Leitor brasileiro honrado carrega consigo o Jorge Amado.
Jorge Amado, o maior escritor romancista do século XX no Brasil, e um dos maiores do mundo. Sua posição de autor era pelo povo miserável, explorado, oprimido, e contra quaisquer inimigos desse povo. Trouxe para a nossa literatura uma pitada gostosa do povo baiano. “Afinal, somos mulatos, pela graça de Deus!” – disse, certa vez, pois admirava a miscigenação racial brasileira e levava exuberantemente bem o humor a qualquer exemplo de preconceito.
Sua adolescência em Salvador e, mais tarde, o contato com aquela vida popular seriam entrelaçados e marcados na suas obras. Participou da vida literária de Salvador, e depois foi um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens escritores que se opunha ao Modernismo e que desempenhou uma função importante e revolucionária nas letras baianas. Entretanto, Jorge é considerado modernista da segunda fase, pois, no final das contas, procurou a mesma coisa, a renovação literária e as modificações na sociedade. Em 1930, começou as suas publicações, primeiro livro foi “O País do Carnaval”. Durante a década de 1930, no Rio de Janeiro, estudou na faculdade de Direito (UFRJ), e lá participou de reuniões regadas de discussões políticas e de artes.
Quando jornalista interferiu na política ideológica do comunismo, como outros de sua geração. Suas obras dão destaque as várias questões, como a falta de justiça social, a política, a crença, as tradições e a sensualidade. Pela literatura ele propagou suas ideias sobre esses temas. Politicamente, em 1945, eleito deputado federal pelo PCB, sofreu fortes pressões políticas. Foi autor da garantia da liberdade religiosa. Segundo ele mesmo declarou, era materialista, todavia, tinha simpatia pelo candomblé e disse certa vez: “Não sou religioso, mas tenho assistido a muita mágica. Sou supersticioso e acredito em milagres. A vida é feita de acontecimentos comuns e de milagres.” Milagres responsáveis por várias leis que beneficiaram a cultura. Na Academia Brasileira de Letras, em 1961, foi eleito para a cadeira de número 23, suas obras foram traduzidas para quase 50 idiomas.
Jorge Amado escreveu contos, biografias, peças e até mesmo um guia de viagens.
Morreu aos 88 anos, em seu grande lar, na terra brasileira, exatamente em Salvador.
Mas a morte não foi tão importante diante desse grande homem. Afinal, além da vida está a arte, e além desta a eternidade. Deixou registrado seu talento, sua escritura, sua arte na nossa literatura brasileira. E, para as novas gerações de leitores e escritores do nosso idioma, deixou em páginas, a magia de seus personagens: Vadinho que era o vadio; Teodoro Madureira, ao contrário, que era mais “maduro”; o mulato Pedro Archanjo, de Tendas dos Milagres (1969), uma espécie de intelectual do povo afro descendente da Bahia, sem contar as suas lindas protagonistas femininas: Dona Flor e Gabriela, que, entre outras, são uma exaltação ao erotismo e heroínas valentes e fortes. Enfim, foi premiado no estrangeiro e no Brasil. Obrigado, Jorge Amado, pelo que fez à nossa literatura. Exerceu a função perfeita da vida e da leitura, conforme retrata o livro “Capitães de Areia” (1937), da beleza contida na verdade simplória. Assim, permanecerá importante para o nosso Brasil.
“Escrever é transmitir vida, emoção, o que conheço e sei de minha experiência e forma de ver a vida.” (Jorge Amado).