Biografia e Obras
Silas Corrêa Leite, da Estância Boêmia de Itararé-SP, tem 52 nos (fará 53 em 19.08.05) é Teórico da Educação, Crítico Social e Jornalista Comunitário, relator da ONG “Transparência nas Políticas Públicas” , tem trabalhos premiados como poeta e ficcionista, além de ser autor de dois-e-books, como o livro virtual de sucesso chamado O RINOCERONTE DE CLARICE que contém onze contos fantásticos, cada conto com três finais cada (um final feliz, um final de tragédia e um terceiro final politicamente incorreto – pioneiro, de vanguarda e único no gênero), no site www.hotbook.om.br/int01scl.htm - Essa obra foi destaque na mídia, como Caderno 2 do Estadão, Caderno Informática do Diário Popular, no Metrópolis (TV Cultura), na TV I (Rede 21 de tevê a cabo), Rede Band (Momento Cultural/Márcia Peltier) e foi recomendado como leitura obrigatória na matéria Linguagem Virtual do mestrado de Ciência da Linguagem da Universidade do Sul de Santa Catarina. Ganhou em 2004 o Prêmio Lígia Fagundes Telles Para Professor Escritor. Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm - E-mail para contatos, convites, torpedos, etc.: poesilas@terra.com.br - Está para lançar o livro PORTA-LAPSOS, Poemas.
poesilas@terra.com.br
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Minhas Escritas
Poema UM
OUTONAIS (Poemetos)
01
O feto, o que diria
Se pudesse falar?
(Prometo nunca mais Amar!)
02)
As etiquetas
Denunciam
O defeito de fabricação
É de quem veste a roupa
03)
Eu te escrevo, Vida
Como um louco escriba
Delata a própria sobrevivência
Em carne viva
04)
Itararé não existe
É a mais pura ilusão
Palco iluminado alegre & triste
Na cor púrpura do meu coração
05)
Era tão mal falada
Que só tinha uma saída
Ir morar lá na Índia
Para então ser sagrada
06)
Rio-me de mim
Quando me vi, verme
07)
As goteiras
São estrelas
Que, por sê-las
Esqueceram de usar rímel
08)
No dia que vim-me embora
Meu pai não cabia em si
E minha mãe chorava, chorava e chorava
Enxugando as lágrimas numa avental sujo
De pimenta cumari
Poema DOIS
POEMAS & POESIAS
Não discuto o sexo dos poemas
nem a vacância de mensagens
muito menos dicções ou mitologias
eles se bastam com arestas
multiplicando zeros e infinitos
não discuto a vertente das poesias
que de si mesmas são distintas
o ritual, a consciência, o melódico
tudo isso são cincerros e egos
questionários, renúncias, pertencimentos
não discuto o simbolismo dos poemas
que por si só podem ter ícones
não quero rótulos, escolas, sachês
e sim rupturas com a sintaxe
técnicas de aproximação, mixórdias
não discuto a lírica das poesias
nem códigos, modismos, planos
quero repertórios de niilismos
e o plano da existência táctil
como réptil com asas, mimetismo
não discuto a lógica dos poemas
quero pluralidades de pedras
o neobarroco, os vetores chaves
são enguias sistêmicas e fazem
do poeta um cacto de bruxo
não quero a vanguarda das poesias
mas elas em si mesmas cibalenas
núcleos, encantários e enzimas
safra de paradoxos críticos
técnica de vernizes diversos
não discuto a poesia no poema
sou um clandestino com lúpus
a lepra de ser-me - sentença
angústia-vívere; roca & singer
baladas de incêndios, odes instintais.
Poema Três:
TODA MÚSICA É MARIA BETHÂNIA
Toda balada na Voz de Maria Bethânia vira cântico
Porque ela heletroniza na aura os céus da composição
E a sua alma – pela sua personificação – relê sânscrito
Tocando a melodia nesse ritualizar tanta inteiração
Toda Música na Voz de Maria Bethânia vira cântico
Que ela resignifica qual flor-fêmea uma asa menininha
E nessa cena-self o alumbrar-se forma elo & acalanto
Quer Tom Jobim, Gil, Caetano, ou Vinicius, o Poetinha
Toda canção na Voz de Maria Bethânia vira cântico
Que bem nutre de si no altar de magnífica harmonia
Ela mesma toda estúdio com flauta do sol que, quântico
Dá-se no incorporar o totem espiritual que se irradia
Porque Maria Bethânia é a exata música em pessoa
O que ela interpreta contém chips sacros em revelação
Porque ela mesma é A VOZ – que por si própria entoa
Um hino à essência natural decodificada em canção
Maria Bethânia é aura e halo no entorno do que faz
E assim imprime a composição no soar que reproduz
Dá seu corpo todo à música e nesse encantário traz
Uma verdadeira reza que seu íntimo ninhal traduz
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Maria Bethânia é musa mística em cantoria plena
No palco de seu cênico dial, é lírica e corpórea arrebatação
Ela é a perene tradução da mais completa música em cena
Compositora, instrumento, ressonância, voz - jazz e oração
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Poeta, Silas Corrêa Leite – Da Estância Boêmia de Itararé-SP
E-mail:
poesilas@terra.com.br
Site pessoal:
www.itarare.com.br/silas.htm
E-book ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS no site
www.hotbook.com.br/rom01scl.htm
Poesia Infanto-Juvenil
Melancia
Quando curioso perguntei à minha mãe
De onde é que eu tinha vindo
Ela respondeu meio sorrindo
Que tinha me catado numa várzea
Assim como quem colhe Melancia
Perguntei o lugar certo, ela apontou
Com o nariz meio arrebitado
O fundo do quintal, entre a nascente
E eu fui lá sondar contente
Mas só havia água e lodo, a travessia
Será que euzinho vim da lama
Indaguei para a mãe que me ama
Ela disse que tinha me lavado
E feito uma oleira, de bom grado
Tinha me dado alma e serventia
Fiquei olhando a mãe nesse dia
Imaginando-a anjo e artista
Ela fingindo nem dar na vista
Tinha nas mãos barro que floria
Mas eu por certo ainda cresceria
Fiquei guri e nem bem jovenzinho
Senti-me limão-cravo com espinho
Até que minha mãe engordou
De outro irmão - outro piazinho
E eu então captei naquele dia
Minha mãe de alma olaria
Catava na várzea o filho que queria
Punha dentro do coração e sabia
Pro íntimo o filhote logo iria
Ser sua bela barriga de melancia
FADOS
“Ò Mar/Quanto do teu sal/São
Lágrimas de Portugal...”
(Fernando Pessoa)
Para Maria Petronilho (Portugal)
Eu pensei em escrever um poema em prosa sobre os Fados
Daqueles que tu tens, como o Rio Tejo em teus olhos sempre distantes
Em busca de um mágico arco-íris além da linha do horizonte
Com os sais de naufrágios íntimos que carregas na alma inventariante de cenários
Eu que tenho o Fado dessa Terra Brasilis entre areais e portos inseguros
Colho tua dor por satélite - como se um anjo feito de chips
E debulho as migalhas de tua angústia envernizada de lirismo
Pois que és minha outra asa além de ilhas, oceanos e marés
Eu pensei em escrever um poema em prosa sobre os Fados
Ouvindo os pardais cinzas conduzindo pétalas no arame dos quintais lusos
Mas descobri que o que nos une é uma tristeza além dos séculos
Por isso somos irmãos de angústia e até as solidões são sábias
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Os Fados nos dão os elos e neles colocamos a nossa alma para respirar prelúdios
E então somos espantalhos, temos fantasmas e amamos a solidão-angústia
Porque ela nos fermenta e o poema triste sempre sai pelo ladrão
E no banquete os signos a alma-olaria respira vertentes e mapas oníricos
Agora que sei que não posso te escrever fados, apenas meus banzos-mantras-blues
Eu sei que sou teu, Maria Petronilha, acervo e lastro - e vela ao vento
E ambos somos um barco catamarã dessa poesia que nos livramos
Em busca de um cais-endereço que certamente o céu nos dará, no final Reencontro de Almas em diásporas.
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Silas Corrêa Leite
Itararé, São Paulo, Brasil