Os amores de D. Pedro

D Pedro I, de Portugal, é mundialmente famoso graças aos seus amores com D. Inês de Castro.

Testemunha disso são os dois magníficos túmulos (verdadeiras obras-primas da escultura gótica em Portugal), os quais foram colocados frente a frente nas naves laterais do Mosteiro de Alcobaça para que, no dia do Juízo Final, os eternos amantes «possam olhar-se nos olhos quando despertarem».

Os amores de Pedro e Inês foram e ainda o são, motivo para cronistas e poetas escreverem sobre a tragédia desse amor, um amor condenado à nascença pelos conselheiros de seu pai, D. Afonso IV, que viam nos Castro um perigo para o príncipe D. Fernando, herdeiro do trono. A solução encontrada foi matar a pobre Inês. D. Pedro, ao regressar de uma caçada, e vendo a sua amada morta, jurou vingança e moveu uma autêntica guerra ao seu pai, atacando, matando e destruindo tudo que fosse do rei.

Quando subiu ao trono, contrariando as promessas feitas, deu caça aos assassinos, prendendo dois dos conselheiros que lhe mataram a sua amada Inês.

A vingança foi consumada nos Passos de Santarém. Enquanto os cozinheiros lhe preparavam um lauto banquete, mandou amarrar as vítimas, cada um a seu poste e ordenou ao carrasco que arrancasse o coração a um pelas costas e a outro pelo peito. Tal era o seu ódio que ainda teve coragem para trincar os corações.

Factos curiosos preencheram o seu curto reinado (dez anos). Um deles refere-se à proibição do exercício da advocacia. Desde os princípios da monarquia que existiam os chamados Vozeiros, que davam voz aos que não se sabiam explicar perante o juiz. Muitos deles passaram a frequentar a universidade, tornando-se advogados. Então, conhecedores das leis e dos meandros processuais, obrigavam o juiz a rever o processado, o que fazia com que perdesse tempo para deliberar.

Para D. Pedro, isto era «prolongar os feitos com maliciosas demandas». Para evitar isso mesmo condena com a pena de morte a prática de advocacia.

Bom! Mas como o tema são os amores de D. Pedro, não vou perder mais tempo com esse assunto.

Monarca adorado pelo povo, com quem convivia em danças e folguedos, porém dado a mudanças de humor terríveis, D. Pedro, para colmatar a sua dor, levantava-se a meio da noite mandando atear fogueiras, convidando o povo para dançar, ao mesmo tempo que ordenava que matassem um ou mais bois para distribuir pelos pobres.

Para além do caso de D. Inês de Castro, D. Pedro (segundo Fernão Lopes) teve uma paixão pelo escudeiro Afonso Madeira, a quem «amava mais do que se deve aqui dizer».

O escudeiro meteu-se com uma dama da corte, o rei não gostou e mandou-lhe «cortar aqueles membros que os homens em mais apreço têm». Diz o cronista que «Afonso Madeira foi pensado e curou-se, mas engrossou das pernas e no corpo e viveu alguns anos com o rosto engelhado e sem barba» (citação de Fernão Lopes). Assim o pobre tornou-se «raparigo».

Uma coisa é certa, D. Pedro, tinha muito amor para dar.

Lorde
Enviado por Lorde em 16/03/2013
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