Sabarenses Ilustres - O Marquês de Sapucahy
Cândido José de Araújo Vianna, o Marquês de Sapucahy, nasceu
em Congonhas do Sabará, atual Nova Lima, que à época era distrito de
Sabará. Iniciou estudos em sua vila natal, continuando depois em
Sabará, onde cursou Humanidades. Aos 18 anos ( 1812 ) foi nomeado
Juiz de Órfãos para atuar como partidor em processo de inventário na
região. Em 09 de fevereiro de 1815 foi nomeado Assistente de Ordem
da cidade de Sabará. Em 15 de setembro de 1815 foi admitido na
Universidade de Coimbra, em Portugal, onde bacharelou em Direito em
09 de junho de 1821. Em Coimbra foi amigo e colega de diversos
estudantes brasileiros. Alguns deles desempenharam importantes
papéis na vida pública brasileira, dentre os quais, Manoel Alves
Branco ( O Provedor da Casa da Moeda, no Rio de janeiro, ao tempo
das emissões dos Olhos de Boi e dos Inclinados-1843/1845), Manoel
Odorico Mendes e Almeida Garret.
Retornando a Sabará recebe importante nomeação para uma
posição pública, antes da posse, tornou-se Juiz do Distrito de
Mariana. Em 1823 foi eleito Congressista por Minas Gerais e ainda
tornou-se membro do grupo encarregado de escrever a Primeira
Constituição Brasileira. Tornou-se também Diretor do Jornal do
Congresso. Foi reeleito para o Congresso Nacional por Minas Gerais
em 1826, 1830, 1834 e 1838. Em 07 de maio de 1827 foi nomeado
Juiz do Tribunal de Recursos em Pernambuco. Em 13 de novembro
de 1826 foi nomeado, pelo Imperador, Presidente da Província de
Alagoas, mas só tomou posse em 14 de fevereiro de 1828, com o
propósito de impor a paz no cenário politico local, onde obteve
sucesso e mereceu aplausos da população. Neste particular são
atribuídas ao Imperador as seguintes palavras: " Bem, se ele
pacificou uma província irá pacificar outra". Em 17 de setembro de
1828 foi nomeado, através de Decreto Imperial Presidente da
Província do Maranhão, então profundamente agitada. Sua posse
aconteceu em 14 de janeiro de 1829. Novamente bem sucedido ele
transmitiu o cargo ao seu sucessor em 29 de de novembro de 1831.
Inquestionavelmente ele teve desempenho relevante na manutenção
da unidade do vasto território nacional. Em 13 de outubro de 1832
ele tornou-se Juiz do tribunal de Recursos da Bahia. Em 14 de
dezembro de 1832 foi nomeado Ministro de Estado da Fazenda e
cumulativa provisoriamente, também, Ministro da Justiça.
Como Ministro da Fazenda ele descortinou o padrão monetário
e promoveu o ajuste dos meios de pagamento. Resgatou o padrão do
cobre, um resíduo da era Colonial, substituiu as Notas Bancárias por
Apólices do Tesouro e fixou o preço de referência do ouro em
dois mil e quinhentos réis por 1/8 de onça. Este último ato promoveu
a produção de ouro no país e quando Sapucahy deixava o
Ministério em 1834 a companhia britânica Saint John Del Rey Mining
Co. Ltd. ( Mineração Morro Velho ) iniciava suas atividades de
mineração de ouro em Congonhas do Sabará, sua terra natal, as
quais são mantidas até os dias atuais. Nunca existiu, em todo o
mundo, uma empresa de mineração que assegurasse tantos empregos
para sua população local. Estima-se média de 5.000 empregos ao
longo de 165 anos que ainda hoje se mantém.
Num artigo publicado no jornal Correio Oficial, de 28 de setembro
de 1833, o Ministro Vianna criticava os serviços de José Bonifácio,
então tutor do Imperador e de suas irmãs ) para a independência
política. Ele foi levado a sério e foi nomeado substituto de José
Bonifácio na função de tutor. Após deixar o Ministério foi nomeado
procurador do tesouro Público Nacional. Em 1837 ele deixou o
Partido Liberal Moderado e filiou-se ao Partido Conservador. Em 1838
foi eleito Presidente dos Congressistas. Em 11 de janeiro foi nomeado
professor de Literatura e Ciências Positivas de Dom Pedro II e de
suas irmãs e mais tarde selecionado como mestre das Princesas
D. Isabel e D. Leopoldina. Foi membro fundador do Instituto
Histórico e Geográfico do Brasil, inaugurado em 1839 e em 1845
eleito seu presidente, onde se manteve até o final de sua vida.
Deixou o Senado em 23 de março de 1841 para assumir a
posição de Ministro e Secretário de negócios do Império, então
criado com a declaração de maioridade de D. Pedo II. Nesta posição
ele promoveu a Reforma Postal Brasileira através dos decretos 254 e
255, em 29 de novembro de 1842, assinados por ele e o Imperador.
Nesta época era diretor dos Correios Bernardo Jacintho da veiga,
substituindo Caetano Luiz de Araújo. Vianna renunciou ao cargo, por
razões políticas, em 1843, antes do início de circulação dos Olhos de
Boi, cuja Ordem de Serviço fora assinada por ele.
Em 05 de dezembro de 1842, como Grande Mestre do Grande
Oriente ( posição anteriormente ocupada por D. Pedro I ) ele
tornou-se presidente de um dos dois grupos maçônicos existentes.
Aproximando-se do presidente do outro grupo, João Vieira de
carvalho, Marquês das Lages, ele promoveu a unificação da
maçonaria. Apoiado pelo Marquês das Lages, a quem foi oferecido o
direito de primeira recusa, Sapucahy foi então alçado à mais alta
posição existente na Maçonaria, acumulando os títulos de Chefe e
Grande Comendador Honorário. Ele tornou-se presidente do Senado
de 1851 a 1853; Ministro da Suprema Corte de Justiça, na qual
aposentou-se em 12 de setembro de 1860.
O Imperador agraciou-o, primeiramente, com o título de
Visconde e em 15 de outubro de 1873 o mesmo Imperador, seu
amigo, D. Pedro II, concedeu-lhe o título mais alto: Marquês. Em 20
de agosto de 1859 ele foi feito Conselheiro Ordinário com atribuições
nos Ministérios do Império e da Agricultura, Comércio e Serviços
Públicos.
Foi visitado em seu leito de morte pelo Imperador e dele se
despediu com as seguintes palavras:" Senhor, Vossa Majestade é
mesmo magnificente. " Faleceu em 23 de janeiro de 1875, com a
idade de 82 anos, no Rio de janeiro, e foi enterrado no Cemitério de
Catumbi. Era uma pessoa tímida e embora tão bem sucedido ao longo
de sua vida pública e conhecendo várias línguas estrangeiras,
inclusive Latim, Grego e Hebraico, ele não era um orador qualificado.
Fonte: Selos do Império do Brasil - Segunda Estampa
Brasil 1844-1846: Inclinados.