MEU IRMÃO- O VENCEDOR!
 
 
E lá estava o Geraldinho,( como é conhecido até hoje pelos colegas de futebol), na Escola Pública, mostrando para o que veio ao mundo, dando o seu show, honrados e honradas, ficávamnos.
Aluno de escola pública estadual desde a infância, desafiou a si mesmo, pois foi contemplado com meia bolsa para estudar numa escola particular renomada de FEIRA DE SANTANA, foi um desafio, pois já estava  no segundo ano básico, (hoje  ensino médio).  Nesta escola, ele percebeu que tinha que superar-se, pois surgiram tantas dúvidas, até mesmo em áreas de aprendizagem que ele não tinha dificuldade, enquanto aluno da escola pública(matemática e física) ,  isso o fez  chegar a uma triste conclusão,  já não era mais considerado  o melhor aluno, como sempre foi Logo ele, que  era aluno  destaque  em aprendizagens que exigia  raciocínio lógico,  desafiava  alunos de diversas escolas, tanto públicas  quanto particulares, e levava  o título de campeão  num campeonato de  jogo de xadrez anual.  Este evento era promovido pelo EXÉRCITO BRASILEIRO E SOCIEDADE, atividade que movimentava a cidade conhecida por PRINCESA DO SERTÃO.

Enfim, muitas barreiras teve que enfrentar, aos dezoito anos foi sozinho para SALVADOR, frequentar a UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DA BAHIA (UFBA), inicialmente morou em residência, onde vivenciou momentos muito difíceis, pois, sem a presença da mãe que tanto o protegia, ali estava exposto a variedade sócio – cultural que muitas vezes mexia nos sentimentos dele, mas o triunfo de ter passado em todos os vestibulares que prestou (FACULDADE CATÓLICA DA BAHIA, dentre outros),  podendo escolher o curso do seu desejo, não podia tirar o brilho de um garoto que queria vencer, assim,  após uma longa jornada e muita história para contar,  surgiu a oportunidade de comprar um imóvel em SALVADOR.  
 Tudo que ele conquistava me deixava feliz, novidade mesmo, foi vê-lo semestres depois, abandonar ENGENHARIA CIVIL  e ir cursar LICENCIATURA EM FÍSICA, também na UFBA, enquanto muitos questionavam, eu sabia que ele havia chegado a alguma conclusão  maior que todos os julgamentos. Nunca questionei, graças a esta decisão, hoje é  professor concursado  de uma ESCOLA TÉCNICA FEDERAL. E nesta escola conheceu a mãe de uma filha, muito inteligente. Moravam os três com minha mãe, ele voltou para o aconchego de casa. Até que a separação deixou  ele, na responsabilidade dos cuidados com a filha, parte da semana, pois a mãe fica com a filha também. Por fim, minha mãe retornou aos braços do pai.

São nestas reflexões que percebo a sublime missão de ser mãe:  criar os filhos, quando pensa que cresceram e viverão suas vidas, vão chegando, ou para fazer visita de beija-flor, ou para novamente participar do convívio,  no mesmo lar onde foram criados. Já não é o mesmo Geraldinho, é o GERALDO DE JESUS SANTOS,  mas é ele, o filho, que com os mesmos gestos da infância e da adolescência, sempre buscou ter o seu cantinho no ninho, mesmo depois de voar e repousar em outros galhos. Pena que a morte, não garante estes laços para sempre, e sem querer a vida manda um recado, que “é hora de voar Geraldinho”, embora saibamos que o afeto destinado a casa onde fostes criado   alimente as suas esperanças de uma criança sonhadora, que sempre buscou trazer ao cenário do Lar algo diferente, que edificasse e justificasse toda luta.
 
 Criado sem o pai, a ausência paterna dói, pois fica uma sensação de abandono que nada pode superar. Afinal , não existe substituto paterno, mas a ausência materna  é  dolorosa demais, além de não ter substituta materna, é impossível não perceber a batalha das mulheres que criam seus  filhos sozinhas, abdicam da própria existência em favor deles, fazendo de tudo para que possam  melhorar as condições de vida presente, e ainda se preocupam com o futuro, com o que pode acontecer.  Assim,  é possível chegar a conclusão de que, mesmo reclamando a ausência da mãe em casa,  quando criança, cuidando dos filhos, pior seria se tendo as mães presentes, ela e filhos  morressem de fome, ou  juntos, vivessem como miseráveis pedintes, esmolassem  um pouco de pão. Ou pela necessidade, fossem roubar para suprir necessidades básicas, e depois o que justificasse a busca pela “riqueza”, como normalmente os relatos demonstram.
O bom de tudo que vivi é que hoje eu posso dizer que aprendi:  que ninguém é perfeito, ainda que exija de si perfeição,  e ninguém tem o direito de julgar a luta dos seus pais, no meu caso a minha mãe, se não souber colocar-se no  lugar deles, (dela), ou melhor se  não passar exatamente pela mesma dor . E eu posso dizer  que passei, eu sei exatamente o que a minha mãe passou, o que meu irmão passou num curso superior, e não estou aqui para julgá-los nas suas escolhas e decisões, apenas para acolher toda trajetória, toda luta,  e principalmente as  indecisões que tiveram que viver. Presto minha homenagem por tudo que  conseguiram, em especial minha mãe, que já partiu deste mundo, reconheço que cada um é o que pode  ser, apesar dos tropeços que a vida colocou no caminho.

 
Leah Ribeiro Pinheiro
Enviado por Leah Ribeiro Pinheiro em 02/01/2013
Reeditado em 01/01/2018
Código do texto: T4063347
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