Uma reflexão de amor
Certa noite sorri muito com o meu neto Biel. Ele é um garoto de dois aninhos, extrovertido e sapeca que só ele, promete muito para seus pais se souber educa-lo.
É um garoto muito esperto, ativo, quer ver e saber de tudo sabe brincar, dançar e cantar.
Quando chora sabemos que quer água, comer ou dormir tem o vicio de um paninho ou uma fralda na boca antes de dormir, parece que a fralda substitui o bico, que rejeitou anteriormente ou a mama que foi retirada mais ou menos aos seis meses.
Neste dia passeamos com ele, o levamos até a casa da tia e depois fomos ao Shopping Barra.
É tão sabido que já sabe quando vamos sair ou ficar em casa, adora passear. As brincadeiras dele parecem até ensinadas por adultos, acredita que ele vinha devagar, apertava com os dois dedinhos a cabeça do meu joelho ficando as unhas, quando eu gritava ele saia rindo, era preciso que filmasse para ver a fisionomia dele sem-vergonha.
Depois achou pouco, trocou as unhas pelos dentinhos e saiu correndo, é claro que não apertava. Bom mesmo é o ver mexer e rodopiar, os saltos e pulos, é preciso ver de perto a flexibilidade dos músculos, diria que pode vir a ser um verdadeiro atleta com o passar do tempo, isto é se for estimulado.
A noite não consegui dormir, de alguma forma foi um dia muito especial, vinha uma sonolência e logo, logo, acordava, até que voltei minhas vistas para Briel que estava deitado ao meu lado, fiquei admirando-o. São dois anos, mas é tão traquina que nada passa por ele sem que seja percebido. Imagina que quando no Shopping passou um senhor vestido com a camisa do Bahia, ele deu um grito forte: “Bahiaaaaa”.
Ele estava dormindo, mas eu não sabia qual a razão que ele se virava tanto de um lado para o outro. Houve momentos em que me surpreendia admirando a fabrica de minha filha, aliás, do marido dela, porque quem determina o sexo é o homem. Assim dizem os intelectuais.
Admirei-o, o Maximo que pude, até o momento que veio um pensamento repentino, o verbo amar é o verbo que quando conjugado eleva o espírito, eleva a alma das pessoas. Comecei a conjugar o indicativo presente, eu amo, tu amas... a proporção que ia conjugando sentia uma sensação de alegria, algo tomava o meu ser, parecia haver entrado em êxtase, estava leve e me vi sorrindo admirando a criança.
Comecei a refletir sobre o amor, sabia que naquele momento estava sentindo um amor puro, sem pedir trocas, um sentimento inexplicável, tudo que viesse daquele garotinho era compreensível, muitas vezes até provocava risos, como sua forma de dormir, virando de um lado ora o outro, jogando as pernas em cima de mim, ora para outro lado, depois virava de buço, levantava a cabecinha, movia o corpo que nem uma minhoca e colocava a cabecinha em cima de meus braços, rolava até minha barriga, nada desses movimentos me irritava... Era lindo demais.
Como explicar em palavras tais sentimentos? Foi muito difícil me por como expectadora da minha própria emoção, ficar frente a frente comigo mesma, me assistindo e analisando aquele sentimento.
Naquele momento descobri o quanto estava satisfeita comigo mesma. Agradeci a Deus pois descobrira o amor verdadeiro. Vi também que aprendera a conjugar o verbo amar e dizer: eu me amo, me amo sim, te amo meu neto, e a todos que estão a minha volta.
Aprendi a aceitar-me com todos os meus defeitos, descobri também que não carregava magoas no meu coração, de ninguém. Havia feito tantas terapias, tantos tratamentos que nem percebi com aconteceu a cura da depressão.
O fim do egoísmo, do amor de cobranças. Eu não era mais a mesma. O que é o amor realmente?
Descobri que quando não nos amamos, não temos capacidade de amar ninguém. Passei a ver somente as qualidades boas das pessoas, e olhar o mundo de maneira diferente. Quando nos amamos começamos a ver o próximo em outro ângulo. Ai começou a ver e sentir Deus.
Deus amor. Assim é ele o nosso Deus.
Quando sentimos amor puro, significa que Deus está em nós, porque Deus é amor. O amor é infinito não distingue raça, nem cor. Não se preocupa com riquezas materiais e sim, com o espírito.
Quem ama, ama a vida, porque Deus é vida e vida é amor. Amor é felicidade, aquela felicidade que está dentro de nós e temos medo de encontra-la, por isto a buscamos longe de nós.
Para ser feliz é necessário acasular-se, encontrar-se, enfrentar-se, para conseguir voar.
Meu neto foi quem me mostrou o quanto estava feliz naquele momento ao ponto de captar a inocência da criança, com seu coração aberto para a vida.