Quem foi Stélio Machado Loureiro
No dia 4/05/2005, numa cerimônia na Câmara Municipal de Jacareí, cidade onde moro, aconteceu a diplomação de dez escritores.
Fui uma das convidadas por nossa presidente Maria Nilce Lencione Senne, embora, confesse, seja apenas amadora. No entanto após um tempo freqüentando reuniões, fomos oficialmente recebidos como membros da academia, eu e outros nove colegas.
Deixo aqui a apresentação de meu patrono, que nesta oportunidade divulguei, como nos foi solicitado antecipadamente.
Não vejam como manifestação de vaidade, até porque, como já mencionei sou uma simples aspirante a amadora... riso
O motivo que me faz divulgar é (e talvez nem seja tão nobre) o orgulho de quem teve a felicidade de ter sua indicação para patrono aprovada pela diretoria, pois a admiração e o afeto que motivaram a escolha são de ordem pessoal.
Com isso foi possível torná-lo imortal, uma vez que o grande homenageado em uma academia é, sem dúvida, o patrono.
E o que torna alguém digno de ser escolhido como patrono é o exemplo de vida que oferece à comunidade, tanto através de seus feitos literários, como em sua conduta como cidadão, uma vez que a literatura é a expressão mais requintada do que trazemos em nosso interior.
Espero que compreendam, ao término da leitura, minha decisão.
Priscila
Academia Jacarehyense de Letras
Priscila de Loureiro Coelho
Cátedra nº. 31
Patrono
Professor e Jornalista
Stélio Machado Loureiro
Nasceu em Rincão, cidadezinha do interior de São Paulo, aos 12 de Outubro de 1919, tendo sido criado em Bebedouro, onde sua família era radicada.
Quando jovem, completou seus estudos em Campinas, retornando a Bebedouro onde passou a lecionar História e Português.
Desde a época de estudante escrevia em jornais e folhetos da escola, vindo a profissionalizar-se mais tarde, escrevendo para jornais da cidade e região.
Também foi desde cedo que seu interesse pela política se manifestou, levando-o a estar envolvido em atividades que buscavam melhoria na qualidade de vida.
Tornou-se um municipalista fervoroso, já na década de cinqüenta, por acreditar no fortalecimento do município como força catalisadora que propicia uma dinâmica social ágil e eficiente. Considerado arrojado em suas idéias, para a época em que viveu não media esforços ao defender suas convicções.
Logo passou a ser reconhecido como um professor comprometido na formação de seus alunos e no funcionamento da própria escola como organização constitutiva de pessoas.
Era um poeta quando escrevia cartas e crônicas; ousado quando em seus artigos expunha com autenticidade fatos e análises dos mesmos, sem temer anunciar a verdade; era um idealista quando em seus discursos, levantava a bandeira da municipalização, inflamado pelo ideal dos que compreendem com clareza o direito e a justiça como alicerce da cidadania e ordem social.
Em 1948 casou-se com Dora Macedo, professora de Educação Física, formada pela USP. Mudou-se então para São Paulo, deixando a atividade de professor e dedicando-se inteiramente ao jornalismo, integrando a equipe dos Diários Associados.
Foi o responsável pela fundação da Associação Paulista dos Municípios, o que oportunizou um contato mais estreito entre ele e diversas cidades do interior de São Paulo. Seu emblema era um chapéu de palha, símbolo da naturalidade e harmonia entre o Homem e a civilização. A partir daí conciliou o jornalismo e atividades ligadas à política, vindo a tornar-se bastante conhecido pela capacidade de articulação que cada vez mais desenvolvia, ganhando aliados em suas propostas e adeptos em seu trabalho.
Seu interesse pelas relações humanas o levou a escrever um livro: História da história do Brasil, que infelizmente não pode completar.
Muito cedo teve sua vida interrompida. Tragado pelas águas do rio Paraná, quando se dirigia para assistir a uma missa campal, em ação de graça, no local onde mais tarde seria instalada a Usina de Urubupungá. O barco em que atravessava virou, levando-o de nosso convívio aos 36 anos.
Deixou seis filhos, sendo que o último único homem nasceu um mês após sua morte. Assim, Dora levou sozinha a cabo o projeto que juntos fizeram em relação à família. E de alguma forma, cada qual no espaço de atuação que conquistou, deu prosseguimento aos ideais de viver dentro de uma consciência social que se baseia em respeito, direito e responsabilidade.
Por estes e outros motivos, o escolhi para patrono. Uma vez que este título representa a perpetuação das obras literárias e atividades do homenageado; para que se tornem legados às gerações futuras, como exemplo de conduta e referência de valores.
A poesia, a beleza, a arte de se expressar, devem ser concretizadas no requinte das relações humanas, dentro do cotidiano, para que tornemos viva a própria literatura.
Assim foi Stélio Machado Loureiro, que em 19 de dezembro de 1955, partiu e por um capricho do destino, seu corpo jamais foi encontrado. Li entre os artigos que saíram por ocasião de sua morte, o comentário de um amigo dele que dizia o seguinte:
“Os grandes espíritos não combinam com a frieza de uma laje”
Para encerrar, desejo declarar que me sinto emocionada ao homenagear este grande homem, pois tenho a felicidade de ser uma de suas filhas.