GaryFloyd - um quarto de existência - parte II

Em seu conto Tempos Modernos, a problemática do otimismo de Chaplin é discutida por Gary Floyd:

http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/4127896

Trecho:

A mensagem final, apesar de bastante sedutora, e que a meu ver, é algo dificílimo de realizar, principalmente nos dias atuais, deixa explícito que só podemos encontrar felicidade ao fazer aquilo que gostamos e que fazemos bem. Mesmo diante da miséria, Carlitos mantém um ar auspicioso, de alguém que não desiste e jamais deixa de sorrir, mesmo nas piores situações. O otimismo do personagem pode ser visto como algo positivo por alguém que “sonha alto”. Contudo, penso que o pessimismo também é o alicerce das grandes realizações, pois como dizia o escritor George Bernard Shaw: “O otimista inventa aviões, o pessimista o paraquedas”. Chaplin “inventou aviões”. E Tempos Modernos encontrará alguns “paraquedas”. Em suma, gostei do filme por encontrar nele uma crítica carregada de ironias e que ainda hoje fazem grande sentido.

http://www.youtube.com/watch?v=RwLo8be-Yoc

Canções imemoráveis são as que apaziguam a nossa mais confusa entranha, apropriando-se do espaço do desejo mais recôndito do ser: aquelas que ficam impregnadas de nosso perfume poético de nossa sede de sonhar, de tudo o quanto estamos dominados por tremendas vozes alvoroçadas.

O que se passa dentro da gente quando tudo está harmoniosamente estrelado, apaziguado, apropriado a viver plenamente, de forma fatalmente prazerosa e calma?

É a certeza de que para isso basta estar aberto às coisas que são doces, simples, autênticas, aprazíveis, ou seja, ter certeza de que, por mais que compliquemos, só com pequenos gestos conseguiremos ser felizes de verdade: os grandes cabem aos que desejam coisas além da necessidade de conseguir ter apenas vigor e gostar de estar sempre em sintonia dos maravilhosos sentimentos.

"Alguém que define como inefável a sonoridade do rock progressivo."

Ou seja, que não pode ser nomeado, designado ou descrito devido a sua complexidade natural, intensidade ou beleza; indescritível.

É sim, de uma beleza indescritível esse rock progressivo que GaryFloyd abraça ...

Vejamos:

http://www.youtube.com/watch?v=hkTmPN50u80

E o cover de Time:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/54148

E uma reflexão sobre o estilo tão explorado por esse músico:

Uma breve reflexão sobre o rock progressivo

Rock, jazz, blues e música erudita agregados no estilo que ultrapassou barreiras musicais

O rock possui várias vertentes, e uma das que mais se destacaram certamente foi o rock progressivo, que surgiu na Inglaterra no final da década de 60. Quando se fala em rock progressivo, muitas pessoas imediatamente lembram-se de Pink Floyd. Mas a história do “prog” (como chamam os fãs do estilo) não se resume apenas às composições do quarteto floydiano. Primeiramente, antes do surgimento da música progressiva, imperava o clássico rock and roll, da batida “quadrada”, dos poucos acordes, dos solos de poucas notas. No entanto, uma dessas bandas viria a misturar elementos de música clássica ao rock: os Beatles, no álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band.

A banda de Liverpool erigiu à psicodelia em sua música, e influenciou outros grupos. Mesmo as bandas que não eram necessariamente progressivas buscaram uma sonoridade que se assemelhasse aos ritmos “quebrados”, à psicodelia, às notas de longa duração e às constantes mudanças de tempo. Exemplo é o Led Zeppelin, que comumente é considerado um grupo de hard rock, mas que também se aventurou nas experimentações musicais da época e compôs canções progressivo-psicodélicas como: Kashmir, No Quarter, Dazed and Confused, All My Love.

Uma das características desse tipo de música era seu público. Quando surgiu, grande parte dos ouvintes de rock progressivo era de classe média ou pessoas com inclinações para as artes e para a filosofia. A banda mais emblemática do estilo é a Pink Floyd. Claro que, por ser a que mais se destaca, não foi a que levou às características do prog ao extremo. Obviamente que, antes da saída de Syd Barret e a entrada de David Gilmour, os Pink Floyd eram mais experimentais e mais psicodélicos do que progressivos propriamente ditos. Gilmour, porém, elevou o som floydiano à categoria de grupo progressivo-psicodélico, cujo extremo veio com o Waters, com a produção de The Wall, disco classificado como “ópera-rock”. A ópera-rock, geralmente calcada em álbuns conceituais (aqueles que “narram” uma história através das letras das músicas), também foi magistralmente utilizada pelo The Who nos álbuns Quadrophenia e Tommy, sendo este último um clássico absoluto da banda.

Os extremos do prog insurgiram com o grupo Yes após a entrada do guitarrista Steve Howe no lugar de Peter Banks. Uma das características marcantes do Yes, também uma característica do prog em geral, são as longas canções que ultrapassam em até vinte minutos de duração. Para se ter uma ideia de como o Yes compôs músicas longas, o grupo produziu um álbum duplo (o fantástico Tales From Topographic Oceans) com apenas quatro músicas. O prog também foi levado ao levado ao extremo com o lendário trio Emerson, Lake & Palmer. Greg Lake, antes de se juntar ao tecladista Keith Emerson e ao baterista Carl Palmer, fazia parte do King Crimson, banda que lançou um dos melhores álbuns da história do rock progressivo (ou melhor, um dos melhores álbuns da música): In The Court of the Crimson King.

Os fãs mais saudosistas costumam recomendar os álbuns do Genesis da fase Peter Gabriel. Também vale a pena ouvir os álbuns da banda holandesa Focus e do trio canadense Rush (uma banda formada por Alex Lifeson, Geddy Lee e Neil Peart dispensa qualquer comentário, não acham?). Há também alguns grupos de rock progressivo desconhecidos no meio musical, mas que são muito bons: Camel, Marillion, Eloy, os álbuns solos de Rick Wright (falecido tecladista do Pink Floyd) e Steve Hackett (ex-Genesis), Soft Machine, Jethro Tull, The Nice (primeira banda do tecladista Keith Emerson). O Brasil também foi palco de grandes grupos progs, e que, sem nenhum exagero, nada deviam ao prog inglês em termos de qualidade, sonoridade, criatividade. Quem ainda não conhece essas pérolas do prog brasileiro, terá uma boa surpresa ao ouvir o som de Vímana, Som Nosso de Cada Dia, Som Imaginário, Terreno Baldio, Bacamarte, A Bolha, Recordando o Vale das Maçãs.

GaryFloyd

Enviado por GaryFloyd em 10/02/2013

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http://www.youtubees.com/watch?v=UJLFmoesOBs

Beatles, no album Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band.

O que fazer com tanta energia de viver quando já não cabe no recinto escolhido? Transbordará e com certeza outras pessoas se encherão de cor, de vigor, de maravilhosos sentimentos que espoucarão em suas infinitas formas reveladoras de desejos mil.

Fico pensando: o que a gente escreve é dirigido a quem, já que somos iguais em essência, quando sentimos que tudo está num todo envolto em roupas repetidas, em coisas unas em suas construções tão universais que o nosso mundo é o de todos?

Que ninguém passa por uma vivência sozinho, mas estará sempre agregado ao único mundo existente da vida: o do espetacular espanto.

Assim, preparando espaços de estar confortável em mares revoltos e atraentes, partes de mim se soltaram, deixaram a solidez enclausurante, ficando prontas para serem levadas mundo afora, espetacularmente escancaradas, a abrigarem coisas belas e leves que me embalaram em caprichosos ninhos de surpresas mutantes.

"Aliás, não gosto de fazer perguntas, só quando não tem jeito. É que as pessoas ou falam o que querem ou não adianta que falem. O que a gente tem dentro da gente eu sinto que é como frutas... se saem no ponto certo, estão maduras, gostosas... se saem antes disso, estão verdes, são ácidas, fazem mal... se passam do tempo, apodrecem, ninguém quer. Só o que me falam querendo e na hora certa é que eu dou valor, e só assim que eu acredito nelas." Pag.: 342. (Coiote- Roberto Freire)

E Gary musicou esse tema:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/51161

frutas maduras

"Alguém que já escreveu centenas de páginas, entre contos e romances inacabados, mas que nunca aprendeu a escrever."

http://www.recantodasletras.com.br/biografias/4127281

Syd Barrett nos portões do amanhecer

Ele foi o primeiro poeta prog, ele foi o flautista nos portões do amanhecer

Além das características instrumentais que futuramente comporiam o rock progressivo, The Piper at the Gates of Dawn, o debut do Pink Floyd, incorporou a poesia de Syd Barrett. Ah, Barrett! Um louco poeta. O excêntrico rapaz de cabelos esvoaçados de Cambridge cujo olhar era preocupantemente distante. Um gênio que, assim como Neil Young e Bob Dylan, inseriu poesia ao rock — e a poesia se tornaria uma das características mais presentes no prog rock. “E os contos de fadas me seguraram acima das nuvens da luz do sol flutuando”, cantava Barret em Matilda Mother, música na qual se mostra ávido pelo mundo fantasioso: “Oh, mãe, conte-me mais, conte-mais.”

The Piper at the Gates of Dawn, aliás, foi intitulado com base no livro O Vento nos Salgueiros, escrito em 1908 por Kenneth Grahame. Em tradução literal, The Piper at the Gates of Dawn significa “o flautista nos portões do amanhecer”, e esse é o título do capítulo sete de O Vento nos Salgueiros, no qual há a aparição de Pã, deus da mitologia grega que possuía chifres, orelhas e pernas de bode e que tocava flauta.

A fantasia de Barrett se estendeu ainda na letra de The Gnome:

I want to tell you a story

About a little man

If I can

A gnome named Grimble Crumble

And little gnomes stay in their homes

Eating, sleeping, drinking their wine

A extravagante mente de Barret abrigava o gnomo Grimble Crumble — “ele vestia uma túnica escarlate, um capuz azul esverdeado” — ao passo que convulsões tomavam o corpo do compositor. Eram sintomas de sua deterioração. Sua mente imaginativa, ao mesmo tempo em que era a força criativa do Pink Floyd, era também o abismo no qual a banda caiu depois do lançamento de Piper at the Gates of Dawn.

Barrett abusava das drogas, especialmente do LSD, e se afastava cada vez mais dos seus colegas de palco. Apesar das tentativas de mantê-lo no grupo, Barrett sucumbiu à sua própria genialidade; não foi possível resgatá-lo daquelas longas viagens lisérgicas. Sua saída significava a perda da essência do grupo, e eles estavam cientes disso; até o nome “Pink Floyd” foi sugestão dele, uma junção de dois bluesman que ele tanto admirava: Pink Anderson e Floyd Council. Naquele ano, porém, ele ainda continuaria no Pink Floyd. Permaneceu por pouco tempo, mas tempo o suficiente para cravar sua poesia e influência e fazê-las marcas indeléveis no mundo da música.

GaryFloyd

Enviado por GaryFloyd em 06/02/2013

Reeditado em 08/02/2013

Código do texto: T4127281

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E GaryFloyd homenageou esse homem importantíssimo na formação do grupo que o inspira:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/49716

Pink Floyd :"uma junção de dois bluesman que Syd Barrett tanto admirava: Pink Anderson e Floyd Council. "

Isso não é uma maravilha?

Um blues é como uma estrada percorrida por notinhas tão encantadoras que a gente vai atrás delas, para ver se podemos chorar junto as coisas que consegue colocar nas vertentes mais sensíveis de nosso escutar.

Ele chega de mansinho, para que tudo esteja caminhando por trilhas que escoem nos rios caudalosos da realização sonhadora, de planos criados, para que se faça assim: como uma árvore frondosa a dar sombra a quem caminhou tanto sob o sol...

Ouçam:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/53050

A árida estrada por onde passa um bluesman

De vez em quando todos nos deparamos com a sensação de ter "caído da vida", ou seja, ela tem a sua percentagem de escuridão, encerrando - nos no "silêncio de nós mesmos". Esse estado de angústia nos torna mais sábios e Syd Barrett deve ter se perdido nesta solidão psíquica absoluta.

Assim como Rimbaud, que escreveu toda sua obra antes de fazer vinte anos. Depois de apaixonar-se por Paul Verlaine, passou a ler livros de ocultismo e a tomar porres imensos de absinto e a mastigar haxixe, para chegar a um estado tal que lhes proporcionasse um salto consciente para a divindade, acreditando que podia se fundir com Deus. Ele incluiu a escrita em seu delírio, deixando-se levar à deterioração rapidamente. Abandonou a poesia atribuindo a ela o fato de que poderia o levar à loucura.

"Alquimia do Verbo

Para mim. A história de uma de minhas loucuras.

De há muito, eu me vangloriava de possuir todas as paisagens

possíveis, e achava irrisórias as celebridades da pintura e da poesia modernas.

Extasiava-me diante de pinturas idiotas; portais, decorações. telas de saltimbancos, desenhos, estampas populares; literatura fora de moda, latim de igreja, livros eróticos sem ortografia, romances de nossos avós, contos de fadas, livros infantis, velhas óperas, ditados tolos, ritmos ingênuos.

Sonhava cruzadas, viagens de descobertas, das quais não existem noticias, repúblicas sem história, guerras de religião sufocadas, revolução de costumes, deslocamento de raças e continentes: acreditava em tudo quanto era encantamento.

Inventei a cor das vogais! - A negro, E branco, I vermelho, O azul,U verde. - Regulei a forma e o movimento de cada consoante, e me vangloriei de inventar, com ritmos instintivos, um verbo poético acessível, algum dia, a todos os sentidos. Eu me reservava a sua tradução.

De início foi apenas um estudo. Escrevia os silêncios, as noites;

anotava o inexprimível. Fixava as vertigens."

..................

Arthur Rimbaud

Ouçam:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/53584

olhos ardentes

Albatroz

Que a manada se ajoelhe

Pois já pisotearam o joelho do albatroz

Na neve que me escurece

Sob o alento da doce vigília

Das colméias amargas

Não insisto mais no aroma da vida

Fecho a porta para os sentidos

Jogo as chaves no fosso

Consternadas constelações

Brilhem sem minha presença

Na mais densa estupidez

Estou imerso no lamaçal

Ó manada

Não vais me pisotear

Pois o albatroz aprendeu a voar

Para o infinito

GaryFloyd

Enviado por GaryFloyd em 15/09/2012

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O infinito é aonde buscamos tudo o que nos deixa mais encantado, mais leve, mais perto daquilo que se clama em gritos sufocados e nunca ouvidos.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4120699

"Sem música, a vida seria um erro", diz-nos Nietzsche.

GaryFloyd sabia disso...

"Um texto, quando bem escrito como o seu, incita-nos ao movimento, tira-nos do lugar." - diz o comentário no Recanto das Letras, feito por um entendedor de música

... e eu acrescento: das músicas de GaryFloyd.

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/51158

bela infância

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/50717

perfeição

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/51179

a canção do sol

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/50000

cry, guitar, cry

E se trancava no quarto o dia todo até aprender a Eruption (Eddie Van Halen, seu louco!)...

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/49283

Eruption ( Eddie Van Halen Cover)

Possibilidades aparentemente nos encaminham para frente de novos sonhos, mas o retorno a estados anteriores do viver, muitas vezes, substitui toda a gana de novos caminhos. É assim com a discografia de GaryFloyd.

Ela preenche todos os vazios anteriores, aqueles que precisamos para completar a história inconsciente e que estão à espera de alinhavos de sons mutantes e agregadores.

afroditevil e GaryFloyd
Enviado por afroditevil em 30/04/2013
Reeditado em 14/05/2013
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