A menina que declamava e poetava (revisada)



Bom dia!


Aí chove?Aqui a chuvarada é contínua, dias úmidos, cinzentos, bons para fazer haikais, sempre sobre as estações.
Envio uma bio.Depois haver visto que vou fazer 50 anos de Poesia, comecei a buscar ...Meu pai mandou-me um caderno com as posias à mão, da infância e da puberdade, depois da adolescência e ontem fiquei até tarde, relendo e reencontrandoa menina e a mocinha que fui,descobri que já fazia poetrix(certamente não tinham esse nome, eu as chamava de minipoemas...Rsss...
Minha primeira poesia, escrita na aula de matemática, declamei-a até cansar, em Alfenas,cidade universitária do sul de Minas, nas salas de aula onde Aparecida (Cidinha) Lomonte era diretora .Declamava Bilac, Vicente Guimarães e as minhas.Com meu sotaque ainda nordestino...
Lembro de uma homenagem feita lá a um bispo ,na qual declamei sobre o nascimento de Jesus, a minha primeira...Ele enviou um buquê de rosas, à menininha de dez , onze anos ,miudinha que eu era, "a pequena poetisa", como ele me disse, passando a mão sobre o alto de minha cabeça.Nem me lembro do seu nome:meu tio Jandy Solimões casou-se com Mariantanonia Lomonte, filha do Sr.Leonardo, um italiano, que reunia a estudantada no seu "Bar Brasileiro", onde havia um teatro de Bolso, inclusive.Tia Mari era farmacêutica.Depois, mudaram-se para Campanha, ("Cidade histórica de Vital Brasil") no Sul de Minas.

Embora essa biografia esteja defasada em novas datas ,eventos ,premiações,e publicações, foi escrita na primeira pessoa, o que fornece um pouco de minha alma.Encontrei-a no portal "Mineiros Uai", junto a outras, mas originalmente estava em meu site "Asas de Água", o mais antigo .
Passe os olhos, apenas se precisar conhecer um pouco mais de mim.
Meu carinho agradecido:
Clevane

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clevane pessoa dearaújolopes
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BIOGRAFIA UAI MINEIRAS_ADOÇÂO_CPAR


Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte, MG
www.magaamiga.hpg.ig.com.br
clevanedeasas@yahoo.com.br



Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Sou nordestina radicada em MG, considero-me apenas uma brasileira,
pois à força de acompanhar pai e marido, acabei por residir em vários
Estados onde aprendi a amar as brasilidades. Mamãe ensinou-me a ler
aos três anos e descobri na leitura um prazer imensurável. Aos
dez,escrevi minha primeira poesia, sobre o nascimento de Cristo-e não
pude parar mais. Também declamava, apesar de toda timidez, porque
mamãe simplesmente a ignorava. Escrevi peças, fui atriz de teatro
amador, aprendi a desenhar na Sociedade de Belas Artes Antonio
Parreiras e Literatura Portuguesa no Vice-Consulado de Portugal, ambos
em Juiz de Fora, MG. Bem nova, comecei a militar na imprensa desta
cidade e outras, divulguei Letras e cartas. Empossada no Núcleo
Mineiro de Escritores(NUME), fui ativa participante, divulgando seus
eventos, participando de júris e, com cerca de vinte anos, assumi a
presidência da UBT, seção de Juiz de Fora, ignorando toda e qualquer
atividade separatista entre os grupos de trovadores no Brasil:
respeitava e divulgava a todos.

Fui funcionária pública Federal (antigo INAMPS), sempre combatendo as
injustiças sociais. Mesmo assim, com surpresa, recebi uma placa de aço
pelos "relevantes serviços prestados "aos menos validos", no Dia da
Mulher, em 2002, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (por
iniciativa da então deputada Elaine Matozinhos, que acompanhara meus
trabalhos). Digo surpresa porque sempre tenho a impressão de que estou fazendo muito pouco, por falta de mais disponibilidade. Tanto, que digo num poema antigo: VIM AO MUNDO DIZER COISAS/MUITO MAIS DO QUE FAZER...

Retomei a vida literária em 2000, e de lá para cá, participei de cerca de 20 coletâneas de textos literários, inclusive o livro "Adolescência, Aspectos Clínicos e Psicossociais, Edit. ARTMEDI-RS",organizado pelos drs em hebeatria, Maria da conceição de Oliveira Costa e Ronald Pagnocelii, sendo co-autora dos capítulos de Sexualidade na Adolescência e Homossexualidade. Tenho escrito em
jornais e revistas, participado de programas de rádio e TV,
congressos, cursos, oficinas, feito palestras e conferências, como psicóloga ou escritora. Sou delegada da ALPAS XXI (A PALAVRA DO SÉCULO XXI de Cruz Alta-RS) e associada à REBRA (Rede BRASILEIRA DE ESCRITORAS). Fui premiada em vários certames literários, no Brasil e
no exterior (Portugal, Itália) mas mesmo as simples classificações dão-me muito prazer.

Publiquei dois livros de Poesia: Sombras Feitas de Luz e Asas de Água,
depois, uma poesia chamada "A Indiazinha e o natal", história verdadeira, que ofereci a Eliane Potiguara, a grande lutadora pelos direitos da mulher indígena, pela não viol~encia, poetisa e prosadora apurada,autora de "Metade Máscara, Metade Cara"... mas tenho vários a editar. Ilustrei muita coisa e espero, antes de partir para outra dimensão, publicar tudo mais que tenho escrito.


Atividades Artísticas

Fui aluna de desenho de Clério de Souza(o Pimpinela), na SBAAT-Juiz de Fora-MG,fazendo desenho, aprendendo luz e sombra.Um ótimo professor.
Fiz um quadro a óleo com uma professora particular, mas não suportei copiar, saindo após seu término e me tornando autodidata.
Participei de exposições em colégios e faculdade. Na FUMEC(BH-MG), I MOSTRA DE ARTES, expus as telas: Pesadelo, A Alma da Mulher na Madrugada Finda, Praia Deserta e poster-poemas (estes declamados no sarau literário do evento). No Festival de Arte Biquense(anos 60), fui Menção Honrosa com o quadro PEQUENO MUNDO DO IRMÃO CAÇULA, desenhando
em azul meu irmão Júnior, que tem Síndrome de Down. Nas Semanas da Mulher, da Criança, do Adolescente, expus desenhos pertinentes aos temas, muitas vezes, poesia ilustrada.

De 2000 para cá, ilustrei: "A MALDITA PERFEIÇÃO" (LIVRO DE JAIRO Rodrigues-30 desenhos, em tecido), a mostra das poesias eróticas de Rogério Salgado, Completa Ceia, tornadas, por Virgilene Araújo, espetáculo teatral (Intinerarte), Brincando de representar (peças e
esquetes de teatro infantil, de Virgilene Araújo e Rogério Salgado).
Também criei o PPP, Projeto Poesia-no-pano, desenhando a bico de pena em tecido, com poesias manuscritas. Atualmente, trabalho numa mostra
para a "Sala das najas", do site A GARGANTA DA SERPENTE" e vou ilustrar a série de Poesia In-sacada, edição individual, tendo ilustrado esta edição, Re-In-Sacando Poesia-Mineiros, bem como fará as ilustrações para a versão individual, a sair em 2003 (Belô Arte-Poética).

(fonte: http://geocities.yahoo.com.br/clevanedeasas/meusvoos.htm )
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II



Clevane Pessoa de Araújo Lopes é nordestina, do Rio grande do Norte, nascida em São José do Mipibu,em 16/07/47, radicada em Minas Gerais.

Psicóloga clínica, atua em consultórios, Ongs e Ogs, ministra palestras, conferências.Tem trabalhos publicados em revista especializadas, anais de congressos.
Atualmente é Delegada da ALPAS XXI (A Palavra do Século XXI)em Minas Gerais e vai tomar posse na Academia Dorense de Letras de Boa Esperança, MG.


Como artista plástica: estudei na Sociedade de Belas Artes
Antonio Parreiras, em Juiz de Fora-MG, com o pintor Clério de Souza (Pimpinela), presidente da mesma, aos doze anos, o que marcou-me para sempre, pelos estudos de sombra, luz e reflexos, presentes em sua obra literária também. Talvez, por isso, inconscientemente, meu primeiro
livro chama-se SOMBRAS FEITAS DE LUZ, embora o título tenha vindo de um poema de amor que fiz na adolescência.

A partir daí, fiz um único quadro a óleo em escolaparticular, mas como queria criar e não copiar, ficou difícil aceitar as imposições da pintora, uma pessoa gentil que achava estranho eu querer acrescentar elementos a uma paisagem a qual todas as alunas se esforçavam ao máximo por copiar o mais próximo possível do original.

Tornei-me a partir daí, autodidata. Lecionei Artes no Colégio Granbery, substituindo a professora e artista plástica Vilcar(Elzira Villela Carneiro, (à ocasião, a pintora mais premiada de Juiz de Fora), que apesar de bem mais velha tornou-se uma especial
amiga, tratando-me sempre como a uma filha..
Participei da mostra de artes e trabalhos do Colégio Santos Anjos, (1964) em Juiz de Fora (MG) onde concluí o Curso Normal (magistério).
No Festival de Artes de Bicas, fui Menção Honrosa com o quadro Pequeno Mundo do Irmão caçula", em azul, a crayon, onde retratei meu muito querido irmão caçula, Lourival Júnior, que tem Síndrome de Down.
Lecionei Educação Artística, no Ginásio Aseano, em Juiz de Fora, MG, para alunos do ginásio; Ilustrei livros de cordel (capas para Rodolfo Coelho Cavalcante), a pedido do mesmo(*); a bico de pena,ilustrei, para concurso do programa Contraponto, de José Carlos de
Lery Guimarães (Rádio Industrial de Juiz de Fora-MG, nos anos sessenta), cem trovas de trovadores da cidade cita, sendo premiada pelo trabalho; participei da I Mostra de Arte da FUMEC-Fac. de Psicologia, apresentando as telas a óleo: Mulher na Madrugada Finda,Praia Deserta, e Pesadelo; ilustrei o livro Brincando de Representar,de Virgilene Araújo e Rogério Salgado (enquetes para teatro
infanto-juvenil). Ilustrei todos os poemas eróticos de COMPLETA CEIA,do poeta Rogério Salgado, transformado em espetáculo teatral por Virgilene Araújo. A expo integrou o Intinerart, em Venda Nova(*) e fará novos roteiros em várias cidades.
Com meu paciente Tiago Matozinhos Gonçalves, uma criança superdotada, escreví e ilustrei quatro livros infantis, com as aventuras do Rato de Rabo Comprido.

Meu segundo livro, ASAS de Água, tem quatro desenhos de minha lavra(Nave,Iara,Pã e Kantharos III). Autora do PPP, Projeto Poesia no Pano, com poemas, hai-cais e trovas escritos e desenhados por mim, em tecido. Criei vários poster-poemas, sem seriação,
manualmente. Fiz trinta ilustrações em tecido, para a edição de lançamento do livro Maldita Perfeição, de Jairo Rodrigues(edição artesanal). A última versão do Re-In-sacando Poesia, (saco VII),organizado por Rogério Salgado contém um desenho meu, a bico de pena,para cada autor. Quando trabalhava na Gazeta Comercial, de Juiz de
Fora, MG, freqüentemente ilustrei artigos e poemas de autores outros ou de minha lavra.

Fui editora de arte e literatura do jornal de vanguarda URGENTE, do qual era proprietária, com meu primeiro marido,o poeta Messias da Rocha e do qual tive meu primogênito, Cleanton Alessandro,que é desenhista e músico(bass-man).
No HJK (Hospital Júlia Kubitscheck), Belo Horizonte, MG, nas exposições do Dia da Mulher, da Criança e outros, expunha meus poster-poemas. Costumo desenhar para transparências e slides quando ministro aulas, palestras, etc II Vida Literária
Em Juiz de Fora, MG, militei na imprensa, em plena Ditadura Militar.
Assinava a coluna diária Clevane Comenta, a página
dominical, dupla, Gente Letras e Artes (nessa ocasião, com Messias da Rocha) que antes chamou-se Ribalta Lítero-Artística e ainda, Carrossel, quando a criei, ainda sem parceria. Fui várias vezes,responsável pela página de Turismo. Também escrevia em "A TARDE".
Gravei tapes de entrevistas para a TV Industrial, de Juiz de Fora MG.

Bem jovem, fui convidada a tomar posse no Núcleo Mineiro de Escritores. Posteriormente, presidi a seção de juiz de fora da UBT, União Brasileira de Trovadores. Nos anos sessenta, havia uma "guerra" nacional entre as diversas facções de trovadores, mas consegui
manter-me absolutamente neutra, promovendo intercâmbio entre os Estados brasileiros, de onde partiam as diversas rivalidades, como se as desconhecesse, por acreditar que a Poesia devia ser simbolizada pela Paz, muito embora tivesse absoluta consciência desses embates de trovadores.

Nessa ocasião, escrevi um de meus mini-poemas, que demonstra o quanto sabia que hasteavam a bandeira branca para mim, guerreando entre si, talvez achando que eu nada percebesse...:<O poeta /partiu o pomo da Paz/e sentiu /gosto de sangue /ao provar a polpa...>Quando o
jornalista e professor da UFJF, José Carlos de Lery Guimarães, era vivo, fazia o programa "Contraponto", na Rádio Industrial de Juiz de
Fora, MG. Esse programa, muito ouvido por poetas artistas e intelectuais, na década de sessenta, em plena Ditadura Militar, além de manter atualizados seus ouvintes, a partir de dezoito horas, foi o responsável pela então jovem autora e desenhista que eu era ,a iniciar-se no mundo intelectual da cidade, pois também realizava
certames de artes e letras. Um deles era de ilustração.JC de L.G. ia ditando trovas de autores locais e quem as quisesse ilustrar, estaria concorrendo a prêmios em livros , o que fiz, com prazer, a bico-de-pena.

Nesta coletânea, também havia trovas minhas, tornadas mais bonitas pela voz possante e ao mesmo tempo doce, do "Zé", como o chamávamos. Muito tímida, pedi que seu irmão fosse representar-me, no Vice-consulado de Portugal, onde se deu a premiação. Também realizou
um concurso de crônica, e um dia uma vizinha atravessou a rua a chamar-me: "-Clevane, estão dizendo seu nome na rádio...você ganhou primeiro lugar..." Justamente nesse dia, eu, cansada de esperar o resultado, resolvera escrever novas crônicas, temendo que as minhas não
tivessem sido aceitas. Um dos temas era "Operária"- e eu escrevera sobre a mãe - o outro, era Satélite, e falara, ( já motivada pela Psicologia do Outro, que me fascinava a ponto de posteriormente tornar-me psicóloga), de pessoas que ,para viver melhor,precisam gravitar em torno de terceiros...Ganhei com Operária.
A partir daí, o radialista chamava "o senhor Clevane Pessoa de Araújo", pedindo-lhe que se desse a conhecer...eu ria, mas não queria aparecer, não fosse a insistência de minha mãe, sempre a passar uma esponja na minha timidez e mostrar-me que eu era capaz de aparecer
em público sem me desfazer como lesma no sal...Tenho desse concurso, o troféu "Domervilly Nóbrega, uma pessoa fantástica, que é a memória viva dessa época... Depois daí, não parei mais.

Outro fato marcante foi quando um desembargador cearense enviou-me uma carta, endereçada ao "senhor Clevane". Chamava-se
Santiago VASQUES FILHO. Respondi em papel cor-de-rosa para mostrar que eu era uma senhorita. Daí para a frente, ele me enviava seus belos sonetos, como um dedicado a meu pseudônimo HARUKO, Primavera, em Japonês, e assim terminava: "Tu és Haruko, a Primavera, o sonho/-e eu
sou o Outono frígido e tristonho, / reunindo os sonhos que deixei dispersos "... Como era aquarelista, mandava-me seus versos em cartões pintados por ele , delicadíssimos. Teve também a delicadeza de versar para o espanhol as minhas poesias, enviando-as para a revista Tamaulipas, no
México. Era um dos delegados do ICA (Instituto de Cultura Americana, reg 5041-Paris, Fr), entidade que num País, nomeava um escritor a representar outra Nação. Um belo dia, a surpresa:o Barão Elias Domit, Presidente Mundial do ICA, mandou-me uma nomeação, por mérito literário,para delegada do ICA pelo Uruguai, depois outra, para a
ARIEL(Associação de Livres Pensadores). Sei que também representava Portugal, e hoje acho graça quando lembro que o Barão vivia a puxar as orelha da "Senhorita de Araújo, porque demorava a responder ou porque
eram "cartas sin fecha", sem data, fragmentadas... Não era verdade que eu própria assim mutilasse a própria correspondência, mantida com muitos Países da América Latina...esquecia-se o incansável senhor, que, na Ditadura, a correspondência era violada, mas creio que nem eu percebia bem esse processo, pelo menos no início... Àquela época, digo sempre, eu fazia uma verdadeira "net" via Correios, entrelaçando intelectuais e artistas.. Fosse hoje, teria com certeza abraçado muito mais Países e pessoas, via Internet...
Com meu casamento, algumas coisas ficaram mais complicadas porque meu então marido tinha sido preso por estar distribuindo panfletos contra a Ditadura Militar. Desse episódio, sei bem pouco, exceto que não nos permitiram tirar a carteira de jornalistas
profissionais, segundo uma Lei que as concedia pela prática
jornalística... Se havia algo que eu fazia essencialmente, era militar na Imprensa, pois a gazeta Comercial-na qual escrevera inclusive Carlos Drummond de Andrade antes de minha passagem por lá e que era o órgão oficial da cidade-pagava-nos um valor tão baixo que lá eu fazia
de tudo, porque havia muitos poucos trabalhadores de imprensa ali. O senhor Theo Sobrinho, dava-me carta branca, eu tinha aquela coragem da juventude, que nem sabia ter, chegava e propunha mil coisas, ele
aceitava, desde que não fosse pedido de aumento, tudo me era concedido. Na verdade vivíamos de vales e , verdade seja dita, ele jamais negou-me algum... Eu era a queridinha de todos lá, na verdade "sentia-me" a queridinha de todos. O senhor Paulo Lenz, redator chefe
de A Tarde, onde eu escrevia também (geralmente aproveitavam a mesma matéria da gazeta) e da qual mais tarde, Messias, meu ex-marido, foi redator, tratava-me a pão- de- ló, ou melhor, a bombons de figo da
Kopenhaggen. Dava-me preciosos livros encadernados, como o Horizonte Perdido,de Milton, Nossa Senhora do Outeiro da Glória, um ensaio fotográfico da famosa Igreja carioca, onde se casou Itamar Franco,à época, prefeito em Juiz de Fora, bem como revistas que me encantavam,como "Américas", da OEA, em luxuoso papel couché-o que não se via no Brasil de então.
Eu era de escrever para tudo e para todos, imediatamente,bastava ver um endereço de Artes e /ou Literatura, para tentar receber algum exemplar, e logo eu estava recebendo uma assinatura grátis dessa magnífica revista, em Português. Recebia livros de "O Formigueiro", do Paraná,, livros de cordel do Rodolfo Coelho Cavalcante, o trovador,de Jequié, na Bahia, um dos que estavam batendo de frente com os trovadores"do sul', mas que era todo gentil comigo, vibrando quando a seu pedido, enviei capas para seus livros populares que eu desenhara-
embora ele tivesse quem as fizesse na Bahia...Recebia um informativo , de Bonn, na Alemanha, escrito em Português, e também a revista Humboldt:como esse sábio alemão apaixonara-se pelo nosso País, no dele
havia uma fundação que nos prestigiava através desse intercâmbio, recebi livros maravilhoso, também em papel couché, como Teatro na Alemanha, álbuns de arte publicitária, cartazes...
Quando me casei, compareceram dezenas de poetas.Há algum tempo soube, pelo Hegel Pontes, na época um dos senhores mais jovens, que fizeram , ao me ver passar de noiva, impressionados "com minha esbeltez", uma trova onde diziam que eu era etérea... Realmente,
cheguei ao casamento pesando menos de quarenta quilos. O José Carlos de Lery Guimarães, antes de morrer, contou-me que eles me protegiam .Se aparecia algum intelectual ou artista, no NUME(Núcleo Mineiro de Escritores), reduto da intelectualidade e dos artistas, que fosse de fora-não de Juiz de Fora-e perguntasse pelas representante femininas
de lá, iam dando a ficha: "Fulana é noiva, Beltrana tem um caso com...aquela é fácil, aqueloutra é difícil...Clevane? Clevane ,não,é anjo".Segundo ele, impagável gozador, eu devia ser, naqueles anos sessenta, época de liberação feminina,a última virgem.Mas corrigia, sério:"talvez a penúltima...podia ser que houvesse alguma desconhecida
por aí..." Na verdade, era o Nume, meu oásis, lá se respirava Poesia e eu o freqüentava todos os dias.
Certa vez fui lá no meu aniversário e homenagearam-me com um violinista, a tocar para me elevar...Quando , de outra, foram à minha casa, derretiam-se de ternura.Mandaram-me antes, rosas, eescreveram :

"Receba flores mimosas

Como lembrança do NUME...

Nas suas mãos graciosas

Elas terão mais perfume..."


Eu recebia esses afagos, com a maior naturalidade, não ficava envaidecida, mas contente.Isso ocorre até hoje, mesmo quando sou premiada:o sentimento é de pura alegria. Uma vez, vi na revista Claudia, um concurso de Desenho de Moda. Era preciso desenhar três
trajes, para homem e mulher, habilleé, esporte fino e esporte,creio.Na mesma hora, desenhei algumas roupas e enviei, tendo recebido uma carta dizendo que eu e um rapaz tínhamos tirado os primeiros lugares,devendo ir a Salvador.Parece que a segunda etapa nos levaria
para um curso de Alta Costura, na França.Claro, meu pai foi
contra:"quem garante que isso não é um engodo para raptar mocinhas?".
Até hoje, não o sei...

O barão Elias Dommit também me propôs para a ACCADEMIA INTERNAZZIONALE Di Pontzen, na Itália. Era preciso porém, mandar um valor em dólares,uma anualidade, creio. Como dólar era algo absolutamente distante da minha realidade, escrevi-lhes, perguntando como proceder- mas com a tal da censura, também nem sei se receberam a
carta. Aliás o que até hoje não sei mesmo, é como jamais fui presa,pois vivia desafiando o Sr. Théo e entrevistando pessoas" non gratas" pela Ditadura. Quando meu amigo Cláudio Augusto de Miranda Sá e eu fomos entrevistar Carlos Heitor Cony e Arthur Poerner, recém saídos de
uma prisão ou de interrogatório, segundo constava e que foram convidados pelo DA da Faculdade de Engenharia de Juiz de Fora,(esta sempre na mira do DOPS) fomos recebidos por soldados com metralhadoras.Simplesmente demos a volta e como ele sabia o nome do Hotel, fomos até lá, fizemos uma enorme entrevista-eu levava meus escritos, muitas vezes diretamente às oficinas da Gazeta(esta ainda na
época do linotipo) e entregava tudo ao Zequinha, linotipista que era meu compadre(onde andará Giselle, minha afilhada?). Quando o Seu Théo,via, não havia mais o que fazer.Mas a censura também via... Acho que meu anjo da guarda era forte.

Certa vez, uma livraria(creio que se chamava "Brasita" ia levar a Juiz de Fora, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino e Rubens Braga. O diretor da Gazeta, com medo de eu ou o jornal sermos prejudicados-e isso representava muitacoisa ruim, na época, disse-me para não entrevistá-los. Resolvi porém ir lá e fazê-lo, para mim mesma, pelo prazer de estar com aqueles ícones do cenário nacional das letras. Mas a repórter falou mais alto, e antes que eles aparecessem , liguei para a redação:- Seu Théo, disse baixinho: "o Vinicius já chegou..." Ele, que não escutava muito bem,respondeu: "Quem, o Ministro?"Ia chegar um, aí, eu mais que depressa:"É, o ministro"...era só mais tarde, afirmar que ele não me entendera.Ele era extremamente gentil e tolerante comigo.
O resultado foi um conversar sem fim, com direito a uma daquelas cantadinhas especiais do Vinicius, mas tão leve que eu pude fingir que não a compreendia. Aliás, acho que sempre passei por tolinha , não só para os intelectuais da cidade...

De outra feita, o DA(Diretório Acadêmico) de
Engenharia(tinham uma Semana por ano toda especial, o Semanão)chamou Juscelino Kubitscheck que estava voltando do exílio para uma palestra ou conferência. Eu, depois do medo de não fotografar os três cronistas citos acima, passara a sair para as reportagens, com o pai de minha
grande amiga, Renata, o senhor Albert Bauer, excelente fotógrafo. Ele era um ex aviador que deixara a Alemanha , com uma história incrível de ter sido dado como morto duas vezes, estando num campo de concentração inglês. Pedi ao senhor Théo Sobrinho para pagar ao fotógrafo como free-lancer-nem sei mais se o termo já estava em voga
no Brasil de então-e ele aquiesceu, quando aleguei que era impossível nosso fotógrafo estar em dois lugares ao mesmo tempo e que às vezes precisava dele , mas estava trabalhando em outro lugar.Quando cheguei, com o senhor Bauer, havia um forte esquema de segurança à entrada da
escola de Medicina.Parece que não haviam liberado a autorização para a conferência do Juscelino e então os incansáveis estudantes-pelo menos, assim me explicaram depois-usaram o estratagema de dizer que, por ser
médico, ele faria uma palestra para médicos. Quando mostrei a carteirinha da Gazeta Comercial, eles imediatamente deram uns gritose...apreenderam a máquina de fotografia do Sr. Albert, na verdade, no momento,seu ganha - pão.Ele se desesperou e eu não sabia o que fazer, mas não queria ficar sem minha reportagem.Como havia levado minha mãe, mandei alguém que entrava levar um bilhete para Juscelino dizendo que a filha e a neta de Luiz Maximo de Araújo queriam dar-lhe um abraço...Por um
desses muitos milagres dos anjos, na ditadura, veio uma autorização e entramos. Meu avô tinha adoração pelo Juscelino, nas fotos onde estavam juntos, ele escrevia com sua letra linda:"ELE", como se escrevesse "deus". Na sua caderneta de endereços, havia o endereço de JK, no exílio...Daí, entramos e como haviam prometido devolver a
máquina do fotógrafo somente após a palestra, ele ficou lá fora...eu em compensação,anotei,mentalmente tudo que JK disse e no outro dia, noticiei o evento, mas desta feita, foi tesourada, não saindo na íntegra.

Era muito difícil compreender os parâmetros da censura:fotos recentes de JK não podiam ser publicadas mas liberaram uma dele dos anos 50, de terno escuro e bem mais novo... O que não queriam mostrar?O rosto mais marcado de quem passou por um exílio?E as palavras, então!

Nem todos tinham o brilhantismo de um Chico Buarque de Holanda, dizendo "Apesar de você amanhã há de ser outro dia(...)como vai proibir, nosso povo a cantar, na sua frente(...)"...E mil versos, às
vezes não intencionalmente escritos, mas brotando do inconsciente coletivo( como escrevo no livro "A Poesia sob Mordaça"),por exemplo:
"Eu vou voltar aos velhos tempos de mim/vestir de novo o meu casaco marrom.../e sair...by by, Ceci, nous alons..."Quando Evinha,que fôra do Trio Esperança, defendeu essa música em Juiz de Fora, onde havia
festivais que eram prévias dos festivais da Canção, no Rio, com sua voz doce, quem não se identificaria?Quem não tinha um parente ou amigo na França, na Europa, querendo voltar aos velhos tempos de si? O Cine Teatro Central" vinha abaixo"com os aplausos e gritos ... Também foi a
época em que os intelectuais do NUME criaram o Festival de Poesia Bestealógica. Havia quem escrevesse coisas de"non sense", mas a maioria escrevia em código-e como gargalhavam os poetas, lá na sede...
Nessa ocasião também, tínhamos um casal apaixonado, no jornal, o Roberto Guedes e a Marta Sirimarco. Ele assinava a coluna de
Astronomia e ela a de Teatro (era atriz do grupo Divulgação, premiado teatro de amadores, como eu escrevia, o mais profissional teatro amador que eu conhecia)...De repente, o desespero, ele estava preso e a Marta, levantando dinheiro para que ele fugisse para a Argentina(se não me falha a memória)...Certa vez, ela foi lá em casa levar –me uma canetinha artesanal que ele fizera na prisão com meu nome...O certo é que muitos e muitos anos depois, quando eu li em um grande jornal,
seus escritos sobre astronomia (ele era do Observatório Flammarion, de Matias Barbosa), respirei aliviada:sobrevivera...Meu próprio cunhado,irmão de meu primeiro marido e que fora preso junto com este, somente
saiu da prisão uns anos depois, às vésperas de meu casamento e comparecendo à cerimônia, bastante magro e abatido...Tendo se tornado fotógrafo, salvou-me nos Anos 70,de ser abocanhada por cães da polícia militar:eu já estava separada de seu irmão e , na faculdade de Psicologia, fomos convidadas pela Alcione, uma colega do
DA, a ir dar força aos estudantes da Federal que iam se encontrar,numa manifestação pacífica, com o então prefeito,para reinvidicar melhores condições para os ônibus que os levavam à faculdade, mais
linhas...viajavam mais amontoados que "sardinhas em lata". Descemos do CES-Centro de Ensino Superior, que funcionava no alto da Rua Halfeld.Toda a estudantada ia se acomodando no chão...e nada do prefeito aparecer! Quando vimos, chegaram os militares. O prefeito tinha pedido reforço em Barbacena.Vinham com belos, mas terríveis cães pastores alemães- que num segundo, estavam sobre nós.Corremos,
incrédulos desesperados pelo Parque Halfeld , para fugir dasmandíbulas. Gritaria, pânico. Quando senti, fortes mãos me ergueram, era o Willimar, meu anjo salvador. Fiquei agarrada a uma estátua...O pior é os jovens, mais ágeis, saíram-se melhor que os idosos e desavisados, outros que estavam nos pontos de ônibus do Parque, muita
gente foi mordida. Ficamos muito revoltados...

O pai de meu filho, durante todo o tempo em que convivemos,purgou uma espécie culpa do irmão mais novo estar preso. Afinal, ele escrevera os panfletos...Mas então, como ficara de fora?Após levar "telefones"(tapas duplos com as mãos do algoz espalmadas, que fazem o
labirinto dele retinir e de cujas seqüelas sofre até hoje...), teve um poema lido por um major que amava a poesia e o auxiliou.Pelo menos,sea Poesia em geral não dá dinheiro, camisa,casa ou comida, dessa vez, deu a
liberdade a um jovem poeta...São essas histórias que estou a contar no livro cito, mas precisava fazer mais entrevistas e, se muitos dos poetas de então já não existirem,quero entrevistar suas famílias...
Quando me casei novamente em 1979, terminei a faculdade na FUMEC, em BH.Vim no último ano, mas como a grade curricular era diferente, embora estivesse no último ano, tive de fazer matérias de novo, o que afinal resultou em ampliação de conhecimento.Lembro que quando cheguei, comentava-se que muitos dos melhores professores tinham sido "convidados" a se retirar da faculdade.Tempos loucos,
aqueles, cinza-plúmbeos...

Em 1982, meu atual marido(*), o engenheiro civil Eduardo Lopes da Silva, foi para o Maranhão. Estavam fazendo o porto da Ponta da Madeira, em São Luís, e lá, de tal forma envolvi-me,no extinto INAMPS, com projetos de atenção integral à Mulher,à Criança e ao Adolescente
que por muito tempos, deixei a Literatura propriamente dita ,ou para momentos de lazer,ou para situações específicas, por exemplo,escrevendo jograis para adolescência,palestras e conferências, manuais
vários. Também participava de seminários e congressos, escrevendo para seus anais.Muitas vezes terminava com poesia, gerando aplausos -comuns após declamação ou leitura de versos -o que me parecia uma provocação
para conseguí-los,(meu velho cuidado em não retroalimentar a vaidade com que todo ser humano parece ser dotado, da qual procuro fugir)...
Daí, passei a evitar colocar versos nas falas.Trabalhava no INAMPS,mantinha o meu consultório clínico e era raro ter tempo para uma linguagem mais sutil como a da Poesia.

Em Belém do Pará, continuei a integrar-me a grupos que lidavam com o atendimento interdisciplinar ao adolescente,tendo voltado para Belo Horizonte em 1990. Lotada no HJK, ao apresentar-me a um dos diretores , ele me disse que acabara de fazer um curso ouestágio em adolescência.Um hebeatra:médico de jovens.Aí, fundamos o
SAISCA-Serviço de Atenção Integral ao Adolescente-que o pessoal da Comunidade chamava de Casa da Criança e do Adolescente. Durante muito tempo, a coordenei, embora deixasse o hebeatra, coordenador médico, a
par de tudo e assinando todos os relatórios comigo. Por estar nadireção, reconhecía-o como um importante fator de comunicação entre a casa e a direção geral. Quando mais tarde desentendeu-se com o Diretor, ele foi atender lá, como médico, o que os adolescentes do sexo masculino muito apreciaram.

Nessa ocasião, escrevi muito sobre adolescência(inclusive de forma sequencial no Jornal do Barreiro, dirigido pela Laenes), indo por várias vezes a S.Luís e a Belém dar treinamentos a profissionais, o que adoro fazer:semear e ver, mais tarde, pessoas levando à frente o
que lhe passamos.É muito gratificante. Uma coisa me aborrecia:pessoas muito próximas, que trabalhavam comigo, literalmente, copiavam o que eu fazia ou dizia e definitivamente, isso não me lisonjeava.Uma coisa
é uma equipe interdisciplinar chegar a um consenso, usar a mesma linguagem, o que até insistia em que tivessem-hoje, quase norma entre os especialistas em adolescência. Outra é ser plagiada.E não só havia plágio do que eu escrevia, mas também de citações de meus estudos, oude velhos conhecimentos. Numa das palestras iniciais do meu trabalho
no HJK, citei Paracelso, objeto de pesquisas muito pessoais. Ele diz coisas lindas que comparei à adolescência, dizendo "Quem nada conhece,
nada ama(...)aquele que pensa que todos amadurecem ao mesmo
tempo-assim como as cerejas-nada sabe a respeito das uvas"...Eu fizera, para minhas transparências, meus próprios desenhos...aí uma pessoa que trabalhava comigo, quando concluí a palestra sobre desenvolvimento emocional na adolescência, aproximou-se e pediu que eu
a deixasse copiar o texto.Aquiesci, pois no N/Ne, trocávamos muito material, sem nunca alguém ter"filado" de ninguém. Embora eu falasse tanto da parte emocional, quanto da familiar e da somática, na puberdade e na adolescência, nesse local, deixava a parte física para
quem era médico, tentando não roubar espaço. Pelo desenrolar dos temas, essa parte vinha primeiro e qual não foi minha surpresa, quando a pessoa, colega de equipe, abriu SUA fala, com a citação de Paracelso, sabendo que assim eu não poderia voltar a usá-la(as
palestras eram dadas continuadamente), para não haver"repeteco". E nem sequer explicava o que significava como contexto inserido ali, só lia.Essa era uma das pessoas que termina qualquer fala com poesia ou
prosa de outrem, para gerar aplausos.

A partir daí, parei de usar meus poemas para concluir palestras.Mas não era só em casos de citações.Lembro de muito desses roubos de idéias.Um ficou até ridículo, já que eu dizia que tal coisa "dilui" outra, na adolescência, pois poeta tem mania de usar certas
palavras. Até o verbo era repetido...No início eu pensava que podia não ser intencional, mas tive a dura prova quando, num outro trabalho um CD-ROM (Adolescendo, adolescer), no qual trabalhara noites e noites, após toda a lida com os adolescentes no hospital, um disquete revelador mostrou que o tal profissional colocara , sob cada parágrafo meu, seu nome. Cortei os
laços. Mas doeu mais que parece ser possível suportar,porque deslealdade de amigo dói absurdamente. Mas suportei, claro. Nós, seres humanos,sobrevivemos em campos de concentração, em Hiroshima e Nagasaki,resistimos a tantas coisas...somos quais as Fênix mitológicas.
Renascemos de nós mesmos, das cinzas de todos os fogos do mundo...

Fiquei no HJK até aposentar-me, em 1997. No ano anterior,perdera minha mãe por acidente e foi uma dor tão legítima e impressionante, que a Poesia explodiu-me de novo no peito. Daí para a frente, venho escrevendo sem parar.Em 2001, publiquei meu primeiro
livro solo, Sombras Feitas de Luz e em2002, Asas de Água. O primeiro, é cerca de um quarto de tudo que eu já tinha escrito, em especial nos anos 60, foi"afinado"para baratear os custos, na verdade o "apanhado "original, chama-se Poemas de Ser Mulher. Tenho cerca de dez outros
para editar(de poesia,,conto, crônica,artigos de psicologia,exoterismo,considerações sobre homossexualidade, questões de gênero,gestat-terapia, memórias, literatura infanto-juvenil...se uma editora
me adotar como filha legítima, vai ser muito bom... é a herança quequero deixar para meus filhos Cleanton Alessandro e Gabriel, meus dois
melhores poemas concretos...)

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Algumas premiações:


Primeiro lugar de crônica-Programa Contraponto da Rádio Industrial de Juiz de Fora, Minas, Troféu Domervilly Nóbrega-Juiz de Fora MG (crônica "OPERÁRIA")anos sessenta.

Comenda de Dama da Sereníssima Ordem da Lyra de Bronze(Ordem da Confraria dos Poetas, de Porto alegre-MG), por poemas classificados em Concurso(poemas: "Do Prazer";"Observações"; "Correspondências "e Castigo")

Primeiro lugar ex aequo de conto livre-XXIII Jogos Florais
do Algarve- Portugal(2001)-Conto:O LABIRINTO NEGRO


Segundo Lugar de Poesia Moderna,no Concurso da Academia Dorense de Letras, de Boa Esperança, MG-, 2001, com o poema
"SENDO"(Prêmio em dinheiro).
Menção Honrosa com o conto "A Semente", no Circuito
Literário do CLESI(clube de Escritores de Ipatinga-MG)-2001-Troféu


Terceiro Lugar de Conto no Concurso da Ases(Assoc.de escritores, de Bragança Paulista-SP)-2002,com o conto Em Busca do Eu Perdido.O mesmio conto ganhou também em Boa Esperança.

Menção Honrosa no Concurso Von Breysky, do site
notívaga.com(soneto Contato Sacro)-2001-S.Paulo Menção de mérito pelo conjunto de dez Poemas no Concurso da ACCADEMIA IL CONVIVIO(Castiglione di Sicília, Itália)-2002-11-27

Destaque Literário nos seguintes Concursos Internacionais de Poesias, Contos crônicas e artigos da ALPAS XXI-Porto Alegre-Rio Grande do Sul:
ESTALIDOS("do Ciúme"," Necessidade" e
"Companheiro");DESAFIOS(poesia"O VISITADOR");
ENTRELINHAS(...);EROS E OUTROS TEMAS(poesia "TEMPORA/MORES","ESPANTO")






Algumas publicações (de memória):

DÉCADA DE 60:

Trovadores do Brasil-org.de Aparício Fernandes

O Rei dos reis-Trovas-Aparício Fernandes

Troval Potiguar-org.Antídio de Azevedo-Academia de Trovas do Rio
Grande do Norte.


1981-Poesia de Juiz de Fora-FUNALFA(trovas)

Psiu Poético,,II e III-Belo Horizonte-Editora Plurarts(2000 até
agora)(poesia:O Camuflador;Comunhão;Olhares,Teares;Saberes;
Uai Poético,Pesquisando Raízes e Tendências.-Org.Virgilene
Araújo-Ed.Belo Poético-2001
Coletânea dos Jogos Florais do Algarve-RACAL CLUBE
Poesias de Amor
Re-in-sacando Poesia(sacos VI e Mineiros)



Coletâneas Desafios, Estalidos, Entrelinhas, Eros e outros
temas(poemas citos acima, em "prêmios") -A Palavra do Século XXI-ALPAS XXI-Cruz Alta, RS-Org.
Antologia Poética 2000-Shan Editores-Porto Alegre-RS
Antologia Lyra de Bronze-Org.Ordem da Confraria dos Poetas-Porto
Alegre-RS(Sereníssima Ordem da Lyra de Bronze)
Seleção de poetas notívagos 2001-Org.Magriça-site www.notivaga.com

Antologia da Academia Dorense de Letras-Boa Esperança-MG-2001

Coletânea dos XXIII Jogos Florais do Algarve(Portugal)

Humano, Humano demais, edições Agiraldo(organizada por Arnaldo Giraldo)

Busca da Sabedoria(idem acima , 2006)

Talento Feminino em Prosa e Verso ; Presente de Natal em Prosa e Verso ;O Amor Que Move o Sol e Outras Estrelas"(REBRA)

Feliz Ano Novo(Oficina Editora)

Sonata Poética(Anomelivros, premiada pela Academia municipalista feminina de Letras de BH).

Roda ao mundo, 2004,2005,2006,organizada por Douglas Lara, de Sorocaba,Edit.Ottoni, de Itu, S.Paulo.

Guardados e Contextos (crônica) e Asas e Vôos (contos e poesia)(Edit.Guemanisse, de Petrópolis, RJ), antologias organizadas por Clarisse Maia.



Felicidade em prosa e verso(Edit.Alba)

Nau Literária(Edit.Komedi)

(fonte: http://paginas.terra.com.br/arte/asasdeagua/biografia.htm )





Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte, MG
www.magaamiga.hpg.ig.com.br
clevanedeasas@yahoo.com.br
asasdeborboleta16@gmail.com











Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Sou nordestina radicada em MG, considero-me apenas uma brasileira,pois à força de acompanhar pai e marido, acabei por residir em vários
Estados onde aprendi a amar as brasilidades. Mamãe ensinou-me a ler
aos três anos e descobri na leitura um prazer imensurável. Aos
dez,escrevi minha primeira poesia, sobre o nascimento de Cristo-e não
pude parar mais. Também declamava, apesar de toda timidez, porque
mamãe simplesmente a ignorava. Escrevi peças, fui atriz de teatro
amador, aprendi a desenhar na Sociedade de Belas Artes Antonio
Parreiras e Literatura Portuguesa no Vice-Consulado de Portugal, ambos
em Juiz de Fora, MG. Bem nova, comecei a militar na imprensa desta
cidade e outras, divulguei Letras e cartas. Empossada no Núcleo
Mineiro de Escritores(NUME), fui ativa participante, divulgando seus
eventos, participando de júris e, com cerca de vinte anos, assumi a
presidência da UBT, seção de Juiz de Fora, ignorando toda e qualquer
atividade separatista entre os grupos de trovadores no Brasil:
respeitava e divulgava a todos.

Fui funcionária pública Federal (antigo INAMPS), sempre combatendo as
injustiças sociais. Mesmo assim, com surpresa, recebi uma placa de aço
pelos "relevantes serviços prestados "aos menos validos, no Dia da
Mulher, em 2002, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (por
iniciativa da então deputada Elaine Matozinhos, que acompanhara meus
trabalhos). Digo surpresa porque sempre tenho a impressão de que estou
fazendo muito pouco, por falta de mais disponibilidade. Tanto, que
digo num poema antigo: VIM AO MUNDO DIZER COISAS/MUITO MAIS DO QUE
FAZER...

Retomei a vida literária em 2000, e de lá para cá, participei de cerca
de 20 coletâneas de textos literários, inclusive o livro
"Adolescência, Aspectos Clínicos e Psicossociais, Edit. ARTMEDI-RS",
organizado pelos drs em hebeatria, Maria da conceição de Oliveira
Costa e Ronald Pagnocelii, sendo co-autora dos capítulos de
Sexualidade na Adolescência e Homossexualidade. Tenho escrito em
jornais e revistas, participado de programas de rádio e TV,
congressos, cursos, oficinas, feito palestras e conferências, como
psicóloga ou escritora. Sou delegada da ALPAS XXI (A PALAVRA DO SÉCULO
XXI de Cruz Alta-RS) e associada à REBRA (Rede BRASILEIRA DE
ESCRITORAS). Fui premiada em vários certames literários, no Brasil e
no exterior (Portugal, Itália) mas mesmo as simples classificações
dão-me muito prazer.

Publiquei dois livros de Poesia: Sombras Feitas de Luz e Asas de Água,
mas tenho vários a editar. Ilustrei muita coisa e espero, antes de
partir para outra dimensão, publicar tudo mais que tenho escrito.


Atividades Artísticas

Fui aluna de desenho de Clério de Souza(o Pimpinela), na SBAAT-Juiz de
Fora-MG, fiz um quadro a óleo com uma professora particular, mas não
suportei copiar, saindo após seu término e me tornando autodidata.
Participei de exposições em colégios e faculdade. Na FUMEC(BH-MG), I
MOSTRA DE ARTES, expus as telas: Pesadelo, A Alma da Mulher na
Madrugada Finda, Praia Deserta e poster-poemas (estes declamados no
sarau literário do evento). No Festival de Arte Biquense(anos 60), fui
Menção Honrosa com o quadro PEQUENO MUNDO DO IRMÃO CAÇULA, desenhando
em azul meu irmão Júnior, que tem Síndrome de Down. Nas Semanas da
Mulher, da Criança, do Adolescente, expus desenhos pertinentes aos
temas, muitas vezes, poesia ilustrada.

De 2000 para cá, ilustrei: "A MALDITA PERFEIÇÃO" (LIVRO DE JAIRO
Rodrigues-30 desenhos, em tecido), a mostra das poesias eróticas de
Rogério Salgado, Completa Ceia, tornadas, por Virgilene Araújo,
espetáculo teatral (Intinerarte), Brincando de representar (peças e
esquetes de teatro infantil, de Virgilene Araújo e Rogério Salgado).
Também criei o PPP, Projeto Poesia-no-pano, desenhando a bico de pena
em tecido, com poesias manuscritas. Atualmente, trabalho numa mostra
para a "Sala das najas", do site A GARGANTA DA SERPENTE" e vou
ilustrar a série de Poesia In-sacada, edição individual, tendo
ilustrado esta edição, Re-In-Sacando Poesia-Mineiros, bem como fará as
ilustrações para a versão individual, a sair em 2003 (Belô
Arte-Poética).

(fonte: http://geocities.yahoo.com.br/clevanedeasas/meusvoos.htm )
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Clevane Pessoa de Araújo Lopes é nordestina, do Rio
grande do Norte, nascida em São José do Mipibu,em 16/07/47, radicada
em Minas Gerais.

Psicóloga clínica, atua em consultórios, Ongs e Ogs,
ministra palestras, conferências.Tem trabalhos publicados em revista
especializadas, anais de congressos.
Atualmente é Delegada da ALPAS XXI (A Palavra do Século XXI)
em Minas Gerais e vai tomar posse na Academia Dorense de Letras de Boa
Esperança, MG.








Como artista plástica: estudei na Sociedade de Belas Artes
Antonio Parreiras, em Juiz de Fora-MG, com o pintor Clério de Souza
(Pimpinela), presidente da mesma, aos doze anos, o que marcou-me para
sempre, pelos estudos de sombra, luz e reflexos, presentes em sua obra
literária também. Talvez, por isso, inconscientemente, meu primeiro
livro chama-se SOMBRAS FEITAS DE LUZ, embora o título tenha vindo de
um poema de amor que fiz na adolescência.

A partir daí, fiz um único quadro a óleo em escola
particular, mas como queria criar e não copiar, ficou difícil aceitar
as imposições da pintora, uma pessoa gentil que achava estranho eu
querer acrescentar elementos a uma paisagem a qual todas as alunas se
esforçavam ao máximo por copiar o mais próximo possível do original.

Tornei-me a partir daí, autodidata. Lecionei Artes no
Colégio Granbery, substituindo a professora e artista plástica
Vilcar(Elzira Villela Carneiro, (à ocasião, a pintora mais premiada de
Juiz de Fora), que apesar de bem mais velha tornou-se uma especial
amiga, tratando-me sempre como a uma filha..
Participei da mostra de artes e trabalhos do Colégio Santos
Anjos, (1964) em Juiz de Fora (MG) onde concluí o Curso Normal
(magistério).
No Festival de Artes de Bicas, fui Menção Honrosa com o
quadro Pequeno Mundo do Irmão caçula", em azul, a crayon, onde
retratei meu muito querido irmão caçula, Lourival Júnior, que tem
Síndrome de Down.
Lecionei Educação Artística, no Ginásio Aseano, em Juiz de
Fora, MG, para alunos do ginásio; Ilustrei livros de cordel (capas de
Rodolfo Coelho Cavalcante), a pedido do mesmo(*); a bico de pena,
ilustrei, para concurso do programa Contraponto, de José Carlos de
Lery Guimarães (Rádio Industrial de Juiz de Fora-MG, nos anos
sessenta), cem trovas de trovadores da cidade cita, sendo premiada
pelo trabalho; participei da I Mostra de Arte da FUMEC-fac. de
Psicologia, apresentando as telas a óleo: Mulher na Madrugada Finda,
Praia Deserta, e Pesadelo; ilustrei o livro Brincando de Representar,
de Virgilene Araújo e Rogério Salgado (enquetes para teatro
infanto-juvenil). Ilustrei todos os poemas eróticos de COMPLETA CEIA,
do poeta Rogério Salgado, transformado em espetáculo teatral por
Virgilene Araújo. A expo integrou o Intinerart, em Venda Nova(*) e
fará novos roteiros em várias cidades.
Com meu paciente Tiago Matozinhos Gonçalves, uma criança
superdotada, escreví e ilustrei quatro livros infantis, com as
aventuras do Rato de Rabo Comprido.

Meu segundo livro, ASAS de Água, tem quatro desenhos de
minha lavra(Nave,Iara,Pã e Kantharos III). Autora do PPP, Projeto
Poesia no Pano, com poemas, hai-cais e trovas escritos e desenhados
por mim, em tecido. Criei vários poster-poemas, sem seriação,
manualmente. Fiz trinta ilustrações em tecido, para a edição de
lançamento do livro Maldita Perfeição, de Jairo Rodrigues(edição
artesanal). A última versão do Re-In-sacando Poesia, (saco VII),
organizado por Rogério Salgado contém um desenho meu, a bico de pena,
para cada autor. Quando trabalhava na Gazeta Comercial, de Juiz de
Fora, MG, freqüentemente ilustrei artigos e poemas de autores outros
ou de minha lavra.

Fui editora de arte e literatura do jornal de vanguarda
URGENTE, do qual era proprietária, com meu primeiro marido,o poeta
Messias da Rocha e do qual tive meu primogênito, Cleanton
Alessandro,que é desenhista e músico(bass-man).
No HJK (Hospital Júlia Kubitscheck), Belo Horizonte, MG,
nas exposições do Dia da Mulher, da Criança e outros, expunha meus
poster-poemas. Costumo desenhar para transparências e slides quando
ministro aulas, palestras, etc II Vida Literária

Em Juiz de Fora, MG, militei na imprensa, em plena
Ditadura Militar.
Assinava a coluna diária Clevane Comenta, a página
dominical, dupla, Gente Letras e Artes (nessa ocasião, com Messias da
Rocha) que antes chamou-se Ribalta Lítero-Artística e ainda,
Carrossel, quando a criei, ainda sem parceria. Fui várias vezes,
responsável pela página de Turismo. Também escrevia em "A TARDE".
Gravei tapes de entrevistas para a TV Industrial, de Juiz de Fora MG.

Bem jovem, fui convidada a tomar posse no Núcleo Mineiro de
Escritores. Posteriormente, presidi a seção de juiz de fora da UBT,
União Brasileira de Trovadores. Nos anos sessenta, havia uma "guerra"
nacional entre as diversas facções de trovadores, mas consegui
manter-me absolutamente neutra, promovendo intercâmbio entre os
Estados brasileiros, de onde partiam as diversas rivalidades, como se
as desconhecesse, por acreditar que a Poesia devia ser simbolizada
pela Paz, muito embora tivesse absoluta consciência desses embates de
trovadores.

Nessa ocasião, escrevi um de meus mini-poemas, que demonstra
o quanto sabia que hasteavam a bandeira branca para mim, guerreando
entre si, talvez achando que eu nada percebesse...:<O poeta /partiu o
pomo da Paz/e sentiu /gosto de sangue /ao provar a polpa...>Quando o
jornalista e professor da UFJF, José Carlos de Lery Guimarães, era
vivo, fazia o programa "Contraponto", na Rádio Industrial de Juiz de
Fora, MG. Esse programa, muito ouvido por poetas artistas e
intelectuais, na década de sessenta, em plena Ditadura Militar, além
de manter atualizados seus ouvintes, a partir de dezoito horas, foi o
responsável pela então jovem autora e desenhista que eu era ,a
iniciar-se no mundo intelectual da cidade, pois também realizava
certames de artes e letras. Um deles era de ilustração.JC de L.G. ia
ditando trovas de autores locais e quem as quisesse ilustrar, estaria
concorrendo a prêmios em livros , o que fiz, com prazer, a
bico-de-pena.

Nesta coletânea, também havia trovas minhas, tornadas mais
bonitas pela voz possante e ao mesmo tempo doce, do "Zé", como o
chamávamos. Muito tímida, pedi que seu irmão fosse representar-me, no
Vice-consulado de Portugal, onde se deu a premiação. Também realizou
um concurso de crônica, e um dia uma vizinha atravessou a rua a
chamar-me: "-Clevane, estão dizendo seu nome na rádio...você ganhou
primeiro lugar..." Justamente nesse dia, eu, cansada de esperar o
resultado, resolvi escrever novas crônicas, temendo que as minhas não
tivessem sido aceitas. Um dos temas era "Operária"- e eu escrevera
sobre a mãe - o outro, era Satélite, e falara, ( já motivada pela
Psicologia do Outro, que me fascinava a ponto de posteriormente
tornar-me psicóloga), de pessoas que ,para viver melhor,precisam
gravitar em torno de terceiros...Ganhei com Operária.
A partir daí, o radialista chamava "o senhor Clevane Pessoa
de Araújo", pedindo-lhe que se desse a conhecer...eu ria, mas não
queria aparecer, não fosse a insistência de minha mãe, sempre a passar
uma esponja na minha timidez e mostrar-me que eu era capaz de aparecer
em público sem me desfazer como lesma no sal...Tenho desse concurso, o
troféu "Domervilly Nóbrega, uma pessoa fantástica, que é a memória
viva dessa época... Depois daí, não parei mais.

Outro fato marcante foi quando um desembargador cearense
enviou-me uma carta, endereçada ao "senhor Clevane". Chamava-se
Santiago VASQUES FILHO. Respondi em papel cor-de-rosa para mostrar que
eu era uma senhorita. Daí para a frente, ele me enviava seus belos
sonetos, como um dedicado a meu pseudônimo HARUKO, Primavera, em
Japonês, e assim terminava: "Tu és Haruko, a Primavera, o sonho/-e eu
sou o Outono frígido e tristonho, / reunindo os sonhos que deixei
dispersos "... Como era aquarelista, mandava-me seus versos em cartões
pintados, delicadíssimos. Teve também a delicadeza de versar para o
espanhol as minhas poesias, enviando-as para a revista Tamaulipas, no
México. Era um dos delegados do ICA (Instituto de Cultura Americana,
reg 5041-Paris, Fr), entidade que num País, nomeava um escritor a
representar outra Nação. Um belo dia, a surpresa:o Barão Elias Domit,
Presidente Mundial do ICA, mandou-me uma nomeação, por mérito
literário,para delegada do ICA pelo Uruguai, depois outra, para a
ARIEL(Associação de Livres Pensadores). Sei que também representava
Portugal, e hoje acho graça quando lembro que o Barão vivia a puxar as
orelha da "Senhorita de Araújo, porque demorava a responder ou porque
eram "cartas sin fecha", sem data, fragmentadas... Não era verdade que
eu própria assim mutilasse a própria correspondência, mantida com
muitos Países da América Latina...esquecia-se o incansável senhor,
que, na Ditadura, a correspondência era violada, mas creio que nem eu
percebia bem esse processo, pelo menos no início... Àquela época, digo
sempre, eu fazia uma verdadeira "net" via Correios, entrelaçando
intelectuais e artistas.. Fosse hoje, teria com certeza abraçado muito
mais Países e pessoas, via Internet...
Com meu casamento, algumas coisas ficaram mais complicadas
porque meu então marido tinha sido preso por estar distribuindo
panfletos contra a Ditadura Militar. Desse episódio, sei bem pouco,
exceto que não nos permitiram tirar a carteira de jornalistas
profissionais, segundo uma Lei que as concedia pela prática
jornalística... Se havia algo que eu fazia essencialmente, era militar
na Imprensa, pois a gazeta Comercial-na qual escrevera inclusive
Carlos Drummond de Andrade antes de minha passagem por lá e que era o
órgão oficial da cidade-pagava-nos um valor tão baixo que lá eu fazia
de tudo, porque havia muitos poucos trabalhadores de imprensa ali. O
senhor Theo Sobrinho, dava-me carta branca, eu tinha aquela coragem da
juventude, que nem sabia ter, chegava e propunha mil coisas, ele
aceitava, desde que não fosse pedido de aumento, tudo me era
concedido. Na verdade vivíamos de vales e , verdade seja dita, ele
jamais negou-me algum... Eu era a queridinha de todos lá, na verdade
"sentia-me" a queridinha de todos. O senhor Paulo Lenz, redator chefe
de A Tarde, onde eu escrevia também (geralmente aproveitavam a mesma
matéria da gazeta) e da qual mais tarde, Messias, meu ex-marido, foi
redator, tratava-me a pão- de- ló, ou melhor, a bombons de figo da
Kopenhaggen. Dava-me preciosos livros encadernados, como o Horizonte
Perdido,de Milton, Nossa Senhora do Outeiro da Glória, um ensaio
fotográfico da famosa Igreja carioca, onde se casou Itamar Franco, bem
como revistas que me encantavam, como "Américas", da OEA, em luxuoso
papel couché-o que não se via no Brasil de então.
Eu era de escrever para tudo e para todos, imediatamente,
bastava ver um endereço de Artes e /ou Literatura, para tentar receber
algum exemplar, e logo eu estava recebendo uma assinatura grátis dessa
magnífica revista, em Português. Recebia livros de "O Formigueiro", do
Paraná,, livros de cordel do Rodolfo Coelho Cavalcante, o trovador,de
Jequié, na Bahia, um dos que estavam batendo de frente com os
trovadores"do sul', mas que era todo gentil comigo, vibrando quando a
seu pedido, enviei capas para seus livros populares que eu desenhara-
embora ele tivesse quem as fizesse na Bahia...Recebia um informativo ,
de Bonn, na Alemanha, escrito em Português, e também a revista
Humboldt:como esse sábio alemão apaixonara-se pelo nosso País, no dele
havia uma fundação que nos prestigiava através desse intercâmbio,
recebi livros maravilhoso, também em papel couché, como Teatro na
Alemanha, álbuns de arte publicitária, cartazes...
Quando me casei, compareceram dezenas de poetas.Há algum
tempo soube, pelo Hegel Pontes, na época um dos senhores mais jovens,
que fizeram , ao me ver passar de noiva, impressionados "com minha
esbeltez", uma trova onde diziam que eu era etérea... Realmente,
cheguei ao casamento pesando menos de quarenta quilos. O José Carlos
de Lery Guimarães, antes de morrer, contou-me que eles me protegiam
.Se aparecia algum intelectual ou artista, no NUME(Núcleo Mineiro de
Escritores), reduto da intelectualidade e dos artistas, que fosse de
fora-não de Juiz de Fora-e perguntasse pelas representante femininas
de lá, iam dando a ficha: "Fulana é noiva, Beltrana tem um caso
com...aquela é fácil, aqueloutra é difícil...Clevane? Clevane ,não,é
anjo".Segundo ele, impagável gozador, eu devia ser, naqueles anos
sessenta, época de liberação feminina,a última virgem.Mas corrigia,
sério:"talvez a penúltima...podia ser que houvesse alguma desconhecida
por aí..." Na verdade, era o Nume, meu oásis, lá se respirava Poesia e
eu o freqüentava todos os dias.
Certa vez fui lá no meu aniversário e homenagearam-me com
um violinista, a tocar para me elevar...Quando , de outra, foram à
minha casa, derretiam-se de ternura.Mandaram-me antes, rosas, e
escreveram :

"Receba flores mimosas

Como lembrança do NUME...

Nas suas mãos graciosas

Elas terão mais perfume..."


Eu recebia esses afagos, com a maior naturalidade, não
ficava envaidecida, mas contente.Isso ocorre até hoje, mesmo quando
sou premiada:o sentimento é de pura alegria. Uma vez, vi na revista
Claudia, um concurso de Desenho de Moda. Era preciso desenhar três
trajes, para homem e mulher, habilleé, esporte fino e esporte,
creio.Na mesma hora, desenhei algumas roupas e enviei, tendo recebido
uma carta dizendo que eu e um rapaz tínhamos tirado os primeiros
lugares,devendo ir a Salvador.Parece que a segunda etapa nos levaria
para um curso de Alta Costura, na França.Claro, meu pai foi
contra:"quem garante que isso não é um engodo para raptar mocinhas?".
Até hoje, não o sei...

O barão Elias Dommit também me propôs para a ACCADEMIA
INTERNAZZIONALE Di Pontzen, na Itália. Era preciso porém, mandar um
valor em dólares,uma anualidade, creio. Como dólar era algo
absolutamente distante da minha realidade, escrevi-lhes, perguntando
como proceder- mas com a tal da censura, também nem sei se receberam a
carta. Aliás o que até hoje não sei mesmo, é como jamais fui presa,
pois vivia desafiando o Sr. Théo e entrevistando pessoas" non gratas"
pela Ditadura. Quando meu amigo Cláudio Augusto de Miranda Sá e eu
fomos entrevistar Carlos Heitor Cony e Arthur Poerner, recém saídos de
uma prisão ou de interrogatório, segundo constava e que foram
convidados pelo DA da Faculdade de Engenharia de Juiz de Fora,(esta
sempre na mira do DOPS) fomos recebidos por soldados com
metralhadoras.Simplesmente demos a volta e como ele sabia o nome do
Hotel, fomos até lá, fizemos uma enorme entrevista-eu levava meus
escritos, muitas vezes diretamente às oficinas da Gazeta(esta ainda na
época do linotipo) e entregava tudo ao Zequinha, linotipista que era
meu compadre(onde andará Giselle, minha afilhada?). Quando o Seu
Théo,via, não havia mais o que fazer.Mas a censura também via... Acho
que meu anjo da guarda era forte.

Certa vez, uma livraria ia levar a Juiz de Fora, Vinicius
de Moraes, Fernando Sabino e Rubens Braga. O diretor da Gazeta, com
medo de eu ou o jornal sermos prejudicados-e isso representava muita
coisa ruim, na época, disse-me para não entrevistá-los. Resolvi porém
ir lá e fazê-lo, para mim mesma, pelo prazer de estar com aqueles
ícones do cenário nacional das letras. Mas a repórter falou mais alto,
e antes que eles aparecessem , liguei para a redação:- Seu Théo, disse
baixinho: "o Vinicius já chegou..." Ele, que não escutava muito bem,
respondeu: "Quem, o Ministro?"Ia chegar um, aí, eu mais que depressa:
"É, o ministro"...era só mais tarde, afirmar que ele não me entendera.
O resultado foi um conversar sem fim, com direito a uma daquelas
cantadinhas especiais do Vinicius, mas tão leve que eu pude fingir que
não a compreendia. Aliás, acho que sempre passei por tolinha , não só
para os intelectuais da cidade...

De outra feita, o DA(Diretório Acadêmico) de
Engenharia(tinham uma Semana por ano toda especial, o Semanão)chamou
Juscelino Kubitscheck que estava voltando do exílio para uma palestra
ou conferência. Eu, depois do medo de não fotografar os três cronistas
citos acima, passara a sair para as reportagens, com o pai de minha
grande amiga, Renata, o senhor Albert Bauer, excelente fotógrafo. Ele
era um ex aviador que fugira da Alemanha , com uma história incrível
de ter sido dado como morto duas vezes, estando num campo de
concentração inglês. Pedi ao senhor Théo Sobrinho para pagar ao
fotógrafo como free-lancer-nem sei mais se o termo já estava em voga
no Brasil de então-e ele aquiesceu, quando aleguei que era impossível
nosso fotógrafo estar em dois lugares ao mesmo tempo e que às vezes
precisava dele , mas estava trabalhando em outro lugar.Quando cheguei,
com o senhor Bauer, havia um forte esquema de segurança à entrada da
escola de Medici