Carta para o meu saudoso pai
Saudoso pai
Hoje ao entrar rapidamente no meu quarto, não sei o que me impeliu a olhar para a parede.
Olhei e como sempre vi a sua foto junto com a mãe.Naquele momento pai, senti lágrimas molhando os meus olhos.
Como estou sentindo agora. Sabe aquela vontade de chorar? Pois é...é assim que me sinto neste momento.
Sinto uma tristeza no meu coração , tão grande, meu velho que se foi novo, aos 49 anos. Papai , hoje eu sou mais velha que você quando partiu desse mundo e deixou-nos órfãos de ti. Agora sim , as lágrimas rolam sem dó.....Parei um pouquinho para passar a mão direita nos olhos e tentar enxugar os meus olhos inundados. Está até me atrapalhando escrever.Tive que levar a mão ao nariz e enxugá-lo também.
Meu saudoso pai...por isso que te olhei tanto na foto....estava com saudades e ainda não tinha me tocado que era simplesmente a saudade de ti.
Sei que nunca o senhor poderá ler essa carta , mas se Deus quiser ele pode transmitir a você o meu lamento e como estou triste, solitária, saudosa, ah....se você estivesse aqui ainda.
Lembro pai que um dia nós estávamos sentados no velho sofá da casa onde fomos criados. Não sei o motivo, mas num gesto paternal o senhor deitou sua cabeça no meu colo. Foi um gesto paternal e sem maldade, o senhor não viu, foi muito rápido....mas eu senti que fiquei corada naquele instante. Foi a primeira e última vez que você fez esse gesto de carinho.
Tão logo você voltou a ficar sentado no sofá eu estava tão sem graça que me retirei do local. Penso que o senhor não percebeu.
Eu tenho lindas recordações suas. Você capinando o mato que crescia rapidamente no nosso quintal, você fazendo plantações, colhendo frutas nas inúmeras árvores frutíferas ali espalhadas, você vendendo caldo de cana....eu te ajudei pouco...eu sei...mas foi de coração. São tantas recordações que nem consigo escrever todas.
Antes de me casar você adoeceu. Teve aquele maldito derrame, que o deixou com o braço paralisado e quase sem voz. Era tão difícil interpretar o que você tentava falar. Tenho certeza que você queria falar alguma coisa comigo sobre o meu casamento mas não conseguiu.
Lembro o dia que tentou se comunicar comigo através de gestos e eu não entendi nada. Me perdoe ....me perdoe por não ter te amado mais, por não ter demonstrado mais o meu amor por você. Eu perdôo as duas ou três surras que a mãe fez o senhor me dar com aquela correia de couro...doeu pai ...doeu minha carne, meu espírito mas eu sei que o senhor chorava junto comigo...mas eu o perdoei ...e como perdoei...e a mãe também. Olha papai quando me casei o senhor esteve presente, a sua presença foi o meu maior presente. Aqueles presentes que encheram minha cama de casal não valiam nada para mim...mas você e a mãe foram o meu tesouro aqui na terra.
O tempo passou tão veloz, casei em março, e em dezembro do mesmo ano , você teve que ser levado às pressas para o hospital da cidade vizinha. Eu estava grávida de seis meses da minha primeira filha. A primeira vez que fui visitá-lo no hospital eu nem pude vê-lo direito. Eu sequer podia me aproximar que a comoção tomava conta de mim. Queria te abraçar e dizer o quanto te amava.Mas minha prima Lane, minha irmã mais velha não deixavam que eu me achegasse mais perto de ti....elas me tiravam do quarto com palavras consoladoras. Ah papai como senti tudo aquilo. Devia não ter saído da sala e te abraçado e te beijado na sua face envelhecida de sofrimento e da enfermidade que o consumia.
Aquele maldito câncer de intestino te levou.
Quando veio a notícia que você partira eu quase não conseguia respirar. Queria correr, queria fugir, queria morrer também.
Esperamos você chegar naquele carro da funerária....e de longe, eu via retirando o caixão que você estava deitado. Ai que dor que senti....
Nem ali naquela sala onde toda a nossa família foi tão feliz, mesmo na pobreza, eu mal podia chegar perto de você. E quando chegou a hora de você ir, eu quase não agüentei. Minha mãe também não. Ela teve que se deitar senão ela caía. Eu me afastei, quer dizer, me afastaram por causa do bebê na minha barriga, e vi a marcha fúnebre que te levava para o cemitèrio. Quando entrou janeiro eu já estava indo para o sétimo mês de gravidez. Ganhei a sua netinha no dia 28 de março de 1980. Pena que o senhor não a conheceu. E hoje pai ao me deparar com a sua foto na parede do meu quarto eu não me contive. Senti uma necessidade enorme de lhe contar tudo isso mesmo sabendo que você não saberá nunca do que eu sinto agora.
Meu querido, meu velho ,meu amigo...é o que você Foi e é pra mim.
Findo esta carta ainda com meus olhos cheios de lágrimas.
Abel....este era o seu nome, este é o nome que jamais esquecerei.
Hoje ainda aproveito para te agradecer por ter me dado a vida junto com a minha linda mama.
Pai.. .muito obrigada por todo seu esforço pra nos criar.
Obrigada pelo tanto que trabalhou para não nos faltar o pão de cada dia.
Obrigada meu pai por você ter passado um tempo aqui conosco, com a sua família que muito te amou.
Obrigada meu amado pai...fique descansando nos braços do PAI.
Adeus ou até breve
Sua agradecida filha
Margareth Rafael.
Ofereço essas flores para a memória eterna do meu pai Abel Rafael. Saudades eternas.obs: O vestido que me casei foi o mesmo que a Fátima casou. Foi emprestado.
Saudoso pai
Hoje ao entrar rapidamente no meu quarto, não sei o que me impeliu a olhar para a parede.
Olhei e como sempre vi a sua foto junto com a mãe.Naquele momento pai, senti lágrimas molhando os meus olhos.
Como estou sentindo agora. Sabe aquela vontade de chorar? Pois é...é assim que me sinto neste momento.
Sinto uma tristeza no meu coração , tão grande, meu velho que se foi novo, aos 49 anos. Papai , hoje eu sou mais velha que você quando partiu desse mundo e deixou-nos órfãos de ti. Agora sim , as lágrimas rolam sem dó.....Parei um pouquinho para passar a mão direita nos olhos e tentar enxugar os meus olhos inundados. Está até me atrapalhando escrever.Tive que levar a mão ao nariz e enxugá-lo também.
Meu saudoso pai...por isso que te olhei tanto na foto....estava com saudades e ainda não tinha me tocado que era simplesmente a saudade de ti.
Sei que nunca o senhor poderá ler essa carta , mas se Deus quiser ele pode transmitir a você o meu lamento e como estou triste, solitária, saudosa, ah....se você estivesse aqui ainda.
Lembro pai que um dia nós estávamos sentados no velho sofá da casa onde fomos criados. Não sei o motivo, mas num gesto paternal o senhor deitou sua cabeça no meu colo. Foi um gesto paternal e sem maldade, o senhor não viu, foi muito rápido....mas eu senti que fiquei corada naquele instante. Foi a primeira e última vez que você fez esse gesto de carinho.
Tão logo você voltou a ficar sentado no sofá eu estava tão sem graça que me retirei do local. Penso que o senhor não percebeu.
Eu tenho lindas recordações suas. Você capinando o mato que crescia rapidamente no nosso quintal, você fazendo plantações, colhendo frutas nas inúmeras árvores frutíferas ali espalhadas, você vendendo caldo de cana....eu te ajudei pouco...eu sei...mas foi de coração. São tantas recordações que nem consigo escrever todas.
Antes de me casar você adoeceu. Teve aquele maldito derrame, que o deixou com o braço paralisado e quase sem voz. Era tão difícil interpretar o que você tentava falar. Tenho certeza que você queria falar alguma coisa comigo sobre o meu casamento mas não conseguiu.
Lembro o dia que tentou se comunicar comigo através de gestos e eu não entendi nada. Me perdoe ....me perdoe por não ter te amado mais, por não ter demonstrado mais o meu amor por você. Eu perdôo as duas ou três surras que a mãe fez o senhor me dar com aquela correia de couro...doeu pai ...doeu minha carne, meu espírito mas eu sei que o senhor chorava junto comigo...mas eu o perdoei ...e como perdoei...e a mãe também. Olha papai quando me casei o senhor esteve presente, a sua presença foi o meu maior presente. Aqueles presentes que encheram minha cama de casal não valiam nada para mim...mas você e a mãe foram o meu tesouro aqui na terra.
O tempo passou tão veloz, casei em março, e em dezembro do mesmo ano , você teve que ser levado às pressas para o hospital da cidade vizinha. Eu estava grávida de seis meses da minha primeira filha. A primeira vez que fui visitá-lo no hospital eu nem pude vê-lo direito. Eu sequer podia me aproximar que a comoção tomava conta de mim. Queria te abraçar e dizer o quanto te amava.Mas minha prima Lane, minha irmã mais velha não deixavam que eu me achegasse mais perto de ti....elas me tiravam do quarto com palavras consoladoras. Ah papai como senti tudo aquilo. Devia não ter saído da sala e te abraçado e te beijado na sua face envelhecida de sofrimento e da enfermidade que o consumia.
Aquele maldito câncer de intestino te levou.
Quando veio a notícia que você partira eu quase não conseguia respirar. Queria correr, queria fugir, queria morrer também.
Esperamos você chegar naquele carro da funerária....e de longe, eu via retirando o caixão que você estava deitado. Ai que dor que senti....
Nem ali naquela sala onde toda a nossa família foi tão feliz, mesmo na pobreza, eu mal podia chegar perto de você. E quando chegou a hora de você ir, eu quase não agüentei. Minha mãe também não. Ela teve que se deitar senão ela caía. Eu me afastei, quer dizer, me afastaram por causa do bebê na minha barriga, e vi a marcha fúnebre que te levava para o cemitèrio. Quando entrou janeiro eu já estava indo para o sétimo mês de gravidez. Ganhei a sua netinha no dia 28 de março de 1980. Pena que o senhor não a conheceu. E hoje pai ao me deparar com a sua foto na parede do meu quarto eu não me contive. Senti uma necessidade enorme de lhe contar tudo isso mesmo sabendo que você não saberá nunca do que eu sinto agora.
Meu querido, meu velho ,meu amigo...é o que você Foi e é pra mim.
Findo esta carta ainda com meus olhos cheios de lágrimas.
Abel....este era o seu nome, este é o nome que jamais esquecerei.
Hoje ainda aproveito para te agradecer por ter me dado a vida junto com a minha linda mama.
Pai.. .muito obrigada por todo seu esforço pra nos criar.
Obrigada pelo tanto que trabalhou para não nos faltar o pão de cada dia.
Obrigada meu pai por você ter passado um tempo aqui conosco, com a sua família que muito te amou.
Obrigada meu amado pai...fique descansando nos braços do PAI.
Adeus ou até breve
Sua agradecida filha
Margareth Rafael.
Ofereço essas flores para a memória eterna do meu pai Abel Rafael. Saudades eternas.obs: O vestido que me casei foi o mesmo que a Fátima casou. Foi emprestado.
Não sei por que esenti vontade de postar essa carta para o meu pai no meu 26º Conto real. Como podem ver escrevi essa carta pra ele no dia 12 de Janeiro de 2013. Mas percebi que ela se encaixa aqui. 1978 foi o ano que me casei e o ano que ele faleceu ( em Dezembro de 1978 ) Essa foto aí já revela o semblante triste dele. Ele ainda andava, mas já tinha aconteceido o derrame.Dá pra perceber como o braço dele estava sem jogo. Na carta que escrevi a ele não contei sobre a visita dos meus avós,os pais dele. Vou fazer um resumo aqui do que foi mais triste. Quando fui visitá-lo no hospita, em uma tarde de Dezembro, poucos dias antes dele ir embora pra sempre, encontrei os meus avós no hospital, no quarto em que ele se encontrava deitado. A cena foi muito chocante. O meu avô já era cego há muitos anos. Eu já escrevi sobre o meu avô em visita a nossa casa nos meus contos. Então o que mais me emocionou foi a seguinte cena: O meu pai enxergava o meu avô sentado na beira de sua cama. O meu avô, lógico não o enxergava. Apenas o apalpava, pegava nas suas mãos e também acariciava sua cabeça. O meu avô conversava com ele, perguntava como ele se sentia, ele tentava responder, mas não conseguia. Ele já não conversava mais. Foi um quadro muito triste.A vida é composta de tristezas e alegrias, mas na minha eu tive mais foi tristezas.O que meu coração sentiu naqueles dias foi muito doído.Eu sentia dor física, dor na minha alma de ver aquele sofrimento. Se eu pudesse teria morrido no lugar dele. Nesse dia ele já tinha sido operado do intestino, mas não foi o suficiente para salvá-lo- A doença malígna já tinha acabado com seu corpo físico. A minha avó ficava nos cantos chorando. A minha mãe, ficava sempre perto dele, olhando-o , e e ele também a olhava com muito amor e carinho. Não consigo imaginar os pensamentos dele naquele momento. Eu não podia nem aproximar do leito dele, pois a minha irmã não deixava e logo me levavam para fora do quarto, devido a gravidez . Eu já estava com seis meses de gravidez. Eu não estava no momento, mas fiquei sabendo que quando ele deu o último suspiro ele se agarrou no crucifixo, que ninguém sabe onde estava o mesmo. Os meus pais eram católicos, e eu respeito até hoje a religião deles. Não tenho o que falar se foi certo ou errado sobre isso. Eu me atenho apenas aos fatos reais. Bom , depois do falecimento o que veio em seguida eu relatei no conto anterior. Hoje eu fiquei sabendo que alguém falou assim: Que não sabe como eu tenho tantas fotos antigas sendo que na época nós éramos muito pobres, mais pobres que a pessoa que falou. Mas eu não liguei. Só fiquei muito chateada com esse comentário destrutivo mas eu supero esse tipo de coisa. Já superei tanta coisa...não é isso que vai me abater nem deixar de escrever a minha história. Agradeço a todos os leitores dos meus trabalhos, destaco aqui com gratidão a Poetisa Giselda e Mileidi..Que Deus abençõe vocês , por comentarem e me estimularem air em frente. Irei sim... é o meu desejo e sinto que devo continuar a escrever e terminar este livro. Um abraço carinhoso a todos.
Autora: Margareth Rafael