Biografia de uma poetisa
Dizem que as pessoas já nascem com dons. Acredito que nasçam realmente. Alguns têm mais sensibilidade no olhar que vai além das coisas, atravessa as paredes do concreto e enxerga a alma do outro lado, onde o olhar do homem comum muitas vezes não alcança. Assim são os poetas. Eles veem poesia em todos os lugares por onde passam, veem beleza até nas formas mais áridas e grotescas do mundo. Eles nascem para suavizar o diálogo do homem com a vida, através de versos e imagens que insinuam beleza e sentimentos através de palavras e metáforas.
Mas alguns poetas são talhados com a vida. Foi assim com Maria do Rosário. Filha de pais humildes, nasceu num tempo em que não existiam os recursos de comunicação de hoje e cresceu sedenta pelas imagens e pelas palavras que via nos letreiros, nas páginas de revistas que encontrava em seu caminho e nos poucos livros que por acaso caíam em suas mãos. Começou muito pequena a querer descobrir o mistério das palavras e com a ajuda do pai, foi aprendendo as sílabas, formando palavras com as que ela conhecia e chegou à escola quase sabendo ler. Primogênita dos nove filhos do casal Osmar e Lourdes, começou cedo a formar frases e a registrar seus sonhos que sempre eram lindos, porque se inspirava nas histórias que ela tinha loucura para ouvir de suas professoras. Era apaixonada pelas aulas de leitura. E como viajava longe na sua imaginação, que de repente fazia seus pensamentos brotarem nas folhas de papel.
E foi assim, que aos sete anos de idade fez sua primeira poesia e foi tomando gosto pela arte de fazer versos. Sua vida sofrida de filha mais velha, destinada a ajudar na luta diária pelos cuidados da casa e dos irmãos mais novos, fez com que se sentisse privada da sua infância, já que quase nunca tinha tempo para brincar... e quando tinha, sua paixão sempre foi pelos livros, pelas histórias lindas dos contos de fadas, que mais tarde foram trocados pelas aventuras e pelas histórias de amor. Esse seu jeito sofrido de enfrentar a vida foi um dos caminhos que a levaram à poesia.
A menina cresceu, tornou-se uma mocinha tímida e muitas vezes tristonha. Trazia uma melancolia dentro de si por causa dos sonhos que tinha e que sabia impossíveis, como sair com as amigas, viajar para lugares bonitos que via nos livros, ser jornalista, um sonho cultivado pelos elogios que recebia quando escrevia seus textos. Sonhava em fazer faculdade como muitas colegas de escola que saíam do interior para estudar na capital. Foram sonhos podados, esquecidos e guardados com as muitas decepções que teve na vida. Uma delas, a morte do primeiro amor de sua vida, num acidente trágico que fez com que sua veia poética se transformasse em gritos de revolta e de tristeza por muitos anos, uma forma de dissipar sua dor.
Mas o tempo passou, as cicatrizes se fecharam e ela, como toda mocinha sonhadora encontrou um outro amor, casou-se, teve três filhos lindos e maravilhosos, que são a razão de sua vida. Tudo que ela faz é pensando neles e nos netinhos que agora começaram a chegar. E foi nessa fase de sonhar com netinhos, de conviver com seus sobrinhos, que descobriu de repente o quanto era gostoso escrever poesias infantis. Abandonou um pouco a sua poesia de protesto e passou a escrever com ternura e com amor, bem ao alcance do coração das crianças. Foi assim que surgiu o livro Poesias de Criança, que é muito trabalhado nas escolas da sua região.
Antes disso, participou da Coletânea Lagoa da Prata em Prosa e Verso, editado pela Academia Lagopratense de Letras, onde ela é membro efetivo e ocupa a cadeira no. 8. Também participou da Antologia Palavras Sem Fronteiras, lançado pela Editora Literarte no Brasil, Nova Iorque e Argentina. Atualmente é colunista do Jornal a Folha de Lagoa e Jornal Informação. É membro da Academia Virtual de Letras- AVESPE - e tem páginas no Recanto das Letras e Mar de Letras, onde publica seus textos, quase que diariamente.
Sua vida profissional sempre foi voltada para a educação, tendo iniciado sua carreira como professora de educação infantil, foi vice-diretora, diretora, supervisora e Inspetora Escolar, função na qual se aposentou pela Superintendência Regional de Divinópolis. Hoje, dedica-se exclusivamente à literatura, preparando o lançamento do seu livro de crônicas e a próxima coletânea de poesias, que pretende editar no próximo ano.
Maria do Rosário é assim, uma pessoa simples, com o coração do tamanho do mundo e o olhar maior ainda. Tão grande, que é capaz de enxergar os anjos entre os homens, e com eles aprendeu a linguagem que lhe permite tocar o coração das pessoas, sejam elas grandes... ou pequenas...