Antonio José da Cunha era o nome de batismo do Senhor Nino natural de Pompéu – MG e nos idos dos anos 50 chega a Bonfinópolis de Minas – MG na companhia de outros vários conterrâneos que passaram a serem conhecidos de “Os Pompeanos”. Senhor Nino era um homem magro, alto, benzedor famoso, contador de causos de onça brava nas caçadas, de assombração e alma penada, tinha o hábito marcante de piscar repetidas vezes enquanto contava um causo.
Genoveva dos Santos, natural de Abaeté – MG era o nome que constava no batistério da Senhora Nina, casada com o senhor Nino, foi sua companheira de lutas nessa agreste região do Noroeste Mineiro. Tiveram 05 filhos, José Antonio Filho (Toinzinho), Faustino, Maria Júlia, Isaura e João, e por vários anos ajudaram a criar um dos sobrinhos, o Lázaro, que todos o chamavam de Lazinho.
A dona Nina, de pequena estatura, gostava de usar roupas de chita e vestidos bem rodados, cheio de babado, usava os cabelos compridos, mas sempre deixava preso em coques, nunca ninguém a viu de cabelos soltos, embora fossem bastante lisos, senhora de voz calma e serena, na companhia das suas duas filhas, Maria Júlia e Isaura, gostava de fazer todos os tipos de doces, até porque sempre fazia doce de mamão com leite como eram feitas as rapaduras.
Senhor Nino e dona Nina, como eram conhecidos formava um típico casal interiorano, faziam questão de manter as suas origens, eram adeptos aos costumes sertanejos bem arraigados, a casa era coberta de palha de buriti, chão batido, o madeiramento de pau roliço e ripas de tabocas, no canto da sala, um pote de barro para resfriar a água de tomar. O casal era bastante prestativo e compadre de quase toda a vizinhança, assim, os laços afetivos eram evidentes, e faziam questão de agradar a meninada da região. Fato curioso que não me esqueço foi o nascimento dos seus netos, que nasceram alí mesmo na pequena fazenda, os gêmeos "Carlinhos e Carlene", filhos do casal Maria Júlia e Antonio da (Dona) com sete meses, eram tão pequenos que o assunto foi comentário na redondeza por um longo período, inclusive desse autor, que na época era criança que ainda nem estudava, também foi um desses curiosos visitantes.
Com essa característica de benquistos na região, certa vez o Senhor Nino resolveu presentear alguns desses meninos que eram mais próximos com uma leitôa de uma porca que haviam parido vários leitõezinhos, assim o fez, dentre eles, esse poeta fora contemplado juntamente ao amigo Vicente Tavares e Valdeíra. A leitôa cresceu, reproduziu e tanto o meu saudoso pai Lázaro Nunes e também saudoso Joaquim Tavares, tomaram a iniciativa de ficarem para eles a porca e os leitões e em troca nós recebemos uma bezerra já desmamada, cujo valor era bem superior à porca mesmo com os filhotes.
Assim o fez, o tempo passou a bezerra virou vaca, pariu e foi aumentando as crias na fazenda, o certo é que o patrimônio rendeu bastante, e hoje, quando encontro com o meu amigo Vicente, o mesmo lembra e atribui que parte do que ele hoje possui iniciou-se com aquela leitoazinha que o senhor Nino lhe dera no passado.
Mantinham a tradição da moagem de cana-de-açúcar pelo menos duas vezes por ano, assim como todo o ritual para fazer a farinha de mandioca, engordar os porcos na estiva para tirar a carne e a gordura da despesa. No vasto quintal, pés de caju e jambos de duas variedades, muitos pés de laranjas e mexericas pocãs, além de muitas moitas de cana caiana para chupar. O carro de bois que tanto servia a própria fazenda assim como dos demais vizinhos no transporte das fartas colheitas de milho, arroz e feijão e que eram armazenados em Tuias nas sedes das propriedades.
Sem energia elétrica, as noites de sábados eram animadas pelo som das radiolas e vitrolas a pilhas que tocavam de tudo, das músicas mais apaixonadas aos forrós de sanfoneiros afamados como o Mangabinha, Voninho, Arlindo Bétio e o ritmo característico introduzido por Mário Zan, que mais parecia uma quadrilha junina em qualquer época do ano. Tinham também os tocadores “pratas da casa” como o Adãozinho Moreira, o “Diga” lá da Barra, e outros que arriscavam a puxar o fole das sanfonas pé de bode e 80 baixos.
Tudo servia de motivos para os compadres e as comadres se organizarem e fazer um “pagode” como diziam na região, era um mutirão para roçadas ou capina de roças, algumas vezes acontecia como uma surpresa para o dono do serviço, que em contrapartida teria que oferecer os comes e bebes e o forró como paga pelos serviços prestados.
Dona Nina, partiu primeiro, no ano de 1994 já com seus quase 70 anos e o senhor Nino, depois de lutar contra uma forte pneumonia não resistiu e veio a falecer no ano de 2000 com seus 80 anos de vida. Muitas saudades, do Sr. Nino e dona Nina, “os pompeanos” que escolheram Bonfinópolis de Minas – MG para viverem e constituírem sua família.
Nota do autor: Esse casal de "pompeanos" por diversos anos foram nossos vizinhos na região da inesquecível fazenda Riacho da Raiz.
Genoveva dos Santos, natural de Abaeté – MG era o nome que constava no batistério da Senhora Nina, casada com o senhor Nino, foi sua companheira de lutas nessa agreste região do Noroeste Mineiro. Tiveram 05 filhos, José Antonio Filho (Toinzinho), Faustino, Maria Júlia, Isaura e João, e por vários anos ajudaram a criar um dos sobrinhos, o Lázaro, que todos o chamavam de Lazinho.
A dona Nina, de pequena estatura, gostava de usar roupas de chita e vestidos bem rodados, cheio de babado, usava os cabelos compridos, mas sempre deixava preso em coques, nunca ninguém a viu de cabelos soltos, embora fossem bastante lisos, senhora de voz calma e serena, na companhia das suas duas filhas, Maria Júlia e Isaura, gostava de fazer todos os tipos de doces, até porque sempre fazia doce de mamão com leite como eram feitas as rapaduras.
Senhor Nino e dona Nina, como eram conhecidos formava um típico casal interiorano, faziam questão de manter as suas origens, eram adeptos aos costumes sertanejos bem arraigados, a casa era coberta de palha de buriti, chão batido, o madeiramento de pau roliço e ripas de tabocas, no canto da sala, um pote de barro para resfriar a água de tomar. O casal era bastante prestativo e compadre de quase toda a vizinhança, assim, os laços afetivos eram evidentes, e faziam questão de agradar a meninada da região. Fato curioso que não me esqueço foi o nascimento dos seus netos, que nasceram alí mesmo na pequena fazenda, os gêmeos "Carlinhos e Carlene", filhos do casal Maria Júlia e Antonio da (Dona) com sete meses, eram tão pequenos que o assunto foi comentário na redondeza por um longo período, inclusive desse autor, que na época era criança que ainda nem estudava, também foi um desses curiosos visitantes.
Com essa característica de benquistos na região, certa vez o Senhor Nino resolveu presentear alguns desses meninos que eram mais próximos com uma leitôa de uma porca que haviam parido vários leitõezinhos, assim o fez, dentre eles, esse poeta fora contemplado juntamente ao amigo Vicente Tavares e Valdeíra. A leitôa cresceu, reproduziu e tanto o meu saudoso pai Lázaro Nunes e também saudoso Joaquim Tavares, tomaram a iniciativa de ficarem para eles a porca e os leitões e em troca nós recebemos uma bezerra já desmamada, cujo valor era bem superior à porca mesmo com os filhotes.
Assim o fez, o tempo passou a bezerra virou vaca, pariu e foi aumentando as crias na fazenda, o certo é que o patrimônio rendeu bastante, e hoje, quando encontro com o meu amigo Vicente, o mesmo lembra e atribui que parte do que ele hoje possui iniciou-se com aquela leitoazinha que o senhor Nino lhe dera no passado.
Mantinham a tradição da moagem de cana-de-açúcar pelo menos duas vezes por ano, assim como todo o ritual para fazer a farinha de mandioca, engordar os porcos na estiva para tirar a carne e a gordura da despesa. No vasto quintal, pés de caju e jambos de duas variedades, muitos pés de laranjas e mexericas pocãs, além de muitas moitas de cana caiana para chupar. O carro de bois que tanto servia a própria fazenda assim como dos demais vizinhos no transporte das fartas colheitas de milho, arroz e feijão e que eram armazenados em Tuias nas sedes das propriedades.
Sem energia elétrica, as noites de sábados eram animadas pelo som das radiolas e vitrolas a pilhas que tocavam de tudo, das músicas mais apaixonadas aos forrós de sanfoneiros afamados como o Mangabinha, Voninho, Arlindo Bétio e o ritmo característico introduzido por Mário Zan, que mais parecia uma quadrilha junina em qualquer época do ano. Tinham também os tocadores “pratas da casa” como o Adãozinho Moreira, o “Diga” lá da Barra, e outros que arriscavam a puxar o fole das sanfonas pé de bode e 80 baixos.
Tudo servia de motivos para os compadres e as comadres se organizarem e fazer um “pagode” como diziam na região, era um mutirão para roçadas ou capina de roças, algumas vezes acontecia como uma surpresa para o dono do serviço, que em contrapartida teria que oferecer os comes e bebes e o forró como paga pelos serviços prestados.
Dona Nina, partiu primeiro, no ano de 1994 já com seus quase 70 anos e o senhor Nino, depois de lutar contra uma forte pneumonia não resistiu e veio a falecer no ano de 2000 com seus 80 anos de vida. Muitas saudades, do Sr. Nino e dona Nina, “os pompeanos” que escolheram Bonfinópolis de Minas – MG para viverem e constituírem sua família.
Nota do autor: Esse casal de "pompeanos" por diversos anos foram nossos vizinhos na região da inesquecível fazenda Riacho da Raiz.