Adaptação do meu 1º Conto Real da minha vida-



Livro- De conto em conto se  conta uma vida.
 

1º conto real- Um  tempo na fazenda
 
 
Estive a recordar da minha infância. Várias são as lembranças que surgem na minha mente.Queria realmente poder escrever  inúmeras recordações, principalmente as que mais me chamam a atenção nos dias de hoje. Mas  hoje vou  dissertar um pouco sobre a minha vida, uma imagem que realmente ficou gravada e que não me esqueci,talvez nunca chegarei a esquecer.Tenho certeza absoluta que mais contos reais da minha vida virão   parar nessas páginas. Falarei sobre os meus avós maternos. Meu avô se chamava Clemente Moreira. Minha avó Filomena Moreira. Não tenho registro de onde eles nasceram. Mas meu avô parecia descendente de alemão. Minha avó  acho que era brasileira mesmo. Mas vamos à história. Já deveria ter os meus quatro a cinco anos de idade quando vivi  esse fato. Minha avó já era falecida. Lembro bem que só  vivíamos naquela fazenda meus pais,  três irmãs mais velhas, eu ,os trabalhadores rurais. Minha mãe esperava o quinto filho, natural daquela cidade de Itinga-mg, e que hoje  já é falecido, que é o meu amado irmão Cleilton  Janes Moreira Rafael. Olhem que engraçado!!! As mulheres tiveram o sobrenome assim: Rafael Moreira e os filhos, homens, Moreira Rafael. Bela imaginação dos meus pais. Mas isso não vem ao caso.Mesmo com tenra idade vejo perfeitamente a bela paisagem que  ornamentava a fazenda do meu avô clemente. Casa grande, de pintura branca, portas e janelas pintadas de azul escuro, uma maravilha de casa, rodeada de várias e enormes árvores, verdes e frondosas, grossas raízes  saíam do solo fértil, densas matas contornavam os arredores da fazenda. Ao som do canto de inúmeras espécies de passarinhos, que até hoje existe naquela região, pois voltei lá várias vezes e averigüei isso de perto,acordávamos cedinho com aquela lira de sons de cantos passarinheiros, o doce aroma das flores que exalava do jardim, o cheiro de terra orvalhada,o cheiro do café preto que vinha da cozinha grande, esta era  bem no fundo da casa, bem o último cômodo, onde tinha uma enorme porta que saía para o terreiro da cozinha.O que mais me impressionava também era  o cheiro gostoso que vinha do curral, cheiro de leite fresco tirado das vacas naquele momento, as ordens que vinham do meu avô aos empregados da fazenda. Tipo assim:
-Ô Raimundo vem rachar essa lenha aqui para o almoço. Ou assim:
-Daniel, acode aqui rapaz, a turquesa está parindo seu bezerrinho, vem cá ajudar depressa.
Ordens como essas e outras eram ouvidas dentro da casa.
Eu vivia quase sempre sozinha, pelos cantos da casa , com minhas bonecas de pano, que  nossa ama  Inhá   Maria fazia, entrelaçava as bonecas uma na outra, e assim já amanhecia o dia enroscada nelas. Certa  vez minha mãe me disse que  ela quase morreu do meu parto, que havia sofrido muito , coisas assim, e que faltou pouco para que minha mãe não agüentasse me dar a luz. Quando ela me relatou isso já era adulta, lógico, e sofri muito, calada , em meus pensamentos. Ela contou-me também que um dia antes tinha trabalhado muito ,ela era muito trabalhadeira,mesmo tendo um pai com posses, como era o meu avô,ela tinha  feito  quitandas e mais quitandas, lavado roupa na beira do rio, e na noite desse dia, o do meu nascimento, começou a sentir as dores do parto ...coitada da minha mãe. Hoje ela descansa perto de Deus. E meu pai também. Mas voltando a descrição  da fazenda, existia também esse rio que acabei de falar sobre ele,era o Rio Água Fria,onde  todos os dias, saíamos percorrendo o estreito caminhozinho  chegávamos até a margem dele. Esse  rio é o famoso Rio Água Fria, que passa por aquelas redondezas.então o nosso banho nos dias quentes era lá. Um rio com largas margens, onde se viam lavadeiras da redondeza lavando, enxaguando e torcendo as roupas, com bacias de alumínio  na areia molhada, esperando a roupa lavada e torcida  enchê-la. Eu na minha inocência olhava tudo e achava tudo lindo. Engraçado era que as águas eram fortes mesmo, acho que inventava até nadar, mas  claro , minhas irmãs mais velhas não me soltavam um minuto. Só sei que era lindo olhar as águas do rio serpenteando, serpenteando, fazia curvas e mais  curvas, se enchia de folhas caindo das árvores, principalmente folhas dos pés de  ingá e flores amarelas e roxas dos enormes pés de ipês, que enfeitavam o contorno do nosso rio.Sei que os banhos no rio ficaram gravados para sempre na minha memória. Incrível como é memória de criança. Mas  neste meu conto real quero ressaltar  o gosto que eu tinha , o que quero ressaltar era a minha alegria de ir para  aquela cozinha enorme, principalmente nos dias que fazia frio.  O que me chamava a atenção naquele  cômodo da casa grande era o enorme fogão a lenha que ia de uma parede a outra. Era  limpo quase que diariamente com aquele cal (tabatinga) que até hoje as pessoas  usam nos campos, sítios, para clarearem o fogão.E não era só eu que gostava de subir nele e ficar olhando o crepitar da lenha , aquele colorido vermelho-alaranjado, as chamas que ora subiam, ora desciam , eram faíscam que faziam até um ruído crepitante, gostoso, e ali estava quase toda a família reunida. Bom era ver Inhá  Maria e as comadres se ajuntarem e fazerem gostosos jantares, o cheiro da frango caipira invadindo casa adentro, cheiro dos doces de vários  tipos, o aroma  delicioso que sentia dos temperos sendo colocados nos panelões,  queijos cozidos, requeijões, leite sendo fervido para  fazer doces, canjicão...enfim  era tudo maravilhoso e gostoso. Lembranças como essas poucas pessoas tem o privilégio de guardar na memória e eu fui uma dessas pessoas  privilegiadas. Graças a Deus sempre foi fácil  memorizar tudo que eu via, que eu lia e por isso acabei me dedicando a leitura e escrita. Bom , essa é uma das minhas muitas lembranças. Breve estarei de novo escrevendo mais um conto real sobre a minha vida. Desde já agradeço a todos que leram uma das minhas doces recordações. Algumas não serão tão belas como estas. Mais uma vez obrigada a todos. Beijos no coração de cada um.
 
Autora: Margareth Rafael
 
 
Adaptação do  1º capítulo de Contos Reais da minha vida.( Novas Lembranças )
 
Ainda muito pequena ,a  minha família mudou-se para Itambacuri-mg. Éramos: Meu pai,minha mãe,três irmãs mais velhas e um irmão abaixo de mim. Saímos de uma fazenda  muito bonita e produtiva, da qual guardo lindas lembranças. A fazenda foi presente  do meu avô materno. Tinha um nome muito significativo. Chamava-se “ Fábrica “ , nome dedicado a uma enorme fábrica de tecidos , conforme meus pais falavam. Esta fábrica de tecidos era uma enorme casa construída  pelos escravos da época. Tinha várias  e enormes janelas, as portas também do mesmo estilo, muito grandes. Lembro-me que o piso  desta fábrica era todo  em gigantescos pedaços de madeira pura, cortados em tamanhos retangulares, o que significa  que foram tirados de várias árvores, todas  muito grandes. Fico imaginando quantas árvores foram derrubadas para tanto piso.Quanta riqueza de matas deveria ter aquela região! Este período, creio que foi vivenciado por meus avós, pois não restava mais nada além da grande e velha  Fábrica de Tecidos. A casa em que morávamos  era típica daquela época; salas, quartos,longos corredores, e cozinha  muito grandes. Um lindo quintal ao fundo e , na frente  da casa havia um enorme curral , onde ficavam o gado  do meu pai. Havia várias  espécies de animais, aves domésticas e na frente da casa  enormes pedras , umas sobre as outras,  formava uma calçada  muito comprida e bem alta.
Falando em cozinha, não posso deixar de falar um pouco sobre ela. Havia um grande fogão a lenha que ia de um canto a outro da parede. Pela manhã gostávamos  de
ficar em cima dele,onde recebíamos o calorzinho  do fogo que  saía da trempe, onde ficava  as panelas enormes. Também havia  um enorme forno de assar biscoitos, bolos; uma desnatadeira, que era usada para  desnatar o leite, separando o soro  do leite ,e a gordura do mesmo  para fazer manteiga. Minha mãe fazia também queijos, requeijão, geléia de mocotó e outras comidas deliciosas. De um lado da cozinha ,havia seis talhas onde eram  cheias de água  para o uso diário das pessoas que ali moravam. Minha mãe contava com uma  mulher negra, costume muito usado naquela época, pros afazeres da casa. Usava matar porcos, vacas, cozinhar a carne  e depositar numa grande  lata cheia de gordura para o consumo  da família . E o mais interessante  é que nada deteriorava. Era o costume dos povos que não conheciam geladeira. Tudo era armazenado  num quarto que se chamava despensa.
Me lembro bem  de um rio que cortava a fazenda , a pouca distância da casa, onde ali as mulheres , inclusive minha mãe, lavava  roupas, vasilhas e a criançada tomava banho . Era o famoso rio de nome  “ Rio Água  Fria “.
Havia um grande lajedo , com buracos em forma de bacias onde as mulheres  colocavam ali, as roupas, para serem esfregadas. Era  tudo encantador. Na fazenda havia também uma tenda, local onde era ralada a mandioca, para produção de  farinha , goma e beijus. ( tipo bolacha assada de farinha de mandioca )conforme  a tradição daquela época.
A  fazenda  era comarca de Itinga, cidade  onde a criançada  das fazendas próximas dali, em toda a redondeza, iam em grupos para a escola onde estudavam. Eu ainda não ia, mas as minhas irmãs mais velhas sim.  Era uma alegria só, elas pegavam a estrada  a pé, até chegarem a cidade de  Itinga , onde  ficava a escola. Me lembro também , que um grande rio  cortava  a cidade de Itinga,onde as pessoas eram transportadas  de uma margem para outra usando  enorme canoas  que atravessavam o  rio . Era muito legal,ver a natureza daquele jeito, tão natural.  Este rio é o famoso rio Jequitinhonha, onde sempre passo por ele na cidade de Itaobim indo Para Medina , na casa dos meus tios , irmãos do meu saudoso pai.Vivi pois, parte da minha infância , nesta fazenda, naquele lindo recanto , do qual guardo  lindas recordações.
 
 
Esta é uma adaptação ao conto “ Um tempo na fazenda” que foi o meu primeiro conto real.  Já escrevi 27 contos reais após esse. Espero terminá-los e transformá-los em um livro de Contos reais onde relato a minha infância , desde as mais tenras recordações,  a minha adolescência, juventude, minha vida adulta até nos dias de hoje ...se assim me for permitido por Deus.Espero  terminar  brevemente mais este meu trabalho literário . Muito obrigada a todos vocês.
 
Autora : Margareth Rafael.

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margarethrafael
Enviado por margarethrafael em 18/05/2013
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