De boas lembranças a vileza se alimenta
Sabe o que eu gosto? De verdade mesmo o que eu gosto? O que eu mais queria fazer nesse momento?
Domir. . .
Eu só queria dormir, eu gosto muito de dormir, mas existem dias que não dá pra dormir. Simplesmente não consigo. São tantas coisas que minha cabeça acelera ao máximo, minhas pálpebras pesam, o cansaço me toda, o corpo já não resiste, mas a cabeça não para. Pensamento atrás de pensamento, memória atrás de memória. Elas veem sem pedir licença nenhuma, invadem, reviram e quebram tudo o que podem dentro de mim.
Quase não há o que se salve, mas amanhã quando os olhos cansados ainda estirem abertos a esse mesmo horário (03:58 AM), estará tudo refeito novamente, pra novamente ser despedaçado pelas lembranças e idéias estapafúrdias de algo que poderia nunca ter sido o que foi.
Você leitor desavisado e que realmente não conhece este vos escreve, deve pensar que maus pensamentos e más lembranças podem destruir um alguém por dentro com tanta violência. Mas como disse você leitor é um desavisado. Pois o que destrói mesmo são as boas lembranças. Essas são deverás cruel, não poupa nada e ninguém, gosta de espezinhar os sentimentos e o próprio coração, muitas vezes chamado de "coração de pedra", mas mesmo a pedra, quando desferido sobre ela muitos golpes, até mesmo do material não tão bruto, como a própria água (já ouviu? água mole pedra dura, tanto bate até que fura), esses corações, os de pedra, se despedaçam. E o meu não é diferente.
E amanhã ele estará refeito de novo, apenas pra cumprir o seu dever de ser despedaçado. Porque esse tem sido o seu dever. Não se dá ao luxo de mais nada. Se esforça tanto pra se reconstruir que não resta-lhe força nem mesmo pra sobreviver.
E é por causa das boas lembranças, coisa tão vil que jamais em minha existência conheci algo tão nefasto. A vileza das memórias de um coração reconstruído, nem mesmo a serpente, personagem do pecado original, poderia alcançar tamanho nível de aviltamento á ponto de praticar tamanho desdouro a existência de um reles sobrevivente dos dias.
Por isso e apenas por isso, digo com toda certeza, sem o menor medo de errar que hoje o que eu poderia fazer de melhor é apenas dormir, e não já nada que este que pronuncia de forma prolixa essas palavras de total entrega a própria escravidão de viver, deseje mais.
Apenas dormir, mas um sono mais profundo, desses que não se ouça historia de um dia ter acordado. Isso mesmo, eu gostaria de dormir pra sempre, e nunca mais acordar, de a isso o nome que quiser. Hoje é o que eu desejo e chamo como eu quiser. E tentando embelezar o que não pode ser belo chamo de sono eterno. Esse é o meu maior desejo.