COM MANEZINHO ARAÚJO POR OUTROS CAMPOS DE TRIGO
por Enzo Carlo Barrocco
Manuel Pereira de Araújo, o Manezinho Araújo (Cabo de Santo Agostinho 1913 – São Paulo 1993), cantor, compositor, jornalista e pintor pernambucano, conhecido como o “Rei da Embolada” teve em Minona Carneiro, que também era cantor e compositor, um dos seus grandes mestres . Na Revolução de 1932 engajou-se como voluntário, mas na chegada à Bahia as batalhas em São Paulo haviam terminado. Como prêmio, o pelotão foi embarcado para o Rio de Janeiro. Carmem Miranda, Almirante, Josué de Barros foram os padrinhos artísticos de Manezinho. Tempos depois voltando ao Rio, Josué de Barros consegue uma apresentação para Manezinho na Rádio Mayrink Veiga, sendo contratado pelo programa de Adhemar Casé, na Rádio Philips. No Rio de Janeiro, além de boates e cassinos, Manezinho trabalhou também nas rádios Tupi, Guanabara e Mayrink Veiga. Quando foi morar em São Paulo, ele ingressou na Record. Gravou o primeiro disco, com duas emboladas suas. Atuou também no cinema, "Maria Bonita" (1936) e "Laranja da China" (1940), sempre como cantor de emboladas. Gravou diversos discos de frevos, cocos, sambas e, claro, emboladas entre 1933 a 1956. Seus maiores sucessos foram "Segura o Gato", "Sá Turbina", "Como Tem Zé na Paraíba (com Catulo de Paula), gravado por de Jackson do Pandeiro, "Cuma É o Nome Dele?", "O Carrité do Coroné", "Tadinho do Manezinho" "Quando Eu Vejo a Margarida" e "Pra Onde Vai, Valente?", todas essas músicas são de sua autoria, que também gravou "Dezessete e Setecentos", de Luiz Gonzaga e Miguel Lima. Foi garoto-propaganda cantando jingles do sabonete Lifeboy e sendo contratado depois por uma fábrica do Óleo de Peroba. Trabalhou também como jornalista no rádio e na imprensa, onde escrevia uma coluna. Também foi um dos primeiros artistas a trabalhar na recém-criada televisão brasileira. Abandonou a vida artística em 1954 com um show no Tijuca Tênis Clube que reuniu 15 mil pessoas. Depois disso dedicou-se a um restaurante de comida típica nordestina, em São Paulo e, mais tarde, à pintura. Manezinho fez mais de trinta exposições e os seus quadros sempre foram bem vendidos. Algumas de suas pinturas se encontram em museus regionais, como o de São Luís (MA), o de Araxá (MG), de Feira de Santana (BA). Duas de suas telas, estão expostas no museu da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Portugal. A música popular brasileira, em especial a música nordestina, como também as artes plásticas devem muito a Manezinho Araújo que, seguramente, como cantor está no mesmo patamar que Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Marinês, Ari Lobo, Luiz Vieira entre tantos bons representantes do gênero no Brasil.
Sucessos na voz de Manezinho Araújo
Adeus, Pernambuco Hervé Cordovil, e Manezinho Araújo – Luiz Gonzaga (1952)
Ai!, Maria Luperce Miranda e Minoma Carneiro (1944)
Coitadinho do Manezinho, Manezinho Araújo (1939)
Como tem Zé lá na Paraíba,Catulo de Paula e Manezinho Araújo – Jackson do Pandeiro (1962)
Cuma é o nome dele?, Manezinho Araújo (1956)
Dezessete e setecentos, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
Há sinceridade nisso?, Dozinho, Carvalhinho e Manezinho Araújo – César de Alencar (1952)
Mulher rendeira, domínio público (1937)
O carreté do coroné, Manezinho Araújo (1939)
O chamego da Guiomar, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
Pra onde vai, valente?, Manezinho Araújo (1934)
Quando eu vejo a Margarida, Manezinho Araújo (1939)
Segura o gato, José Carlos Burle e Manezinho Araújo (1936)
Vatapá, Manezinho Araújo (1956)