O Inventor de Vidas
Um dia um menino cabeçudo me perguntou: Inventar textos é ser Escritor? Bom, eu respondi que um Escritor faz muito mais do que inventar textos, ele inventa vidas!
Desde criança sempre tive uma imaginação muito fértil. Ficava em casa imaginando passagens secretas embaixo da minha cama, monstros intergalácticos invadindo o meu quarto, casas voadoras passeando pelo céu, bolinhos assassinos dominando o mundo e um monte de coisas sem sentido.
Naquela época não havia tanta tecnologia como hoje, então usava a minha criatividade para brincar. Não tinha um notebook de última geração com internet e muito menos uma TV de alta definição, mas tinha um mega-drive e um vídeo cassete para alegrar as minhas tardes. Nossa, e eu me divertia pra caramba!
A década de 90 marcou muito a minha infância. Até hoje me lembro das brincadeiras, dos programas, dos desenhos na TV, dos filmes, dos joguinhos, dos produtos, das roupas e do que era moda e do que não era. Ficaria umas 20 páginas escrevendo sobre os anos 90, mas o tema aqui é outro.
Na minha adolescência nunca imaginei que poderia escrever um livro e gostar de inventar personagens, criar cenários e viajar no mundo da literatura. Mesmo sendo um ótimo aluno em Português e péssimo em Matemática, eu não gostava de ler e muito menos de escrever, talvez até preferisse uma tabuadinha simples. Só que tudo isso mudou quando ganhei o concurso de melhor livrinho infantil da 4º série.
Com minha paixão pela ilustração e o desejo de desenhar tudo aquilo que passava na minha cabeça, me dediquei em fazer um livrinho com uma história simples e boba do jogo Super Mario Bros, mas que tivesse desenhos fantásticos, rabiscos que eu achava o máximo. O concurso da 4º série tinha duas categorias, a de melhor ilustração e a de melhor texto. Pois é, para minha surpresa ganhei a de melhor texto.
Minha amiga ganhou a de melhor ilustração e ela dizia que contava histórias melhor do que desenhava. Isso é para mostrar como a vida nos reserva surpresas. Não deixei de desenhar, mas peguei gosto pela leitura e pela escrita. Ainda mais porque o prêmio era uma coleção de livros.
Foi a partir da 4º série que descobri que, algumas vezes, consigo me expressar melhor escrevendo do que falando. De lá pra cá fiz muitas redações, muitos textinhos e guardei a maioria. Mas só me dei conta que poderia ser um escritor e mostrar para o mundo os meus textos em 2009, no primeiro ano da faculdade. Agradeço muito ao meu primo Alessandro, que me incentivou a usar a internet e a tecnologia para divulgar o meu modo de pensar e a minha visão do mundo e da vida.
Quando escrevi o meu primeiro conto A Limpeza de Lívia estava num momento bastante triste da minha vida e isso refletiu na minha forma de escrever, lembro que mostrei esse texto somente para os meus amigos mais íntimos, ainda em caneta, antes de passá-lo para o computador. A Limpeza de Lívia diz muito de mim e é um dos meus “filhos” preferidos. Depois comecei escrever mais textos, já no computador, e mostrava-os por E-mail e Orkut para diversos amigos e colegas. Bom, esse foi o começo da minha vida de escritor.
Os meus primeiros contos foram sobre temas fortes, como: suicídio, violência, mortes e rituais satânicos, então logo recebi o apelido de Ronald Allan Poe e eu ainda nem conhecia o Mestre Poe. No início, as minhas influências literárias eram poucas, pois escrevia pensando no cinema, nos roteiros dos filmes. Diretores como: Quentin Tarantino, David Fincher, Peter Jackson, Pedro Almodóvar e Tim Burton foram e continuam sendo minhas influências na área do cinema. Já no mundo literário gosto muito de: George Orwell, Aldous Huxley, Franz Kafka, Edgar Allan Poe, Marcelino Freire, Machado de Assis, Clarice Lispector, Stephen king e outros.
O tempo vai passando e eu sendo essa metamorfose ambulante, vou mudando de ideia, de opinião e vou escrevendo sobre diversas coisas, diversos temas. Não quero me limitar com rótulos. Muita gente pensa que eu sou um fanático por violência e pelo lado depressivo e triste da vida, mas eu adoro escrever textos eróticos e de humor também, e até já escrevi histórias infantis. Quero quebrar essas barreiras e escrever para todos, quero enfrentar desafios cada vez maiores.
Não costumo comentar muito sobre os meus textos e nem impor ao leitor uma única maneira de interpretação, pois todos os meus textos possuem diversas formas de interpretação, diversos entendimentos e diversas faces.
Uma característica peculiar e que nunca vou perder, seja escrevendo qualquer tipo de texto para qualquer tipo de público é o meu lado intenso, crítico e contestador. Por isso, ultimamente escrevo muito em Blogs defendendo a liberdade de expressão e o fim da censura velada.
Bom, consegui de forma bastante resumida descrever como comecei a ser um escritor, ou melhor, um inventor de vidas!
Dizem por aí que quem conta um conto aumenta um ponto, então eu já tenho alguns pontinhos garantidos na vida.