Sonhos e Planos
Preenchem a minha existência com momentos de plena felicidade ou de grandes
desilusões.
Alguns destes sonhos eu pude realizar mas, há outros, ainda, no sonhar.
Nasci em uma família pobre, na casa da minha avó, que morava no Alto do
Pari, em São Paulo, aonde os italianos, que vieram do interior, formaram
suas colônias urbanas. A casa ficava bem em frente a uma fábrica de
biscoitos, mas o cheiro mais presente, era o de café torrado.
Lembro-me, ainda hoje, quando sinto o cheiro de café torrando, das minhas
andanças de criança, pelas ruas, cinzentas, do Brás. Mas, tudo era sempre
festa e muita alegria com a família e com os amigos.
Aos meus sete anos, fomos morar na Pompéia. Ali, minha juventude foi muito
alegre, também, durante o final dos anos dourados, na fase da rebeldia, dos
hippies, de paz e amor e dos Beatles. Bailinhos, cinema, dançar, fumar
escondido, tomando cuba-libre ao som de “Je T'Aime Moi Non Plus”. Conheci
meu marido aos 15 anos, e aos 20 me casei; cheia de ilusões, em relação à
minha família e aos meus filhos, com ideais de patriotismo e lutas pela
qualidade de vida, do povo e pelo bem-estar de minha família.
Sempre fui meio rebelde, quase revolucionária; nunca aceitei, de pronto,
tudo o que me diziam, era e continuo contestadora e "briguenta", pelas
causas que acredito serem justas.
De meu casamento tive três filhos: Alexandre, hoje com 25 anos, advogado;
Fernanda, que teria hoje 24 anos, morreu aos 17 em 1995 e Gabriela, hoje com
19 anos, morando com a família do namorado e com uma filhinha de 11 meses -
Gillian. Após a morte de Fernanda, há seis anos, meus pais vieram morar
comigo e sou eu, a responsável por todos.
Divorciada há 10 anos achava, até o ano passado, que não queria mais ninguém
ao meu lado. Contudo, em minha busca, infindável, pela espiritualidade e
pelo conhecimento de mim mesma, ressenti-me, com a ausência do bem maior da
vida: o amor entre um homem e uma mulher. E sonhando, conversando, comigo
mesma, escrevi: "Uma Oração Para Mim", que foi a minha primeira publicação
na Internet (29/12/2000), no site da Maytê. Foi ela quem, primeiro, me deu
ânimo e estímulo para divulgar meus textos; de lá para cá, já foram mais de
200 entre contos, crônicas, artigos, prosa e poesias, além dos ensaios para
dois livros, que insistem em ficar na minha cabeça.
Eu tinha resolvido dedicar minha vida à minha família, como uma escolha,
porém, com o passar dos anos e o desgaste natural, no casamento, voltei a
estudar para concursos públicos, pois mesmo formada em Letras -
Português/Alemão pelo Mackenzie - nunca exerci minha profissão, de fato.
Hoje, sou Fiscal de Cadastro e Tributação Rural do INCRA e tenho
desempenhado várias funções durante os últimos 9 anos, inclusive minha
especialidade, na área de conflitos agrários e gerenciamento ambiental; mas
a política agrária e a política agrícola, não nos deixam muito a fazer e é
uma frustração, a cada dia.
Sempre escrevi, desde os nove ou 10 anos e após a leitura de: "Por Quem Os
Sinos Dobram", não consegui mais parar de ler ou escrever. Tinha a hábito de
ler três ou quatro livros ao mesmo tempo, sobre assuntos totalmente
diferentes, assim como, escrever, sempre que me vinham à mente, crônicas
sobre a política nacional e o meu cotidiano. Ao contrário do que ocorre com
muitas pessoas, nunca recebi em casa ou por parte dos que me amam, nenhum
incentivo para escrever, para executar meus trabalhos artesanais, para a
pintura em porcelana ou em óleo sobre tela; coisas que gostava de fazer.
Sempre viram isso como um hobby, nunca como expressão artística ou de valor
e eu, sempre, jogava fora, tudo o que escrevia, porque ficava envergonhada
de mostrar a alguém ou receava ser criticada.
Com a internet, comecei a ver e a sentir que poderia mostrar aos outros, os
meus textos e, principalmente, meus desenhos, que sempre amei fazer. O
avanço tecnológico dá ao artista inúmeras vantagens e tenho estudado muitos
programas de desenhos e pintura, no meio virtual.
Criei o “Clips Poemas”, inicialmente, com a finalidade de expor aos meus
amigos, um pouco da minha maneira de fazer arte, contudo, ele se expandiu de
tal forma que tenho hoje, meus textos publicados em vários sites na Internet
e muitos amigos fora do País, repassam a todos de língua portuguesa, minha
maneira de sentir a vida, seja através de fonemas, seja através de imagens.
Tenho como plano maior, o desejo de algum dia, sobreviver do meu trabalho
como escritora e designer, e morar naquela minha "ilha" onde sonho estar,
com o menino que mora na rua do meu coração, no meu chalé de madeira, com
varanda e lareira. E lá fora, o mar, as cachoeiras em um terreno verde,
rodeado de montanhas, com neves eternas. Assim, paradoxalmente entre frio e
calor, entre o mar e o céu, entre amar e ser amada. E junto a tudo isso, o
reencontro com meu eu espiritual, latente durante toda minha existência e
expresso, em parte, nos textos que escrevo.
Entre sonhos e planos
Alguns desenganos
Outros, momentos de plena felicidade.
Mas, acima de tudo,
A regra da vida é:
Sentir, antes que seja tarde!
Rosy Beltrão
28/07/01 15:44 h
rosymbel@terra.com.br
***
Minhas Escritas
Restaurando almas
Rosy Beltrão
Andando pelo mundo, vi almas aflitas
desrespeito para consigo mesmas
invocando o nome de Deus para seus perjúrios,
para suas incógnitas e indecifráveis ações
atitudes de rancor, constrangimento ao próximo
de maldade pura, negra fétida alma...
onde as rosas não brotam,
onde a Luz não penetra porque
alma inquieta e julgadora de seus próprios atos
não deixa que a bondade a atinja,
está sempre a ver o Negro do céu,
a nuvem preta que se aproxima,
que anda sobre ela ou sempre acima dela.
Sob olhos atentos de irmãos de Luz,
seguem a jornada em busca da infeliz,
isolada alma, não é capaz de perceber,
porque está em outro padrão de vibração
em outra sintonia,
distancia-se inquietantemente
de seus amigos pois,
não os consegue ver ou sentir
mas, estão lá, sempre estão lá
porque Deus é Amor
e eles também serão Luz amanhã
em nosso Mestre, Jesus,
a restauração é certeira.
E, nenhuma alma há de apagar
sem que lhe tenha sido
dedicada atenção e a redenção de seu viver.
11:41 h 23/03/2005