Mais uma Travessura - O filme de Brigitte Bardot
Estávamos passando nossas férias escolares em Valença no Piauí, cidade pequena, sem muito atrativo sócio recreativo na época, contudo adorávamos, porque brincávamos de “casinha” com nossos primos no quintal da casa de nossos tios - o quintal era grande, mas para nós, crianças, era um mundo, totalmente à parte, parecia o Sítio do Pica-Pau Amarelo - lá fazíamos comida, tomávamos banho, enfim era o dia todo reinando.
Do que me lembro hoje, eu e minha irmã mais velha adorávamos ir ao cinema, o que não era fácil para nós, o certo é que matávamos e morríamos por uma seção de cinema. Sempre que iniciava o período das férias aparecia um cinema itinerante na cidade (tipo mambembe) e para nossa felicidade, nosso pai nos liberava para esse entretenimento.
Bom, o fato é que minha irmã me disse que o tal cinema estava na cidade (aqui, só no sussurro pra minha irmã não ouvir, ela era o cão de calçolão, se eu não fizesse o que ela queria ela me chantageada, sabe? Alguma coisa errada eu eu tinha feito, talvez ainda na barriga da minha mãe, ou quiçá numa encarnação passada! E lá fomos nós pedir ao nosso pai que nos deixasse ir e ele prontamente nos deu o dinheiro necessário e lá fomos nós! Ao ficarmos na fila para a compra dos ingressos, “cabecinhas no mundo da lua”, nem percebemos que só havia “homens” comprando ingressos... e ninguém nos indagou nada, ninguém falava em censura! Que loucura!! de forma que conseguimos comprar os ingressos na boa!
Entramos, o filme começou e haja barulho, gritos, fiu, fiu!!!!! Nós nos olhamos, estranhando aquele comportamento e quando menos esperamos nos deparamos com as cenas “quentes” do filme, nada mais, nada menos que “E Deus criou a mulher” com Brigitte Bardot! Nós saímos “de fininho”, mortas de vergonha e chegamos em casa, contando a “tragédia”. Nossa avó ameaçando contar tudo ao nosso pai e aja choro!!!! Foi hilária a cena! A nossa tia-avó (Catarina, Catita, para nós) como sempre, com aquele jeitinho todo especial e meigo como só ela tinha, ficou contemporizando a situação:
_ Augusta! Não conte nada a José, as meninas não sabiam do que se tratava, tanto que não mentiram! Veja! Que necessidade elas tinham de contar para nós?
_ Tá bom, dessa vez não vou contar, mas...não façam mais isso!
Ah! Minha avó Augusta e minha Catita linda, depois disso, crescemos e fizemos tanta coisa que merecia repreensão! E deixa eu contar uma coisa pra vocês, que hoje não estão mais entre nós: Sabe quem nos repreendeu? A vida!!! Sim, e ela não foi bondosa como vocês! Garanto que não foi!!!
Ufa! Saindo um pouco das emoções contidas. Naturalmente o filme já havia sido lançado há bastante tempo, mas naquela época era novidade na cidade. Na época do lançamento causou o maior furor tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, foi um escândalo e a musa BB (que amo de paixão), foi condenada pela Liga de Decência Católica dos Estados Unidos. Foi a partir desse filme que BB foi considerada “sex-simbol” do cinema por três décadas.
Bom, depois de muito tempo virei fã número um de Brigitte Bardot, que considero a atriz mais bonita que o cinema americano e europeu já conheceu.
Tenho verdadeira adoração por cinema e o meu filme predileto é o Green Card com Gérard Depardieu e Andie MacDowll - meus atores preferidos - nem sei dizer quantas vezes vi este filme, umas trocentas vezes, uma relíquia para mim.
Quisera poder me lembrar e escrever todos os fragmentos de emoções da minha vida! Essa oportunidade única que Deus nos dá, de protagonizarmos nossa história.
❤️