A turista-(parte 2)
Rio de Janeiro e o que tem de esplendoroso e diversificado.Sonho antigo de minha meninice , que não escondo de ninguém.
Gente humilde com samba no pé , amor na viola e muito o que cantar e contar. Sobre lá , li desde Vinícius até a letra z.Paira em linhas comuns , suavidade e muita bossa.
Então , ao completar o segundo semestre do ano , externei para meus pais que , esse ano , seria o ano de visitas e atitudes.Iria ao Rio de qualquer forma.
Meus pais sempre defenderam o lado dos filhos terem o que eles não tiveram e como sou filha única , (não querendo dizer que fui e sou mimada) , sempre recebi muita atenção , principalmente em meus desejos e planos .
Estava feito , de Belo horizonte para o Rio , não é tão distante e por isso , a visita foi programada de forma ligeira para a próxima semana que viria.
Por se tratar de uma cidade muito calma , os dias passaram ainda mais calmos e parecia que nunca chegaria a data prevista.Chegou...
Ainda de madrugada , com as malas e os desejos na porta de casa , esperava ansiosa pelo taxista que por ser mineiro , veio bem devagar e me levaria até a rodoviária.Um gesto para abrir a porta do carro e outro para dar adeus aos meus pais e quem estava na janela observando.
Chegamos na rodoviária mais ou menos em quarenta minutos que, pareciam uma eternidade.Peguei o papel com o número do ônibus e fui andando sorrateira ao lado do motorista que me ajudava a carregar minhas bagagens.Na verdade , ele estava as levando sozinho e as guardou para mim que , estava em êxtase emocional e nem sequer vi o homem ir embora.
Confesso que a expectativa me cansou e , por isso não vi nada da viagem.Dormi o trajeto inteiro e quando acordei , já estava na rodoviária do Rio e até me sentia carioca.
Até o momento , nada de ver paisagens até porque , estava na rodoviária , sem ter nenhuma noção de onde ir .Fui até uma lojinha que havia bem próxima da entrada e peguei uma espécie de guia turístico para me perder menos.
Vestida com a camisa da revolução americana , um símbolo de patriotismo em minha cidade , um lenço no pescoço, calça comprida ,e um casaco preso na cintura. Comecei a perceber algo diferente entre mim e as pessoas que me rodeavam.Percebia claramente no olhar delas e até podia pressupor os pensamentos:-Que não venha o frio que ela está esperando...
Bem , mesmo assim , segui andando e me afastando cada vez mais do ponto de partida.
Lembro-me muito bem, daquela manhã que já bem aquecida pelos raios do sol , me acolheu.
Lembro-me de forma passageira , mas mui coerente , daquelas faces que vi ,daquela gente que nunca parecia estar triste e que mostrava um sorriso mesmo em meio toda aquela correria que para mim , era uma grande surpresa.
Muitas pessoas para lá e para cá , com caixotes e sacos de grãos acho eu , apoiados sobre o ombro ou cabeça , assobiando uma música qualquer.
E eu ali , me sentindo igual , mas , ao invés de caixotes e sacos , eram malas que continham toda a minha vaidade e aparente necessidade diária.Carregava em uma mão um mapa turístico e na outra , minha esperança.
CONTINUA......