T E M P O S M E M O R I A I S - Gratas E Amargas Lembranças Dos Tempos De Minha Vida
PARTE I
INTRODUÇÃO:: Relatar algum fato, contar alguma história que sirva como referência às filhas, netos (as) e a quem mais interessar possa, eis o sincero propósito do autor, nestes tempos de agora, no ocaso deste viver.
Desejando ser o mais fiel possível neste relato, procura-se ser, também, intérprete da geração atual, nos aspectos sócio–econômico e político, destes tempos, em nosso país. O passado daquele menino ficou bem distante, mas com bastante empenho, está a rememorar os seus mais importantes fatos. Este é o seu desejo desde algum tempo atrás. O Computador muito ajudará! Fosse usar a centenária máquina datilográfica, certamente esta tarefa sofreria, por tempo indeterminado, um adiamento. O Escritor destas Memórias deseja conversar com alguns dos seus personagens, que com ele quiserem dialogar. Escritor que doravante se indentificará pelo nome que seu pai, não se sabe o motivo, o chamava - "abello", ou "menino, garoto".
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
PARTE I
INTRODUÇÃO:: Relatar algum fato, contar alguma história que sirva como referência às filhas, netos (as) e a quem mais interessar possa, eis o sincero propósito do autor, nestes tempos de agora, no ocaso deste viver.
Desejando ser o mais fiel possível neste relato, procura-se ser, também, intérprete da geração atual, nos aspectos sócio–econômico e político, destes tempos, em nosso país. O passado daquele menino ficou bem distante, mas com bastante empenho, está a rememorar os seus mais importantes fatos. Este é o seu desejo desde algum tempo atrás. O Computador muito ajudará! Fosse usar a centenária máquina datilográfica, certamente esta tarefa sofreria, por tempo indeterminado, um adiamento. O Escritor destas Memórias deseja conversar com alguns dos seus personagens, que com ele quiserem dialogar. Escritor que doravante se indentificará pelo nome que seu pai, não se sabe o motivo, o chamava - "abello", ou "menino, garoto".
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.
TEMPOS INFANTIS
1- A 2.ª GUERRA MUNDIAL:: Foi nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial que nasce ABEL JOSÉ DA SILVA, em 20 de abril de 1943, na cidade de Uberlândia-MG, que costuma chamar de encruzilhada do mundo. O local é hoje designado “Distrito Industrial”, mas, que naqueles tempos, era uma Fazenda de criação de gado Zebu. As dificuldades impostas por aquela Guerra resumiam-se praticamente no racionamento de alimentos como trigo (fila do pão), de combustíveis como gasolina (o gasogênio-dispositivo mecânico que transformava o carvão de pedra em Gás carburante era adaptado na traseira dos carros fazendo o papel de carburador, que nos carros modernos já foram substituídos pelo sistema de injeção-eletrônica). Vai um pouco da história de um pioneiro do transporte de passageiros da cidade de Patos de Minas, que teve a sua “quota” de gasolina sonegada pelo prefeito por questões políticas. Então o Sr. Gontijo, que seria dono de uma das maiores Empresas de ônibus do país, transformou o motor da sua “jardineira” para álcool, vencendo, assim, as adversidades daquele momento. E, também, dificuldades de ordem político-sociais, onde pessoas consideradas inimigas, por pertencerem a outro país em guerra contra os aliados, foram perseguidas no Brasil, presas, torturadas ou constrangidas, tendo seus bens sequestrados. Japoneses, italianos, alemães, sofreram os rigores desta perseguição. Os bisavós paternos dos netos, talvez tenham sofrido também estes horrores daquele tempo. Muitos brasileiros foram convocados para lutarem naquela guerra, inclusive o pai do autor, que foi dispensado, logo após a sua convocação. No final desta tragédia, adicionavam-se mais horrores ao macabro espetáculo com a destruição das populosas cidades japonesas HIROSHIMA e NAGASAKI.
Sempre interessado em assuntos bélicos, o menino pergunta:
-Como era aquele tempo da Guerra?
Ela, sempre à frente nas respostas, responde:
-Eram tempos difíceis, tudo racionado, como o pão e outros produtos alimentícios que dependesse do trigo, que ora alimentava os soldados nos campos de batalha da Europa.
-O papai quase foi pra guerra? -Sim, quase ficou herói, faltando só ir para os campos de batalha.
-Dizia ela: O meu primo esteve na guerra! Houve muita festa na sua volta!
De fato, o primo Antonio da Bárbara que há tempos, menino encontrou em BH, participara da expedição FEB- Força Expedicionária Brasileira, orgulho de todos os brasileiros. Muitos daqueles combatentes ainda vivem até agora.
Havia naquele tempo, da primeira e segunda guerras mundiais, menos pretextos que hoje temos para um “Terceiro Conflito”. As guerras sempre tiveram causas econômicas, como analisava Karl Marx, e como também a própria ESCRITURA SAGRADA o fez há dois mil anos atrás aproximadamente. A guerra, assim como a paz, começa dentro de cada um de nós.
2-OS PAIS E AVÓS:: Os Seus pais, BIANÔR JOSÉ DA SILVA e GERALDA MACHADO DA SILVA, que antes trabalhavam na cidade de Araguari, seu lugar de origem, logo se mudaram para o campo. Trabalho de fazenda, cuidando do quintal, pequenas roças e dos animais. Há alguns tempo, Abello visitou a região onde morou, quando ainda bem criança. Região próxima de Uberlândia, onde também nasceu seu irmão Joel, logo abaixo da sua idade. Era a “Fazenda do Panga” que se avalia hoje ter sido, naquela época, a região onde havia mais lobos-guará por metro quadrado no planeta, e que os espreitavam dum mato próximo à sua casa.
Seus avós maternos, Antônio Machado e Maria Cardoso, moravam por perto. Seu avô, carpinteiro, de estatura física avantajada, que trabalhava construindo, com madeiras, currais, pontes, engenhos de moer-cana, casas, sobrados, podia levantar pesos que só dois ou três homens de tamanho normal conseguiriam fazê-lo.
-Menino! Saia de perto dessa roda denteada, tira a mão daí seu peralta!
Ficava pouco à vontade com o Velho da Serraria, mais parecido com um gigante das estórias dos castelos! O seu melhor presente para o neto? Falará dele depois, e de um episódio lamentável!
Sua avó trabalhava na confecção de vestuários na sua própria casa. Bem fragilzinha físicamente, podia também muitas coisas, como cuidar dos netos, fazer suas tarefas caseiras e ainda falar de JESUS a quem dela se aproximasse, e quisesse ouvi-la.
Na sua infantilidade, inquiridor inveterado, especula, no falar dos mineiros, disparou: - Vovó, quando você morrer, posso ficar com a sua máquina de costurar?
–Certo que sim dizia ela, meio sem graça!
Hoje procura também, dar toda a liberdade para os seus netos. O Pedro está sempre de olho no seu monitor, maior do que o dele! Certo que sim... ficando este avô, também, desconcertado!
Seus avós paternos morreram antes que ele nascesse. Chamavam-se Policarpo José da Silva e Ernestina Maria de Jesus. Contou-se que ele morrera tragicamente na linha férrea, devido o alcoolismo. Era de Beija Flor-BA, hoje Guanambí, que em Tupi-guarani tem o mesmo significado. Chegara ao Triângulo Mineiro, talvez vindo pelo Rio São Francisco, até Pirapora-MG e de lá a Araguari onde conheceu sua avó, ou rasgando a pé, pelo norte de Minas, como faziam aqueles que viam em busca de diamantes em outros lugares, como Mato Grosso. Era um Mestre-Escola; o vício do álcool o vencera.
3-O ANCESTRAL:: Quando esteve em Salvador, há uns 10 anos, lá no “Pelourinho”, o menino pôde imaginar a cena com o seu “ancestral”, sendo ali negociado, e vendido para as lavras de diamantes na “Chapada Diamantina”, de onde saiu seu avô para Minas Gerais, há mais ou menos 85 anos; pois os entrepostos do nefasto “comércio” ficavam no Rio de Janeiro e em Salvador. Da Escravidão em todos os lugares, e em todos os tempos, o fato mais grave foi a “desagregação familiar” que causou. O Pai, mãe, filhos sendo vendidos cada um para lugares diferentes um do outro. Os efeitos, ainda hoje se fazem sentir, no quotidiano do negro, em todos os lugares. As infelizes expressões “crioulo doido” e “nega maluca” tão pronunciadas, é, também, mais uma confirmação do estrago social e psicológico sofrido pela raça, no entender do Professor de Teologia Pastoral, Laurence Rea. Mas, longe deste povo, a acomodação ao regime escravo, era submetido. Sempre tramando, se insurgindo em ocasiões propícias, se organizando para formação de núcleos que oferecessem maior e melhor resistência, estavam os “Quilombos”, por todo este país. O de “Palmares”, foi o melhor exemplo da tenacidade e amor à liberdade por parte dos nossos antepassados de raça negra. A expressão “denegrir a imagem”, de uso corrente, em relação aos “quilombolas”, se tornaria motivo de honrarias, a qualquer pessoa de outra raça. Enegrecer a imagem de alguém, e este é o sentido do “verbo”, valeria muito a pena!
-Pruquê nosso sinhô num pudia vendê tudo nóis junto? Pra dindonde ancê vai, mãinha? - Indagava o filho que se separava da mãe, talvez pra sempre!
-A nêga veia num tá sabeno de nada, não, mim zin fio. Responde a mãe visivelmente transtornada com a situação.