Biografia e Obras

1.
No século XX, fui registado com o nome de José-Augusto, oriundo de uma das muitas famílias Carvalho da Região do Alentejo; na Idade Média, fui Tuphy Mass, um dos cavaleiros da Moirama, oriundo da Palestina; ainda na Idade Média, fui Gabriel, um dos escravos da gleba, oriundo do domínio de Fochem.

2.
Hoje, sou José-Augusto de Carvalho, mas também Tuphy Mass e Gabriel de Fochem. Tuphy e Gabriel reviverão se José-Augusto souber merecê-los.

3.
Sei ler, escrever e contar.
Excepto quando criança, comi sempre o pão amassado com o suor do meu rosto. Nunca traí ninguém, mas fui traído algumas vezes.
Fui sempre amigo desinteressado de quem me quis como amigo.
Servi sempre a amizade; nunca me servi da amizade.
Para mim, o Amor é a sublimidade da Vida. E o bem maior da minha vida.

4.
Escrevo desde que sei escrever. Leio desde que sei ler; antes ouvia ler. A minha infância foi embalada pelas lendas das Mil e uma noites. Talvez devido a essa influência, adoro ler Poesia e tento escrever poesia. Do que escrevo, há quem goste e há quem não goste. Não sou nem quero ser senão o que sou e sempre fui.

5.
No meu mar de sonho, cá vou, de naufrágio em naufrágio, perdendo-me nos braços da sereia que está sempre à minha espera.

6.
Como ser humano, sou da Humanidade.
Como terráqueo, reclamo-me da Terra toda.

Por ser verdade, aqui fica, para que conste.
Tuphy Mass
Gabriel de Fochem
José-Augusto de Carvalho

Lisboa, 11 de Junho de 2003

Nota:
Este texto foi escrito para O Fórum dos Mestres Aprendizes, a pedido do PoetAmigo Daniel Cristal, e considero-o definitivo para publicação em todos os locais onde seja acolhido.

www.prefacio.net.br
www.usinadeletras.com.br
www.astrolabio.net/serpoeta/portugues.html
www.suigeneris.pro.br
Recanto das Letras

joseaugustodecarvalho@sapo.pt



Declaração
Eu, José-Augusto de Carvalho, declaro que, a partir desta data, todos os textos a publicar serão assinados por Tuphy Mass. Outrossim, os textos já publicados, quer em livro, quer avulsamente, quando reeditados e republicados, serão de Tuphy Mass.
Por quanto antecede, doravante, qualquer correio deverá ser remetido para Tuphy@sapo.pt.
Viana do Alentejo, Évora, Portugal, aos dezassete dias do mês de Setembro do ano de dois mil e cinco.
José-Augusto de Carvalho

***

Declaração
Desde a data de publicação da minha minha curta biogarfia, 11 de junho de 2003, que pondero o meu percurso. O que fui e o que sou? O que fui, ontem, não deixei de ser, hoje. Logo, nada tendo a renegar ou a corrigir,tudo o que fui, sou. Porque assim é, todos os textos assinados por José-Augusto de Carvalho e Gabriel de Fochem são de Tuphy Mass.
Viana do Alentejo, Évora, Portugal, aos trinta dias do mês de Julho do ano de dois mil e quatro.
Tuphy Mass (Tuphy@sapo.pt )

***

Minhas Escritas



Cantares... (1)
( Tuphy Mass )


Eu canto as horas amargas
das cargas e das descargas
das barcas de arrojo e pinho...

Eu canto os longes das rotas
abertas pelas gaivotas
com asas de níveo linho...

Eu canto as horas sombrias
de medos e de agonias
no mais além da tormenta...

Eu canto as horas de luto,
naufrágios, febre, escorbuto,
sabor de cravo e pimenta...

Eu canto no Cabo Não
o sim de passar ou não,
mas nunca o retroceder...

Eu canto os Cabos da Dor!
Gil Eanes Bojador,
Tormentas de estarrecer!

Eu canto as Áfricas virgens,
feridas desde as origens
de mágoas e predadores...

Eu canto as Índias da História,
Cobiças, dramas e glória,
de incensos e roxas cores...

Eu canto os áureos Brasis,
a cana em negro matiz
de açúcar de acres sabores...

Eu canto a nesga europeia
do Poeta e da Epopeia,
do Fado das nossas dores...

***

14 de Agosto de 2004
Viana do Alentejo * Évora * Portugal
Do livro em preparação: "O Alentejo não tem sombra..."





À beira-mágoa...
( Tuphy Mass)

Eu soube de um país à beira-mar,
à beira-pesadelo, à beira-pranto...
De insónias e tristezas no cantar,
do sonho, que a tardar, doía tanto!

Eu soube de um país que teve um cais
e um barco que largou ao mundo além...
Que foi e que voltou por entre os ais
e sempre desse além ficou refém...

Eu soube de um país à beira-fado,
guitarra dedilhando a decadência...
Amante, entre grinaldas, mal-amado,
cativo de masmorras e de ausência...

Eu soube de um país que se rendeu,
num dia de novembro, e se perdeu...

***
25 de novembro de 2004.
Viana do Alentejo * Évora * Portugal





Poema XVII

Sonhar é encontrar as portas do infinito
sentir que foi transposto o cerco à nossa volta
o ser que do não ser dos vis grilhões se solta
transfigurando o mito em vida e a vida em mito

sonhar é ir além do labirinto e ousado
ter asas não de cera em ícaro desfeitas
e que ao sabor do mar e aos vagalhões sujeitas
deixaram-nos um fim vencido por legado

sonhar é sermos deus e em tudo havermos deus
sem templo nem altar nem outras veleidades
que teima em implantar o cérebro tacanho

sonhar é ir ficando e num liberto adeus
negar e recusar sonâmbulas deidades
ganhando o nosso exacto universal tamanho.

Tuphy Mass
in
A Instante Nudez



Poeta quero ser
Tuphy Mass

Poeta quero ser da melodia à rima,
do grito de revolta ao grito da recusa...
Que importa se morrer nos braços da Medusa,
se há muito eu já morri, nas ruas de Hiroshima?

Aqui, recuso ter a paz dos cemitéros.
Aqui, recuso ser um cúmplice comparsa
que aplauda ou represente a náusea desta farsa
que, sobre escombros, ergue os circos dos impérios.

Vermelho é o meu sangue e vivo se derrama
em versos de emoção e gritos de recusa,
sem nunca se render, à fúria que o vitima.

Do tempo que passou ao tempo que me chama,
que importa o meu morrer nos braços da Medusa
se há muito eu já morri nas ruas de Hiroshima?

7 de Agosto de 2004.





A Condição Humana
Tuphy Mass


Das rotas dos princípios disto tudo,
emerge o verbo --- essência de água e lodo.
Das tábuas que quiseram ser um todo,
não resta nem espada, nem escudo.

O verbo, sem sentido, anestesia
a dor que prolifera e que subjuga.
Já nem sequer a mão canhestra enxuga
a lágrima que dói e tomba, fria.

Casado o desespero com a ira,
irrompe da cratera a violência
na lava da vergonha e da mentira.

Suspenso do mistério da existência,
dedillho, em desespero, a minha lira,
vergado à perdição da minha essência.

13 de Setembro de 2005.
Viana do Alentejo * Évora -Portugal