Nonato Junior - Capítulo II - A escola

Comecei a estudar na 1a. Série do 1º Grau com 4 anos. Naquela época, em nossa cidade, não existia pré-escolar ou outra dinâmica pedagógica semelhante.

O primeiro dia de aula, na verdade, não sabia o que era isso. Minha avó me arrumou, pentiou meu cabelo para o lado e me entregou o material escolar. Estava todo engomadinho e todo comportado.

Aprendia tudo com facilidade e sempre fazia os exercícios. Se passava esse início de meus estudos no Lar de Daniel. Era um Centro Espírita que cedia o espaço para a Ação Social. Uma mini escolinha sem fins lucrativos.

Mas o fato mais marcante aconteceu em casa quando estava respondendo um exercício e o lápis quebrou a ponta em meio aos meus deveres.

Fui ao comércio na sala ao lado da casa e peguei uma lâmina (Gilete) e fiz a ponta. Ainda não satisfeito com o resultado decidi ver se a lâmina estava mesmo amolada realizando um pequeno teste, voltei para o sofá e passei-a no mesmo várias vezes até vir a certeza que realmente a gilete era boa. Infelizmente meu avô me pegou no flagra e acho que nem precisa dizer o que aconteceu em seguida.

Outra vez, na escola, estava brincando de pegador com meu irmão de criação - Dudu - no colégio, pois todo o 1º Grau estudamos juntos. Até hoje não entendo direito o que exatamente ocorreu, contudo creio que estávamos atrapalhando discretamente a aula. Até porque meu avô chegou de repente e nos arrastou para nossa casa que ficava uns 30,00 m da escolinha e nos deu aquela famosa surra de barriga. Aquela que ficamos amarrados barriga com barriga e a medida que o cinto entra em ação vamos rodando e curtindo a dança da união forçada. Meu irmão-tio chorava muito e eu mesmo estava inconsciente do fato e não derramei nenhuma lágrima.

Minha primeira professora chamava-me de Raimundo Nonato. Como meu pai biológico não me criava, pedi para ela não me chamar assim, pois era o mesmo nome de papai. Preferia Júnior. Ela não me deu ouvidos, até que um dia, simplesmente, eu tive que dar uns conselhos nela com régua, murros e palavrões, fazendo-a chorar por toda aquela louca tarde. Meus algozes foram correndo chamar meu avô, mas graças a Deus não o encontraram. Ela estava p´ro Tingidor.

Nos meus cinco anos estava na 2a. série onde fiquei gostando pela 1a. vez de uma linda criança. Mandava recadinhos e ela sempre sorria. Dizia que quando crecéssemos casaria com ela e íamos ter um time de futebol de filhos. E ela apenas sorria. No recreio todos os meninos se juntavam na bola e as meninas com as brincadeiras de roda. Exceto minha amada que jogava bola com a gente e gostava de treino de luta livre. Hoje em dia ouvi dizer que ela casou pela segunda vez. É a segunda esposa que ela tem. Ainda bem que foi apenas coisas de crianças.

Estudei a 3a. e 4a. séries em uma escola pública estadual chamada: Grupo Escolar Gomes de Sousa. Ficava em frente a praça principal da cidade, onde também ficava a Prefeitura, o Clube Social, a Igreja Evangélica etc..Minha vida nesta época era só estudar, assistir televisão, brincar e banhar escondido no rio, gazeando aula.

Tive outras paixões, mas todas faliram. Neste mesmo colégio fui muito perseguido por outro aluno que batia em todos e batia em todos, roubava o dinheiro e quem dissesse alguma coisa apanhava da mão dele. Foi quando na mesma época levei um fora de uma menina da 4a. série e estava transtornado. Quando o empiedoso Garoto batedor veio para o meu lado no recreio me obrigar a pagar o lanche dele. Ele bem maior que eu. O sangue ferveu e uma coisa mudou em mim loucamente e começou a sessão de espancamento e todos olhando aquele round correram para cima e me ajudaram a ensinar como é que se vive em sociedade. A última notícia que tive desse rapaz é que ela estava trabalhando como carroceiro. Uma importante profissão em nossa cidade.

Ainda no Grupo tive um dia de injustiça. Todos os anos após cantarmos o hino de Itapecuru-Mirim, da Bandeira, do Estado e do Brasil no "sol quente". Éramos escolhidos para limparmos as fossas e sumidouros do colégio. E como era um aluno excepcional, sempre era lembrado pelos meus amigos professores.

Após um longo período de limpeza profunda, nossas fardas sujas e corpos molhados, íamos com o vigia banhar no rio. Era nossa especialidade. E numa dessas meu avô achou que estivesse gazeando aula. Foi mais um capítudo: como levar castigo de formas variadas. Juntei as mãos e implorei que não me batesse, semelhante ao Gato de Botas. Porém foi em vão. Apanhei mesmo. Não sei como não sou traumatizado. Tenho certeza que o perdoei.

Na 5a. série fui para o CEMA, escola pública de renome na época e, consequentemente, me apaixonei novamente por duas gêmeas. Era engraçado isso, às vezes beijava uma pensando ser a outra. Foi uma experiência inesquecível. No final não fiquei com nenhuma delas.

Lembro-me que sempre faltava cadeiras e às vezes a professora estava doente e tinha que faltar, no entando o contexto geral era um bom colégio.

Nos meus 12 anos estava na sexta série na melhor escola particular da época em nossa cidade, onde aprendi muitas coisas, como: passar a cola da prova pra todos os alunos, foi o meu maior crime. O pior de toda minha vida, daí vieram os outros. Nesta escola existia brigas constantes, expulsões e até mesmo ameaças morte. Ainda bem que só fiquei 1 (um) ano neste protótipo de FEBEM.

Nos meus 13 e 14 anos estudei a 7a. e 8a. séries, como sempre, em outra escola, tradicional por nome e cultura pedagógica marcante na história e transformação de nossa cidade: Escola Leonel Amorim. Tenho orgulho dela, apesar de na época termos apenas 13 alunos em nossa sala. Chegamos até a fazer um pacto de Amizade Eterna. Coisa de Adolescentes: Eu, Zé Duardo, Marcos, Josélia, Vanilson, Júnior Machado, Liana, Diana, Célia, Manoel, Sara, Gutemberg e Josiane. Dizíamos: "Quando crescermos não deixaríamos nunca de sermos amigos". Não passou 3 anos e eu não tive mais contato com nenhum deles.

E mais uma vez, fiquei afim de duas garotas e, como sempre, não fiquei com nenhuma. Uma terceira garota ficou afim de mim, mas o irmão dela não entendia a situação e sempre puxava a mesma pelos cabelos e lavava para os pais darem uma bronca.

Após o 1º Grau, fui fazer o 2º e 3º Graus na Capital, onde tive outras experiências. Mas vamos por partes. Um capítulo de cada vez.

Nonato Junior
Enviado por Nonato Junior em 18/01/2012
Reeditado em 19/01/2012
Código do texto: T3447999