21º Conto real-  Debutante
 
1974- 16 anos. Então eu estava cursando a 8ª série. Final do ano seria o baile de debutantes. Simplesmente a vida continuava. A cada ano que entrava tudo ia mudando para mim.  Continuei com o namoro . No princípio estive bem restrita aos carinhos , mas pouco a pouco fui me soltando e me comportando como uma  namorada séria e  carinhosa devia se comportar .  Com a continuação do namoro o meu pai foi –se apegando cada vez mais ao meu namorado e achando que ele era o homem certo pra eu me casar.  A minha mãe sempre desconfiada ... Com o tempo percebi que ela não estava muito a favor do meu namoro. Houve até parentes e familiares que não aprovavam. Alguns até chamaram minha atenção , me avisando que aquele não era o homem ideal para mim. Mas  eu não me  liguei muito nos conselhos e dei continuidade ao namoro. O tempo foi passando. Aquele ano eu iria concluir a oitava série e estava muito feliz. Não deixava que as conversas me abalassem.  As minhas amizades continuaram, assim como  o namoro. Aos poucos ele  já se achava dono de mim.  Quando ele chegava em casa e que eu estava no ginásio, já podia esperar  . No término da aula quando  saía no portão do ginásio mais a minha amiga Léo ele estava me esperando pra me levar pra casa. Entrávamos no caminhão e o cumprimentava com um beijo rápido nos lábios  dele.  Ao chegar em casa, a gente ia namorar. Eu me sentia presa a ele, pois muitas coisas nos ligavam, mas havia algumas que nos separava. Qualquer  situação era motivo de ciúmes e briga. Mas depois voltávamos a namorar. Chegamos a terminar algumas vezes. Eu jurava pra mim mesma que não voltaria mais com ele , mas  não tinha jeito. Quando menos esperava lá estava ele a me procurar. Fazia juras de amor, muito carinhoso, gostava dos beijos dele mas alguma espécie de instinto me alertava de  que algo daria errado se nos casássemos. Então achei melhor esperar  o tempo  passar.  Uns meses depois  ele me levou para conhecer seus pais. Gostei muito deles. A minha sogra também era uma mulher muito sofrida e gostava muito de mim. A família era grande ...muitos irmãos.Na verdade com ele eram dez irmãos. Presenciei situações desagradáveis em sua família e  soube de casos que muito me deixavam de orelhas em pé. Algo de errado acontecia naquela família e eu não me dava conta do perigo que me rondava. Bom  ...chegou o final daquele ano e eu participei da missa na igreja  católica, onde recebemos os certificados de conclusão do ginasial.  No outro ano já começaria a estudar o  1º ano básico. Em março de 1975 fiz 17 anos . A minha vida continuou como sempre fora. Meus pais trabalhando, meus irmãos menores iam crescendo, uma das minhas irmãs, a mais velha já se casara, a outra,  a personagem  citada no meu segundo conto real, ( A pulseira lilás) que é a Síglia, foi tentar a sorte em empregos em Belo-Horizonte na casa de parentes, para ser mais exata ,na casa de uma prima minha, sobrinha da minha mãe,uma que era bem de situação . A síglia foi o caminho para quase toda a minha família  mudar para Belo-Horizonte.  Enquanto isso, eu trabalhava  ora num emprego, ora em outro, como já relatei aqui. Trabalhei com fotógrafo, dentistas, fiz cobrança nas ruas para uma irmã de caridade  que na época precisava de uma pessoa para pegar o dinheiro mensalmente nas casas das pessoas que tinham condições de fazer doações para obra de caridade. Com esse dinheiro arrecadado ,essa freira, a irmã Jovina, comprava os alimentos e  mandava para nossa casa, pois era minha mãe quem cozinhava  no fogão a lenha o almoço e a sopa da tarde para os velhinhos que moravam no asilo perto da minha casa. È  claro que eu sentia humilhada por essa situação, não sei meus irmãos, pois  os meus contos  reais falam sobre mim, minha vida, não quero relatar a vida dos meus irmãos. Eles serão aqui descritos como personagens integrantes da minha  história de vida , mas o  meu foco é falar sobre mim.   As minhas idas ao quintal da nossa casa eram contínuas. Nos finais de semana , quando não tinha nada para fazer, pegava um livro ou uma revista e ia para debaixo das árvores  concentrar-me na leitura. E assim cada vez mais adquiri o hábito de ler. Li vários autores  quenãodaria nem conta d ecitá-los aqui, mas Jorge Amado, Eça de Queirós, Machado de Assis, Cecília Meireles ,Júlio Verne, entre outros eram     os meus preferidos.  Cheguei a iniciar três diários, onde contava  minhas emoções e meus sentimentos, mas  o medo era tanto deles serem descobertos que eu mesma os destruía . Não queria que ninguém lesse o que escrevia sobre mim. Perto de completar dezoito anos em  1976 fiz uma viagem  junto com a minha amiga Leonice , que me acompanhara, à praia , precisamente em Recife. Claro, fomos com o meu namorado.A minha  maior alegria foi quando avistei o mar pela primaira vez. Ao descer do caminhão, cansada,  desanimada,  andei para avistar bem de perto...sentei na areia ainda  quente e pensei comigo mesma: ah ...então esse é o mar. Foi aí que me apaixonei por ele. Foi um dos momentos mais emocionantes que eu  passei na minha vida. Então eu chorei. Senti que algo me ligava a ele e não sabia. Hoje eu sei o que é:   a poesia , a magia dos versos e das rimas que escrevo em minhas poesias e meus contos. Para sempre terei a imagem do mar na minha mente, daquela primeira vez que o vi, do pôr do sol, dos navios ao longe, da areia quente, dos biquínis e  maiôs coloridos que vi no outro dia no corpo das lindas mulheres  que  encontrava, quando no outro dia passamos  o dia no mar. Ainda tenho fotos  daquele dia que fui com minha amiga, de outra vez que fui com a sobrinha dele. As fotos estão guardadas, as tenho escaneadas no meu computador. Se algum leitor quiser ver é só deixar um recado pra mim.  Hoje  as minhas emoções afloraram. Amo escrever e falar sobr a minha maior fonte de inspiração : o mar. Beijos  a todos.pordosol.jpg?width=600

 

margarethrafael
Enviado por margarethrafael em 01/01/2013
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