Viver é apenas se permitir viver
Amo desenfreada e desesperadamente a ideia de que preciso estar amando constantemente para que minha vida tenha sentido. Mas a solidão, às vezes boa, às vezes má companhia me fez repensar essa necessidade absurda e louca de querer encontrar nos outros uma solução para problemas que são meus e apenas meus. E que enquanto eu não resolvê-los serei incapaz de amar alguém além de mim. Chega a ser paradoxal, mas me odeio tanto, me critico e me julgo demais a ponto de me diminuir perante os outros e a vida e ao mesmo tempo não consigo pensar em ninguém além de mim mesma. Meus problemas existenciais são mais importantes que o resto do mundo inteiro e minhas decisões refletem isso: primeiro eu, depois eu e lá no final da lista, os outros por ordem afetiva e benéfica. Chega a ser um egoísmo tão profundo que às vezes as pessoas confundem com interesse e de certa forma é um interesse que disfarça minha necessidade de auto-aceitação.
A verdade é que cansei de ser e agir assim, venho buscando não exigir tanto de mim, já que nem os outros o fazem da forma rígida e implacável que eu mesma me faço. Percebi que por conta de ser tão egoísta, egocêntrica e hedonista deixei de viver histórias, fatos e atos que poderiam ter sido importantes lições e aprendizados e não os foram justamente por eu ter me impedido, bloqueado. Desisti de pensar demasiadamente no que os outros irão achar seu eu fizer isso ou aquilo e decidi apenas viver sem cobranças, deixar que minhas emoções fluam e flutuem sem que minha razão sempre imponha limites. Às vezes, ultrapassar a linha que acreditamos ser nosso limite nos mostra uma percepção de mundo, vida e coisas muito maior e mais bela que jamais poderíamos enxergar se continuássemos com medo de extrapolar, responsavelmente, nossos próprios limites. Afinal, a vida é um sincronizado e perfeito baile e não podemos deixar a música parar de nos embalar, pois viver é apenas se permitir viver.