Sentindo-me

O que sou?

Sou uma velha?

Ou não sou?

Estou ficando velha?

Ah, isso estou.

Tenho 59 anos e não percebo o tempo que passou,

Porém, sinto coisas outras, que antes não sentia.

Claro! - Uma dor no tornozelo ou, talvez no calcanhar - você deve estar pensando.

Mas, não é isso não.

São coisas bem mais gostosas.

Dor nos tornozelos e por todo corpo sentia, bem mais, na infância,

Era dor de perna relada, de osso rendido, joelhos esfolados e até alguns bichos-de-pé.

Era pulo, queda de jumento – único animal que eu consegui montar em pelo, sozinha e escondido dos mais velhos.

O que sinto é uma nova e surpreendente forma de sentir a vida.

Cada dia ela me parece mais linda. Nela tudo é belo.

Parece que a sensibilidade se ampliou e chega a sufocar.

Até a distância do que já foi é só saudade gostosa e benfazeja, que (me) alegra pelo tanto vivido e pelo muito que tenho para viver.

É uma VIDA. Opa!

Vida, vida...

Vida bela.

Cada fase uma beleza e,

Também uma certeza do que foi, até então,

E, do que ainda há de ser.

Como a velha cambalhota, da poetisa de Sylvia Orthof.

Ou voltando às raízes, como Leonardo Boff.

Seja o que for que eu faça sempre será rapidinho,

Semelhante ao trenzinho, da poetisa Adélia Prado,

A resfolegar nos trilhos, sem poder esperar.

(de Assis Furtado, 14/03/13).

Francisca de Assis Rocha Alves
Enviado por Francisca de Assis Rocha Alves em 14/03/2013
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