MEMÓRIAS DE UM CONDENADO

Quando a professora Terezinha deu nos a aula sobre locuções adjetivas, citou alguns exemplos:

De sonho- onírico. De fogo -ígneo. De alma -anímico.

-De aluno do conde é condenado! -cochichou-me o Delcir, da cadeira ao lado.

Na hora achei cômico, hoje percebo que ele tinha razão. Sou um condenado a carregar as deliciosas memórias dos "estudos" durante minha adolescência, no I.E.E. Conde José Vicente de Azevedo.

São fatos corriqueiros, de grande importância para mim. Talvez desinteressante para quem não o viveu. De qualquer maneira, para meu deleite, resolvi publicá-los com o título baseado na definição do colega e superamigo (até hoje) Delcir Rodrigues.

Memórias de um Condenado (I)

1º e 2° série D. I.E.E. Conde José Vicente de Azevedo -1967/68.

D. Terezinha -Professora de Português.

Como a amei!

Um amor diferente do que eu sentia pela Liliane.*

Diferente do amor que eu sentia pelos inseparáveis amigos Delcir e Wagner.

Diferente, é lógico, do amor único que eu sinto pela minha mãe, mesmo hoje sem o seu convívio.

Era um amor assim... digamos...um amor que só se sente pela professora de Português. Só quem o viveu sabe como é.

Quando ela pediu-nos que passássemos para a voz passiva a frase

"O professor me ama", não titubeei, rápido escrevi "eu sou amado pela Professora."

Não esperava; ela pediu-me que lesse em voz alta e, sem perceber, li com a frase conforme a escrevera; no feminino.

A classe explodiu em risos, afinal eu, por opção, era um dos bobos da corte, aquela turminha do fundão que vive fazendo gracinhas para se destacar.

Ela deu uma rizadinha, considerei-a como de consentimento: Eu sabia! Ela me amava com o exclusivo amor que uma professora de Português

sente por seu aluno rebelde que sempre se deu bem na matéria.

*De soneto a Liliane.