Espetáculo Máscaras / Processo de criação
A apresentação exemplifica uma interiorização à mente humana e seus pensamentos. O “Eu” interior e suas diferentes faces é a representação da luta ideológica sofrida pelos seres humanos, onde ele próprio não sabe sua essência. Por medo, insegurança ou aceitação, o homem mascara esse “Eu” confuso e desconhecido e se perde dentro de si mesmo, sem saber se é alguém bom ou ruim.
O 1° Ato trata das máscaras, que impedem a aproximação do “Eu” interior ao caráter idealizado. No primeiro momento, as máscaras se colocam em posição atrativa, de modo a persuadir o “Eu”, e no segundo momento se colocam de forma ameaçadora, levando à contaminação e perseguição do “Eu”. O 2° Ato é a interiorização, a dúvida, o questionamento e a explicação de como é a identidade idealizada. Em primeira instancia, é demonstrado um “Eu” interiormente perturbado e em dúvida de sua essência e em segunda instancia, é construída a identidade essencialmente divina e que se parece com seu criador. O 3° e último Ato é a vida sem máscaras, onde mostra a postura de alguém que sabe sua verdadeira identidade, que não se conforma com o mundo em que vive e que apresenta uma genuína adoração a Deus.
O propósito do Espetáculo Máscaras é trazer a reflexão humana ao reconhecimento de seu verdadeiro “Eu”, para buscar um caráter reto e íntegro diante de Deus e poder viver uma vida transparente, real e sem máscaras. Aparentemente a proposta do musical pode ser até utópica, porém, todos nós seres humanos, tivemos o exemplo vivo de homem com essência divida, Jesus Cristo, mostrando que é possível ser homem na terra e possuir um caráter e uma personalidade idealizada por Deus.
O Espetáculo Máscaras foi inspirado posterior ao culto “Vivendo sem máscaras” realizado pelo Dep. de Adolescentes da Igreja Assembleia de Deus em Jacarepaguá em 2011. Foi escrito, estruturado e trabalhado em 1 ano e coreografado em 5 meses. A apresentação tem duração de 45 minutos e é basicamente construído em músicas e interpretação através da dança. Para maior liberdade de criação, não foi limitado e especificado à algum gênero da dança, foi escolhido o estilo livre para a criação das coreografias, que aborda diversos gêneros, como Ballet clássico e moderno, Jazz, Contemporâneo e Street dance.
O corpo é formado por 19 bailarinos (10 pertencentes à Cia de Dança Gileade e 9 pertencentes ao X - Praise dance), sendo estes distribuídos em 6 personagens: 4 representações do “Eu” interior, onde o 1° é o “Eu” corruptível, o 2° é o “Eu” contaminado e perseguido, o 3° é o “Eu” dúvida, e o 4° “Eu” é a identidade idealizada, O 5° personagem representado por 14 dos bailarinos é a Máscara, Por fim, o 6° personagem, é a configuração da figura Divina e esta faz a comunicação do próprio Deus com o homem.
O processo de criação desse Espetáculo foi longo. Meu desejo era apresentar ele bem antes, e não imaginava que ele fosse tomar tão grande repercussão, e muito menos que Deus iria me tratar de foma tão singular.
Essa criação, foi um profundo tratamento espiritual que Deus fez comigo. Tive instantes tão autênticos com Deus, que eu achava que eu estava ficando maluca, Mas hoje entendo os ensinamentos que ele desejava me passar.
Durante 1 ano, que foi o período de estruturação do Espetáculo, Deus atuou em todas as áreas da minha vida e em todas me fez passar por experiencias incríveis, que me levaram à amadurecimento.
Todas as pessoas tem suas interiorizações, seus questionamentos internos, e dúvidas que são intrínsecas ao ser humano. O mais incrível é que eu pude descrever e explicar como eram essas minhas questões.
Constantemente eu me julgava ser alguém ruim, alguém não digna de elogios, alguém que não fosse verdadeiramente de Deus. Outrora, me sentia serva, filha do pai celestial. Em momentos me sentia perseguida, acusada, contaminada, suja e clamava pela salvação e pela cura de Deus. E o pior de tudo, que todos esses pensamentos, surgiam em uma jovem crente, líder, boa filha e aparentemente perfeita e isso era o que consumia a minha alma. Será que eu sou mesmo assim? Será que eu sou boa filha? Será que isso que eu faço é errado? Será que eu sou ruim? Será que realmente meu louvor é puro e digno de ser entregue à Deus? Me questionava sempre. Como ser uma líder amorosa e respeitada, Como ser uma filha de personalidade, sem desrespeitar meus pais, Como amar alguém que não é sincero com você, Como manter a constância do espiritual com Deus, Como não mentir daquilo que tenho vergonha...
O Espetáculo expressa exatamente como eu me sentia, alguém que era susceptível á contaminação, que sabia quão prazeroso poderia ser o pecado, mas que aparentemente era puro. Hoje, julgo esse estado de susceptibilidade, como a natureza humana, fraca e sempre tendenciosa a fazer aquilo que não é certo.
Um outro estado, era o da perseguição, tudo o quê diziam me atingia. Por fora, eram apenas palavras, mas por dentro, parecia flechas inflamadas. Era um medo tão grande, que parecia doer a alma. Insegurança, fraqueza, temores de situações que nem se quer tinham acontecido, e isso corroía minha auto-confiança, minha afirmação pessoal, e eu aos poucos me transformava em uma pessoa psiquicamente fraca. Tinha momentos que eu queria gritar e desaparecer. E venho retificar, toda essa luta psicológica, foi durante o enfrentar dos desafios contantes de uma liderança, as inúmeras criações de coreografias e eventos que eu participava. Não foi um instante meu. Foi durante a vida, a correria, os planos, os desejos, as tristezas. Era como se eu estivesse atuando em 2 mundos. E o meu mundo interior estava profundamente perturbado.
Me perguntei várias vezes: Será que uso máscaras? Quem eu realmente sou? Eu me entrelaçava nas minhas dúvidas e me sugeria respostas que me destruíam.
A máscara, não esconde somente aquilo que fazemos de errado, mas também as nossas fraquezas. E eu necessitava me mostrar forte, alguém determinado, mas na verdade era alguém cheio de medos e inseguranças. Medo das perdas, medo das críticas, medo de não crescer, medo da não aceitação. Eu era uma dúvida, um ser internamente mal resolvido, não tinha amor próprio, não me auto-afirmava. E fazia da vida um paliativo para minha dor.
Mas havia algo que eu nunca tinha deixado, a minha fé, sempre tive a convicção de que Deus era tudo de mais importante para mim. Tenho certeza que isso me levou a ouvir a voz de Deus, e entender o quê ele estava me propondo.
No início da estruturação, apresentei o Espetáculo para a Cia de Dança Gileade, elas gostaram e como sempre, mostraram-se dispostas à encarar o desafio. Um tempo depois, participei de um congresso de dança, voltei renovada, cheia de ideias e expectativas. Propus várias mudanças no grupo, e disparei ali um grande amadurecimento para uma boa liderança. Me sentia mais segura, mais disponível á mudanças e principalmente ao aprendizado.
Para mim, que era uma pessoa baseada em incertezas interiores, os personagens do Espetáculo se encerravam ali. Afinal, não me enxergava de outra maneira, se não nessas características.
Fiz várias conversas e discussões de ideias sobre o Espetáculo com as bailarinas, e aos poucos elas foram mergulhadas nesse tratamento com Deus. Cada entendimento delas, me gerava reafirmação daquilo que eu queria expor. As perguntas que elas me faziam, eram exercícios para meu raciocínio do Espetáculo. Estava tudo perfeito!
O tempo foi passando e os preparativos aumentavam. Certo dia, elas começaram a se mostrar incomodadas com o final do 2° Ato, parecia que não era suficiente, que não estava clara a ideia. Aquilo me fazia perder noites e por mais que eu explicasse, eu sabia lá no fundo que realmente faltava alguma coisa.
Voltei a ouvir músicas com ouvido mais apurado e seletivo. E tive a ideia de colocar mais uma música no contexto, "O quê queres de mim" Thalles Roberto. Na minha interpretação, é explicado como é modelo de Deus, como são as características daquele que é imagem e semelhança de Deus. Mostrei a música para o grupo, e elas gostaram da ideia. Daí em diante, começava o processo, que eu tanto precisava. Era definitivamente a quebra das minhas dúvidas.
Eu usei algo que estava lá dentro de mim, mas que eu não estava enxergando. O modelo de personalidade que Deus havia idealizado, já estava dentro de mim!
Estava encoberto por todas as minhas incertezas e dúvidas, e estas, disfarçadas com máscaras. O Espetáculo não poderia ser apresentado sem a resposta final para todas as questões que eu fazia a mim mesma.
Deus queria me mostrar alguém bom que existia em mim, alguém que ele preparou para dirigir meu psicológico, um modelo de identidade que sabe realmente quem é e para que veio. Alguém que sabe o que fazer quando o medo se aproxima, que sabe esperar e confiar, que sabe acreditar, e sobretudo, alguém que verdadeiramente serve e adora a Deus. Não adora porque é certo, mas simplesmente pelo prazer de adorar, essa era a identidade que eu precisava enxergar em mim. Aquela que mais se parece com o criador, e que é de fato a imagem e a semelhança de Deus.
O mais lindo dessa experiência e processo, não foi ver somente a minha cura psicológica, mas foi proporcionar esse mesmo tratamento tão particular e tão íntimo, também às meninas que lidero. Fico perplexa, de como Deus tem amor em ensinar.
E ainda não disse o mais irônico dessa história, no Espetáculo representei Deus. Foi um desafio assustador para mim, não simplesmente por encenar Deus, mas pela pessoa que Ele era na situação, era o Deus criador, dono da sabedoria e o uniciente. Aquele que sabe exatamente o quê eu estou pensando e Aquele que me conhece, sem máscaras, e por dentro. O quê há de mais obscuro, Ele vê e Ele sabe.
As situações que acontecem na liderança, como escolhas de solos, personagens, nem sempre podem ser tão previstas, por isso é preciso estar sensível e atento e seguir as estratégias de Deus.
Não tinha planejado me incluir como personagem fixo do Espetáculo, mas já havia coreografias prontas e seria mais trabalhoso rearrumar tudo. Pois bem, assumi então o papel desse personagem tão honroso, a figura divina.
Várias vezes tive receio de falar e encenar as frases ditas pelo personagem, como: "toda a glória é minha e de mais ninguém". Me perguntava, como eu vou fazer isso? É quase inimaginável falar que a glória é minha, quando eu entrego sempre ela a Deus.
Foram os processos de inseguranças teatrais, e a minha confiança com o personagem foi crescendo. Minha receita foi, de fato, imaginar como Deus está me vendo, Como será que Ele falaria comigo se fosse de carne e osso.
A posição de Deus, é fora dos "Eus" interiores. É como se só assim, eu pudesse me enxergar melhor. Sinto que Deus me deu a honra de representá-lo devido a minha necessidade de me conhecer de uma maneira diferente. Senti que eu deveria mostrar os atributos de um Deus criador, justo, amoroso e paciente em nos ensinar.
Era como-se eu estivesse mostrando aquilo que eu estava sentindo Deus fazer comigo. E constantemente ouvia a frase auto-afirmar na minha mente, "Viu filho?, Isso que eu quero que você faça". Me ame acima de tudo, Me queira mais que as coisas desse mundo, Leia a minha palavra e medita Nela e Faça pelo seu próximo, porque você estará fazendo a mim.
Uma pessoa que é bem resolvida psicologicamente, produz mais, sofre menos, e é mais sensível à voz de Deus. Hoje, sou tratada pelo Senhor. E a cada dia mais posso observar seu cuidado na minha vida.
Eu expus aqui, muitos pensamentos. Se você, que paciente e carinhosamente leu este texto, se identificou com esses personagens, e com essa história. Saiba que a primeira coisa que Deus quer para fazer a mudança na sua vida, é a sua fé. É acreditar realmente de que Ele sabe e pode te revelar as questões que deixam sua mente perturbada e sem paz. Se você tiver fé e um coração ensinável, Deus com certeza, te fará a cada dia, uma pessoa melhor, e enfim, cada vez mais parecida com Jesus.