Douglas, um máster agitado

Semana passada falei sobre a importância de ser máster, vocábulo que classifica a pessoa em categoria ao invés de utilizar termos preconceituosos ou pejorativos. A palavra máster sempre foi utilizada nos esportes para identificar competições de veteranos e, portanto, podemos emprestá-la para definir pessoas com mais de 50 anos. Gosto, também, do termo sábio. Gosto de ver passar veículos da “Casa dos Sábios”, instituição para “masters” de Sorocaba que escolheu inteligentemente esse nome. Nada de casa para idosos, asilo, casa de repouso etc.

“Casa dos Sábios” lembra o filme “Coocon”, baseado no livro de David Saperstein, onde os asilados vão banhar-se numa piscina vizinha, sem saber que alienígenas também a utilizam. Assim, acontece o “rejuvenescimento” de todos, que passam a agir com a alegria dos adolescentes.

No Japão e outras culturas milenares, a idade avançada sempre foi reverenciada. A idade é respeitada como experiência vivida e, assim, os jovens ouvem os mais velhos com atenção e carinho. Neste ano, conquistei mais um amigo máster: o alfaiate e escritor Álvaro Viotti Vieira, que já completou 90 anos. É um homem que soube construir uma bela história. Ele me fez chegar às mãos a revista “PQN” – Pão de Queijo Notícias – de Belo Horizonte, MG, distribuída em todo país. Nela, uma nota destaca o livro “Exemplo”, que escrevi sobre o Álvaro. O autor da façanha: o sorocabano Douglas Lara.

Contabilista, Douglas atuou em industrias poderosas no Brasil e exterior, tornando-se personalidade respeitável em sua área profissional. Em 1998, quando deixou a atividade formal aposentando-se, ganhou um computador do filho. Ele acreditou que o filho gostaria que ele escrevesse e, imediatamente, começou a descobrir o universo da comunicação eletrônica. Procurou ajuda de muitas pessoas para operar a geringonça, como Luiz Algarra, que afirmou: “Você parece um elefante numa loja de cristais”. Com perseverança, Douglas Lara aprendeu trabalhar no computador. Fez mais: ao receber uma correspondência da UOL, tornou-se um dos primeiros usuários da Internet. Começou a corresponder com as pessoas e, hoje, tem de 8.000 a 10.000 e-mails cadastrados. Fez muitos amigos, principalmente na área de literatura e música. Passa de 3 a 4 horas por dia na frente do aparelho e, diariamente, distribui dois boletins na Internet: “Sorocaba Acontece” e “Últimas Notícias”. Lê os principais jornais do Brasil e pinça as melhores notícias. Em Sorocaba, começa o dia lendo Jak Catena, do “Bom Dia” e Ribas, o Marvadão (Celso Ribeiro, o Sapo n’água), do “Cruzeiro do Sul”. Também lê o “Espaço do Rui”, que espalha pelo mundo virtual.

Com 68 anos, casado com Marli, Douglas Lara é sorocabano e disse que tem testemunha disso: “O José Carlos Peyres, presidente do ‘Jornal Cruzeiro do Sul’ morava na mesma rua que eu, Padre José Manoel de Oliveira Libório, ao lado do Colégio Santa Escolástica, que, na época, acabava no Rio Sorocaba”. Douglas contribui muito com a cultura, tendo lançado vários livros com autores da WEB e, atualmente, prepara a 3ª Semana do Escritor. Alto, tímido, ele vence as barreiras para falar em público ou dançar em bailes dos masters do Sorocaba Clube, “quase na marra”, para realizar as alegrias da esposa.

O Brasil precisa mudar seu comportamento e apreciar as pessoas com maior número de anos com admiração e alegria. Ninguém é alguém sozinho. O ser humano é um ser social e todos herdamos histórias construídas por muitas pessoas. Hoje, quando você estiver com alguém mais velho, abra um sorriso e ofereça sua atenção. Você vai ouvir muitas lições de vida interessantes. Você vai aprender muito e, sem dúvida, ganhará amigos. Você poderá até encontrar pessoas como Douglas Lara, um máster que não cansa de produzir, encantar e unir talentos.

Rui Batista de Albuquerque Martins é jornalista e publicitário

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Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 23/12/2006
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