Meu Dia de Princesa
Sabe aquela minha tia? aquela do texto anterior!!!! Se não sabe é porque não leu, vou dar uma dica...o título é "Como foi isso?", pois é, como eu estava falando, minha tia foi convidada para minha Primeira Comunhão...e lá se foi ela de Picos, no Piauí para a cidade de Campos Sales, no Ceará, onde morávamos.
Quero aqui fazer justiça ao que me lembro. O que antecedeu foi estudos e mais estudos antes de receber a Eucaristia. Naquela cidade a maioria das crianças na Páscoa faziam a Primeira Comunhão através da escola, todas fardadas, mas titia não permitiu isso (acho que foi seu primeiro ato para me conquistar, creio!) e a minha foi inesquecível, com direito a "madrinha" que não foi minha tia, mas uma outra pessoa - lembro que ela era baixinha...muito bondosa (Tia Leci) e depois da cerimônia o café da manhã, que foi realizada na casa dela, aliás, era um casarão. Minha tia e o esposo dela (que eu amo demais) foram os meus padrinhos oficiais.
Titia trouxe com ela o meu vestido branco, lindíssimo, de renda, longo, babados e mais babados, sobressaias, grinalda com coroa, buquê de flores, bolsinha de renda contendo um "Adoremus" (livrinho pequeno de orações ou catecismo, como era conhecido, na época), um tercinho, luvas, sapatinho branco impecável de verniz, enfim...uma verdadeira "princesa", só para ter uma idéia do exagero da minha tia!
O Pároco da Igreja, na época, Padre Baldomiro, era um religioso de difícil convivência e muito intransigente com os fiéis, e do que me recordo, não tinha a menor paciência com as crianças, pelo contrário, fazia grosserias gratuitas, fez comigo, essas coisas a gente não esquece, marca muito.
Foi um dia inesquecível, com direito a foto, ops! "retrato"...naquela época se falava retrato, que o fotógrafo tirava uma única foto, correndo o risco de sair com o olho fechado, mas era só o que tínhamos naquela época, aliás, somente após o filme totalmente usado era rebobinado e enviado para Juazeiro do Norte, no Ceará, para os filme ser revelado, era um processo longo e haja espera!
Mas essa não foi a primeira estravagância que titia fez. Quando era só eu e minha irmã mais velha, titia nos cobria de presentes: era uma correntinha, um brinco, uma pulseira, ela não economizava e nos enchia de mimos.
Eu me lembro de um vestidinho que ela fez (eu e minha irmã vestíamos iguais, era o parzinho de jarros), com a saia toda bordada, com desenhos de passarinhos, gaiolas e florzinhas e a música também bordada em toda a saia:
"Sabiá lá na gaiola
Fez um buraquinho, Voou, voou, voou, voou
E a menina que gostava tanto do bichinho,
Chorou, chorou, chorou, chorou!
Sabiá fugiu do terreiro
Foi cantar no abacateiro
A menina diz soluçando
Sabiá estou te esperando
Sabiá responde de lá
Não chores que vou voltar!🎶
Voltando ao assunto da minha primeira comunhão, meus pais eram Católicos Apostólicos Romanos, e todas nós, as filhas, fomos batizadas.
Já adulta eu escolhi o espiritismo como roteiro da minha vida. Vivencio, estudo e trabalho como voluntária, porque "quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece."
Respeito todas as religiões, sem preconceito, sem estigma, mas o espiritismo foi o algo a mais que eu necessitava para entender o Divino e Sagrado que há em mim, minhas fortes intuições, minhas inquietações e o cumprimento de minha missão na presente encarnação.
Fathma Oliveira