No Divã
Eu sou desse jeito assim tão confusa que nem sei. Sou do tipo que não faz tipo, do tipo único a moda antiga, de valores desconhecidos. Sou do tipo que prefiro mandar cartas do que e-mail, poemas e versos são lindos e perfeitos, das flores o lírio é meu preferido e o branco o mais bonito.
Sou aquela que se encanta com o canto dos pássaros, aquela que chora de tristeza, de saudade, de felicidade, que se atrai com a simplicidade.
Sou aquela que admira a lua, que lava a alma tomando banho de chuva, que escuta música no fone de ouvido caminhando distraída na rua.
Eu sou o que os olhos veem e o que eles não podem ver. Sou o pouco que mostro e o muito que escondo, o meu melhor é meu avesso, vivo o amor e ódio eu desconheço. Sou a gentileza e o carater de minha mãe e a impaciência e a pontualidade de meu pai.
Sou a música e a poesia que escrevo, a pintura no olhar, na tela, na parede e o desenho no paint.
Sou a voz que se cala e o olhar que fala, o silêncio e o barulho da madrugada, sonho dormindo e acordada.
Sou tímida, teimosa, brava, observadora, desastrada, ciumenta. Sou taurina de ascendente virgem, perfeccionista, organizada e detalhista.
Torcedora convicta do Corinthians e do Flamengo, vibrante e fiel ganhando ou perdendo. Sou muito dos livros que chorando eu li, fragmentos das paixões que sofri, o sentimentalismo absorvido nas
canções do Djavan.
Sou o que fui ontem, o que sou hoje e o que serei amanhã, sou o conflito, meu eu e o meu próprio divã.