CONTO REAL- IDA AO CIRCO
Os meus dois primeiros anos de alfabetização passaram-se rápidos. Era muito pequena e não era possível eu ter alguma tarefa. Acho que o que eu tinha que fazer era só mesmo estudar. E realmente era só o que fazia, além de viver perscrutando o que não devia, observando o desenrolar da vida dos meus pais e sobretudo tentar viver a minha infância, que de passagem , não digo que foi da piores, mas também não foi das melhores. Nesses dois anos,1964 e 1965, vivi alegrias, prazer de estar na escola , mas houve acontecimentos que uma criança vê, não sabe explicar por quê acontece, mas o coraçãozinho sente e a mente grava. Hoje vejo que tenho boa memória. Relatarei um fato aqui do meu irmão , o que já apresentei para vocês , o Cleilton. Deixe-me falar primeiro do circo que apareceu aqui na minha cidade nesta época. O nome já não lembro, mas também, lembrar nome de circo nesta altura da vida , eu teria que ter uma mente prodígio.Mas em 1965, apareceu um belo circo na cidade. Para mim, que foi uma beleza eu ter ido assistir a apresentação da tarde, foi deslumbrante ter passado por aquela portinha circense, poder adentrar naquele recinto bem grande, coberto por lonas coloridas, desenhos nas cortinas dos carros onde se escondiam os camarins dos artistas, onde eles se arrumavam, e aquela música da época, bem marcante, bem alegre, só isso já me divertia bastante. Mas era muito legal ver tantas pessoas reunidas, batendo palmas, assoviando, sorrindo,eu conheci a alegria genuína naquele lugar,eu vi e senti o sorriso das pessoas a minha volta.Durante o espetáculo, a cada apresentação eu me compenetrava mais, aí conheci o que era um circo. Como eram lindas as trapezistas,balançando nas cordas, fazendo malabarismos no trapézio, os bailarinos fazendo suas apresentações, o palhaço com suas piadas ,fazendo graça para a platéia sorrir, os animais como macacos, leões,também pude assistir ao globo da morte, como foi emocionante,o medo ficava estampado no rosto das pessoas, era tudo muito novo, presente , inusitado para mim. A atração continuou com várias apresentações, destaquei apenas as que eu mais guardei comigo, e acreditem, nunca mais vi um circo com moças e rapazes tão bonitos e artistas como aqueles, também poucas vezes voltei ao circo. è uma das mais lindas recordações que eu pude contemplar na minha vida. Mas como escrevi no princípio des te conto, tenho lembranças boas mas também ruins. Por exemplo , nesse mesmo ano, a minha mãe havia feito vários canteiros, um atrás do outro, separado por pequenos espaços, acho que era alguma planta como um coqueirinho, ou outra planta, não saberia definir certinho, sei que já estavam todos plantadinhos. Mas coitado do meu irmãozinho, ele tinha dois anos a menos que eu, na sua ainda inocência, ele foi e arrancou algumas das mudinhas plantadas nos canteirinhos, que eram todos assim circulados com pequenas varinhas ou pedaços de tijolo. Tal foi a sua infelicidade , que a nossa mãe descobriu e fez uma coisa que eu não concordo até hoje. Ela deu uma surra de vara de jabuticaba no Cleilton, indo de canteiro em canteiro, repetindo a surra. Eu fiquei muito atrapalhada, imaginem ele, meu coração doía , sinceramente eu não sei por que minha mãe agia dessa maneira, e essa não foi a primeira vez que eu me decepcionei com ela. O meu irmãozinho ficou com as perninhas todas marcadinhas de relepões,machucados, fiquei com muita pena, coitadinho, mas vocês se surpreenderão com outros fatos que aconteceram com ele. Relatarei pouco a pouco mas quero ter a consciência de não inventar fatos, e sim falar a verdade. Quero registrar toda uma estória de vida aqui. A estória da minha vida.
OBSV: O QUE DESCREVI AQUI NÃO SIGNIFICA QUE NÃO AMAVA MINHA MÃE. EU A AMAVA MUITO , HOJE SEI QUE ELA AGIA ASSIM POR IGNORÂNCIA E POR CAUSA DA POBREZA EM QUE VIVÍAMOS. AO LONGO DAS MINHAS NARRATIVAS VOCÊS IRÃO COMPREENDER.
Os meus dois primeiros anos de alfabetização passaram-se rápidos. Era muito pequena e não era possível eu ter alguma tarefa. Acho que o que eu tinha que fazer era só mesmo estudar. E realmente era só o que fazia, além de viver perscrutando o que não devia, observando o desenrolar da vida dos meus pais e sobretudo tentar viver a minha infância, que de passagem , não digo que foi da piores, mas também não foi das melhores. Nesses dois anos,1964 e 1965, vivi alegrias, prazer de estar na escola , mas houve acontecimentos que uma criança vê, não sabe explicar por quê acontece, mas o coraçãozinho sente e a mente grava. Hoje vejo que tenho boa memória. Relatarei um fato aqui do meu irmão , o que já apresentei para vocês , o Cleilton. Deixe-me falar primeiro do circo que apareceu aqui na minha cidade nesta época. O nome já não lembro, mas também, lembrar nome de circo nesta altura da vida , eu teria que ter uma mente prodígio.Mas em 1965, apareceu um belo circo na cidade. Para mim, que foi uma beleza eu ter ido assistir a apresentação da tarde, foi deslumbrante ter passado por aquela portinha circense, poder adentrar naquele recinto bem grande, coberto por lonas coloridas, desenhos nas cortinas dos carros onde se escondiam os camarins dos artistas, onde eles se arrumavam, e aquela música da época, bem marcante, bem alegre, só isso já me divertia bastante. Mas era muito legal ver tantas pessoas reunidas, batendo palmas, assoviando, sorrindo,eu conheci a alegria genuína naquele lugar,eu vi e senti o sorriso das pessoas a minha volta.Durante o espetáculo, a cada apresentação eu me compenetrava mais, aí conheci o que era um circo. Como eram lindas as trapezistas,balançando nas cordas, fazendo malabarismos no trapézio, os bailarinos fazendo suas apresentações, o palhaço com suas piadas ,fazendo graça para a platéia sorrir, os animais como macacos, leões,também pude assistir ao globo da morte, como foi emocionante,o medo ficava estampado no rosto das pessoas, era tudo muito novo, presente , inusitado para mim. A atração continuou com várias apresentações, destaquei apenas as que eu mais guardei comigo, e acreditem, nunca mais vi um circo com moças e rapazes tão bonitos e artistas como aqueles, também poucas vezes voltei ao circo. è uma das mais lindas recordações que eu pude contemplar na minha vida. Mas como escrevi no princípio des te conto, tenho lembranças boas mas também ruins. Por exemplo , nesse mesmo ano, a minha mãe havia feito vários canteiros, um atrás do outro, separado por pequenos espaços, acho que era alguma planta como um coqueirinho, ou outra planta, não saberia definir certinho, sei que já estavam todos plantadinhos. Mas coitado do meu irmãozinho, ele tinha dois anos a menos que eu, na sua ainda inocência, ele foi e arrancou algumas das mudinhas plantadas nos canteirinhos, que eram todos assim circulados com pequenas varinhas ou pedaços de tijolo. Tal foi a sua infelicidade , que a nossa mãe descobriu e fez uma coisa que eu não concordo até hoje. Ela deu uma surra de vara de jabuticaba no Cleilton, indo de canteiro em canteiro, repetindo a surra. Eu fiquei muito atrapalhada, imaginem ele, meu coração doía , sinceramente eu não sei por que minha mãe agia dessa maneira, e essa não foi a primeira vez que eu me decepcionei com ela. O meu irmãozinho ficou com as perninhas todas marcadinhas de relepões,machucados, fiquei com muita pena, coitadinho, mas vocês se surpreenderão com outros fatos que aconteceram com ele. Relatarei pouco a pouco mas quero ter a consciência de não inventar fatos, e sim falar a verdade. Quero registrar toda uma estória de vida aqui. A estória da minha vida.
OBSV: O QUE DESCREVI AQUI NÃO SIGNIFICA QUE NÃO AMAVA MINHA MÃE. EU A AMAVA MUITO , HOJE SEI QUE ELA AGIA ASSIM POR IGNORÂNCIA E POR CAUSA DA POBREZA EM QUE VIVÍAMOS. AO LONGO DAS MINHAS NARRATIVAS VOCÊS IRÃO COMPREENDER.