CONTO REAL- OS VESTIDOS QUE GANHEI
Conto Real- Os vestidos que ganhei
Como já narrei nos meus contos reais anteriores, meus pais eram humildes demais e não podiam comprar roupas para todos nós. Também já comentei que minha mãe era costureira, a máquina de costura SINGER foi traga da fazenda do meu avô Clemente Moreira. Quando sobrava algum dinheiro, ela comprava na loja uma peça inteira de tecido e fazia roupas do mesmo tecido para todos nós. Mas eu tive alguns vestidos que ganhei de parentes. Certa vez, passei uns dias na casa da minha tia Selvina Moreira, irmã da minha mãe,e tive a oportunidade de ficar uns dias por lá, na cidade aqui pertinho, Teófilo-Otoni.Foi por ocasião de um dos natais da vida. O meu tio emprestado era um homem muito bom e sempre nos tratou muito bem. Dessa vez que eu estive lá, quando foi no dia de vir embora para minha casa, ele me deu um embrulho e me disse que era um presente. Muito feliz e agradecida, abri o embrulho, qual não foi minha surpresa: eram dois tecidos: um branco de bolinha vermelha e outro rosa riscadinho. Vim embora toda feliz. Eu já tinha os meus onze ou doze anos e era só ele , o meu tio, me colocar no ônibus, que eu vinha sozinha. Havia aprendido ir também da rodoviária para a casa dele no Bairro Palmeiras.era um dos cunhados da minha mãe que ela mais gostava. Então quando cheguei em casa, claro , mostrei os tecidos para minha mãe. A minha decepção foi muito grande por que ela logo separou o pano rosa de risquinhos falando que era para fazer uma roupa para minha outra irmã. Fiquei muito revoltada. Ela fez o vestido de fundo branco com bolinha vermelha para mim. Confesso que achei lindo.cheguei a ganhar também um vestido de tecido todo rosinha, já pronto, com babado nos ombros e na barra, foi um presente da minha tia Nilza Kalil, mãe da minha prima Fátima Kalil. Também amei o presente. Na época então eu tinha esses dois vestidos, um branco de forro com um tecido fino por cima , acho que também ganhado. O que eu fiz? Eu mesma lavava minhas roupas e deixava no quarador, que era um pouco distante da minha casa. Havia mais roupas , um casaco de frio azul que minha mãe costurara pra mim,uma blusa branca de aula, uma saia azul plinçada de ir estudar e mais algumas peças. Lavei todas essas peças , estendi para quarar durante a noite, como dizíamos, e qual não foi minha tristeza no outro dia ao ir lá. Alguém havia roubado quase toda a roupa, todos os vestidos que eu ganhara, ficando apenas o casaco e a roupa de aula. Eu sofri muito. E nunca mais soube quem roubou os meus vestidos. Foi um fato muito triste na minha vida.Se vestido já era difícil, Imagina calçado pra uma família de dez filhos. Uma vez ganhei um sapato bem grosseiro para estudar, mas pesava tanto os meus pés que às vezes preferia ir de chinelo mesmo.Uns dois anos depois, quando já estava estudando no ginásio, ali pela sétima série, que fui vestir uma calça azul , possuir duas blusas brancas de aula, um short para educação física , uma camiseta branca, o casaco comprido, azul, ficou para a época de inverno, ia pro ginásio com ele, era um firo..doía até os ossos.Estávamos no ano de 1970 e eu já completara 12 anos. Com essa idade eu já comecei a fazer pequenos serviços. A minha primeira experiência em ganhar o meu próprio dinheiro foi fazer umas cobranças para uma irmã de caridade, que eu recolhia o dinheiro mensalmente na casa das pessoas que podiam doar o dinheiro. Esse dinheiro era entregue nas mãos dessa irmã para comprar mantimentos , para fazer a sopa diária dos moradores das casinhas são Vicente, e por incrível que pareça, a irmã Jovita escolheu a minha mãe para fazer essa sopa diariamente para aquelas pessoas que vinham, trazendo suas vasilhas e em fila recebiam cada um sua porção. Eu me sentia estupidamente humilhada, a vida não era fácil pros meus pais nem pra nós. Foi uma série de episódios tristes que aconteceram na minha vida. Esperem o próximo relato.Um abraço fraterno com beijos de luz de : Margareth Rafael