29º Conto Real
Minha vida em Teófilo- Otoni
Essa temporada que passei em Teófilo- Otoni não foi muito grande. Mas foi o suficiente para enxergar o quanto uma jovem sem maldade pode se enganar e concluir um matrimônio que traz seqüelas durante toda uma vida. Morei primeiro numa casa, que era tipo um porão, mas era bem feitinho e até que eu gostei de lá. Não tenho boas lembranças da vida com ele. Sempre as mesmas brigas, as viagens ,intrigas.
Os meus filhos começavam a crescer. Às vezes eu fazia algum passeio sozinha com meus filhos, outras ia à igreja ou mesmo à casa dos parentes dele que moravam perto. De vez em quando vinha a casa da minha mãe , era muito bom chegar, rever toda a casa, o quintal, também ver que minha mãe ainda lutava para sobrevivência pessoal e para ajudar os outros filhos, meus irmãos menores. Tinha mais uma irmã mais nova que eu e quatro irmãos. Houve uma época que todos já moravam em Belo- Horizonte. Então após uns meses mudei para a casa que o pai dos meus filhos consertara, era a casa da minha sogra, a mãe dele , onde a mesma havia morado muito tempo e fornecia almoço e quartos de dormida para viajantes. Até que ficou bonita a casa. Foi quando eu disse a ele que queria fazer vestibular. Foi um ameaça terrível, uma ignorância tremenda. Até falar na época que mulher que queria fazer faculdade era pra aprender trair o marido eu ouvi dele.Muito fiquei magoada e deixei os estudos parados.Até então eu consegui uns dois trabalhos em empresas, mas depois eu era dispensada do mesmo. Ao que eu ficava sabendo que ele ia no emprego, procurava o dono da empresa e falava que eu não precisava trabalhar...pedia que me demitisse.Então fiquei sem poder trabalhar e nem estudar , e ainda ameaçada dentro da minha própria casa, os vizinhos todos vieram a ver como era a nossa vida e meus filhos percebiam , mesmo na inocência o que acontecia. Apenas uma vez, em 1986 eu consegui lecionar na escola próxima a minha casa, no mesmo bairro que eu morava. Mas foram apenas uns três meses, e era como se o sonho de trabalhar tivesse acabado.Havia uma senhora que me ajudava nos trabalhos de casa e me aconselhava a separar e procurar escola pra eu lecionar, pois ela sabia que eu era uma boa professora. Mas no ano seguinte eu comecei a ter hemorragias muito fortes. Com a ida a um ginecologista descobri que estava com muitos miomas e tinha duas opções: Ou eu era submetida de seis em seis meses para retirar os pequeninos miomas ou retirava o meu útero de vez. Com a ajuda da minha irmã Síglia e seu esposo eu resolvi fazer uma única cirurgia.Mas antes disso ele estava desempregado, foi a Governador Valadares procurar emprego em uma empresa de ônibus, onde pelo fato de sua habilitação de motorista ser boa ele foi convidado a trabalhar na mesma. Só que antes iria uma psicóloga na nossa casa para conhecer a vida dele como chefe de família, esposo, marido pai e companheiro. Mais que depressa com medo que eu contasse a verdade ele pediu a uma das suas irmãs que eu tinha mais amizade que me pedisse para eu não falar nada do que acontecia dentro de casa, que eu falasse só coisas boas e positivas a respeito dele e de nossa vida.Eu disse a ela que não s e preocupasse ...que eu não falaria nada. E ela me dizia que era por amor a meus filhos...como de fato o que fiz, não falando toda a verdade foi por amor a meus filhos.Já estava se aproximando o dia da cirurgia , da retirada do útero, quando a psicóloga chegou a minha casa. Pedi que entrasse e conversamos, Ela me fez inúmeras perguntas sobre tudo o que ele era comigo, com os filhos, vizinhos...eu pensei no pão de cada dia dos meus filhos e falei tudo de bom a respeito dele, mas na realidade era tudo o contrário. Quando a entrevista acabou e ela foi embora me derramei em lágrimas. Chorei muito . Pouco tempo depois ele já estava trabalhando e nesta mesma empresa se aposentou. Passados uns dias deste episódio minha mãe veio ficar comigo para me acompanhar na cirurgia. Já operada, no segundo dia ele esteve lá a me visitar na maior cara de pau, e ao sair ,pois ia viajar, ainda deu-me um beijo no rosto. Pensei em Jesus Cristo quando foi beijado por Judas Iscariotes. Ele ainda estava viajando quando retornei para minha casa. Fiquei em um quarto separado para recuperar-me da cirurgia; o corte foi grande, muitos pontos. A minha mãe levava os alimentos na cama para mim. Ela mesma comprava alguma coisa mais forte pra eu me alimentar e os medicamentos , pois nem isso ele importou de deixar pra mim. O meu olhar se tornara vazio, frio e sem vida. Ainda vivia pela força que sentia vinda dos meus filhos. Eram o meu alento e a isso me agarrei todo o tempo que estive com ele. No próximo conto relatarei como foi a minha separação com esta pessoa que tanto mal me fez. Abraços.
Autora : Margareth Rafael
Essas fotos eu tenho dos meus dois filhos mais velhos. Olhem aí o Juninho abrindo o bocão, brincadeira,e a minha primeira filha aí ao lado dele nas cadeirinhas. Foram tiradas essas fotos aqui em Itambacuri , na piscina onde eles foram passear com a turminha de escola num dia das crianças...depois da separação.