu ficava sabendo que  as minhas ex- cunhadas falavam que eu ia perder os filhos, a casa, que eu tinha abandonado os filhos. Ficava um pouco preocupada. Mas  o meu advogado me inspirava confiança e eu tinha muita fé em Deus. Começaram as entrevistas dele com o advogado e as  minhas também. Numa dessas entrevistas, ele apareceu e falou na frente do advogado que eu ia deixar os  meus filhos morrer de fome, que meu diploma ele lavava  debaixo da torneira, coisas vís   e duras pra se ouvir.  Eu pedi a Deus paciência e a tudo enfrentei.  Lutei  na justiça com unhas e dentes,  sei que no final a juíza deu o veredicto: eu ficava com os filhos, com a casa, com a pensão dada por ele aos filhos, com tudo que havia dentro de casa . Eu só podia agradecer  por tudo. Então no dia  27 de novembro de 1987 comecei a lecionar   na zona rural. Foi um começo de carreira muito bom. Quem estava no governo do município foi um  médico, um senhor já de idade, muito  honesto e bondoso, de nome  Nagib Ali Ganem. No ano seguinte , em 1988, fui pra outra escola  também rural. Sempre eu gostei  do campo, da natureza. Era tudo muito bom. Minha mãe olhava os meus filhos, eu  vinha umas duas vezes na semana  e  todo final de semana dar assistência pra  meus filhos. No final saiu a minha separação judicial e eu estava consciente que tinha de trabalhar para  ajudar a manter os meus filhos. A minha casa eu alugava sempre, recebia a pensão todo mês,  recebia o meu salário de professora, naquela época ganhava menos de meio salário, mas as coisas eram bem mais fáceis e mais baratas. Com a ajuda  da minha mãe fui enfrentando a vida como ela é.  Na verdade não foi muito fácil . Quanto mais os  filhos cresciam mais dificuldades vinham. Em 1989 continuei o meu trabalho de professora, e no final do ano resolvi prestar vestibular para pedagogia. Estudava até tarde da noite  . Quando saiu o resultado havia passado num dos  primeiros lugares. Foi uma experiência maravilhosa. Já em 1993 estava me formando. Foi mais uma   batalha que ganhei, mais uma  conquista na minha vida. Mas durante esse tempo ainda sofria perseguições, calúnias do pai dos meninos. Mas eu  era forte. Meu espírito estava determinado a vencer e eu sabia que o Senhor estava comigo. Nada foi fácil, tudo foi difícil. Por exemplo, quando ele  me enviou  as minhas coisas.Percebi logo que estavam faltando algumas  coisas como a única televisão que tínhamos, até algumas roupas minhas faltaram, me disseram que uma das irmãs dele havia apanhado, também colchas  , toalhas de mesa, uma espingarda que ele havia dado para o meu filho e não foi entregue, sofá etc...Eu não me importei...fiz de conta  que nem percebi.Continuei na minha luta,  só trabalho e estudo e meus filhos. Houve uma vez que fui  trabalhar como fotógrafa,  eu ajudava um senhor a tirar fotos para monóculos. Viajei para  Franciscópolis, num caminhão de leite junto com o  senhor  Deodato, o fotógrafo da época. Ficamos três noites lá na cidadezinha, era festa da padroeira. A primeira noite fiquei num hotelzinho , pois o caminhão chegara tarde e não deu para irmos pra casa de uma senhora  de nome Flora. Era onde sempre o meu  amigo fotógrafo ficava. Os outros dois dias  ficamos lá. O senhor Deodato muito me ajudou . Agradeço de coração àquela alma boa.Também a Dona Flora , senhora muito boa, que me recebeu como filha.No dia que voltamos, o carro que peguei carona, acho que foi um jipe, me deixou bem no centro de Itambacuri, já era bem tarde da noite. Peguei a minha bolsa, agradeci o motorista e vim embora sozinha , numa solidão danada. A rua onde moro é bem comprida e eu vinha  num passo rápido com muito medo de alguém me perseguir. Ao chegar de frente a casa da minha mãe, a chamei  e ela abriu a porta pra mim. No outro dia contei para os meus filhos como foi a minha viagem, e mostrei as lembrancinhas que havia trago pra elas. Meus filhos ficaram muito satisfeitos com os presentes.Isso tudo foi antes de me formar. Em 1993 recebia o meu diploma. Já tinha algum tempo de serviço, fiz o concurso para  professora e passei no quarto lugar. Fui  transferida para a cidade  , o que muito me ajudou.Bom aí está um resumo de como fui enfrentando as barreiras e como fui me saindo. Para esse conto Real não ficar muito longo, paro por aqui . Breve  será o próximo conto.
 
Autora: Margareth Rafael
essa é a única foto que possuo da minha colação de grau.Foi realizada a cerimônia no antigo prédio do Cine palácio,em Teófilo-Otoni onde eu gostava muito de assistir  filmes  quando tinha oportunidade.

margarethrafael
Enviado por margarethrafael em 04/06/2013
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