GASTÃO Raul de Forton BOUSQUET (Centenário 1918)

Gastão Bousquet
“Como seria bom deixar a vida e de novo começar a viver, como quem, no jogo de bilhar, puxa o rosário das marcas e começa uma partida nova!”
(Rapidamente. Diário de Notícias. Rio de Janeiro, 15 fev. 1890.)

Gastão Bousquet (23/09/1870 - 17/03/1918). Republicano, abolicionista, poeta, cronista, escritor (romancista e humorista), autor teatral, jornalista, redator-secretário, redator-chefe e delegado de polícia. Brasileiro de destaque em fins do século XIX e início do século XX, atualmente (infelizmente) pouco conhecido, mas muito respeitado por seus companheiros jornalistas/escritores. Notabilizou-se por seu humor, peças teatrais e comentários sobre a cidade e também religião. Deixou uma considerável, mas dispersa obra literária, na sua maioria dispersa nos jornais.
Gastão Bousquet, como era conhecido, nasceu em Santos, a 23 de setembro de 1870, como filho do cônsul da França no Brasil e médico Alexandre Bousquet. Seus primeiros estudos foram feitos em Santos, com o professor Tiburtino Mondin Pestana, chegando até os preparatórios. Destinava-se à carreira jurídica, mas uma decidida vocação jornalística desviou-o dela, levando-o a ingressar muito moço, logo aos 16 anos, nas lutas da imprensa, no último período das duas campanhas, abolicionista e republicana, ao lado da esplêndida mocidade que secundava o trabalho dos condutores-chefes, principalmente ao lado dos moços da Bohemia Abolicionista, encabeçados por Pedro e Guilherme de Mello.

Em 1887, fundou em Santos, com Alberto Sousa, a Revista, folha literária e republicana. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, sua primeira crônica foi publica¬da em 2 de março de 1889, ano da proclamação da República, e integrou a redação do Diário de No¬tícias, de Rui Barbosa, até 1891.

Atividade profissional

Gastão, que nasceu em Santos e iniciou a carreira jornalísti¬ca ainda jovem no Diário de Notícias em 1889, seguiu a trajetória dos homens de letras da sua época, quando chegavam ao Rio de Janeiro. Para obterem reconhecimento e notoriedade, trocavam a vida provinciana pela capital.
Gastão deixou a redação do Di¬ário de Notícias em 1891, passan¬do a integrar inicialmente o corpo de redatores do jornal Tempo e, posteriormente, de O País, de Quintino Bocaiúva, para substituir J. Guerra, pseudônimo de Urbano Duarte. Nesse periódico, estreou outro estilo jornalístico, passando a escrever textos humorísticos, com a assinatura de “J. Repórter”. Foi colaborador da Ga¬zeta de Notícias, de Ferreira de Araújo, e da Cidade do Rio, dirigi¬do por José do Patrocínio. Algum tempo depois, foi redator-chefe do Correio da Manhã e redator-secretário da edição da tarde do Jornal do Commercio. (Cf. O PAÍS. Rio de Janeiro, 18 mar.1918).
Gastão Bousquet ainda voltou à sua terra, em 1901, entrando para a redação do Diário de Santos, em que permaneceu poucos meses, retornando à capital do país, onde durante 17 anos, foi um dos vultos principais da imprensa.
Nos seus últimos anos foi redator do Correio da Manhã e correspondente da A Platéa, de São Paulo, cargos que ocupava quando morreu.
No dia 17 de março de 1918, às 15h30, aos 47 anos de idade, faleceu Gastão Bousquet, em sua casa, na rua Valladas, número 13, em Niterói. Foi sepultado no cemitério de Maruí, daquela cidade.
Entretanto, depoimentos de companheiros de imprensa, por ocasião da sua morte, revelaram que Gastão despediu-se dessa vida no mais completo anonimato. E, se um balanço do seu final de carreira fosse feito, certamente encerraria uma imagem melancólica do jornalista.
Por ocasião do seu desaparecimento, vários jornais do Rio de Janeiro ressaltaram-lhe as qualidades:
Talentoso e ilustrado, tanto fazia a crônica como o artigo político, tanto quantificava na primeira coluna como descia ao anonimato vago. E assim ele foi o repórter e redator, o secretário e o redator-chefe de vários jornais. Era um jorna¬lista completo e competente que trabalhou toda a sua vida para deixar aos filhos um nome honrado e digno. (O PAÍS. Rio de Janeiro, 18 mar. 1918)

Além da Atividade Literária

No período do governo provisório da República, em 1889, quando se encontrava na chefia da polícia do Rio de Janeiro o dr. Sampaio Ferraz, Bousquet foi delegado de uma das circunscrições policiais da cidade, e, quando governava o Estado do Rio o dr. Alfredo Backer, foi convidado a ocupar uma cadeira de deputado à Assembléia Legislativa do Estado, honra que recusou delicadamente, para não abandonar suas queridas lides jornalísticas.
Na vida pessoal, ele realizou seu desejo de moço: casou-se com Noêmia e tiveram cinco filhos: Dulce, Ruy, Ruth, Alexandre e Maria. Depois de alguns anos de evidência na imprensa, ele foi esquecido, não sendo mais visto nas rodas literárias. Traduziu fo¬lhetins e eventualmente escrevia artigos de gêneros diversos para os jornais, sem ser, no entanto, colaborador efetivo. Retirou-se para uma isolada chácara em Niterói, onde vivia simples e reservada¬mente em companhia da esposa e dos filhos. Preocupações causa¬das por doença na família o prendiam ao lar. Trabalhava em casa e sustentava esposa e filhos com os parcos recursos que recebia pelos artigos que escrevia.

Jornais/Revistas em que trabalhou

Bohemia Abolicionista
Revista
Diário de No¬tícias
O Tempo
O País
Gazeta de Notícias
Cidade do Rio
Correio da Manhã
Jornal do Commercio
Diário de Santos
A Platéa

Pseudônimos

J. Repórter; Conde de Santa Maria; G ou GB; e outros

Obras impressas

Guanabara, revista, de colaboração com Arthur Azevedo; Santo Antonio, burleta; Nenem, burleta; Tá fechado, revista de costumes santistas (de grande êxito) e O Barba Azul, romance, com seis edições consecutivas.

Fonte:

http://www.novomilenio.inf.br/cultura/cult067.htm
Marina Haizenreder Ertzogue
Crônicas em dias de chuva: a escrita da solidão em Gastão Bousquet
Este artigo é resultado do proje¬to de pesquisa Cartas, crônicas e folhetins: fontes de pesquisa sobre a solidão masculina no século XIX, apoiado pelo CNPq.