PRÓLOGO DRAMÁTICO – EDGAR A. POE

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Notas Biográficas

 

A atriz Isabel Arnold, viúva de C. D. Hopkins, casou-se em 1806, com David Poe, também ator. A partir daí, o casal passou a representar juntos, porém com muito pouco êxito. Em maio de 1806, os Poes seguiram para Boston juntando-se aos seus amigos dos Atores de Boston. Permaneceram na cidade por três anos, conforme seu contrato com o Teatro Federal de Boston.

Foi durante essa permanência que nasceram os dois meninos: William Henry Leonard, em 1807 e Edgar Poe, em 1809. Devido à pobreza, sempre extrema de seus pais, Hery foi deixado aos cuidados de seus avós, em Baltimore, logo depois de nascido.

Em setembro de 1809, os Poes foram para Nova York. E, por volta de 1810, David Poe desapareceu. Abandonou a mulher ou morreu, pois não há referências autênticas a respeito dele. A tradição corrente é que morreu de tuberculose. Privada de seu marido, quer por morte ou abandono, a senhora Poe agora lutava para sustentar a si mesma e a seu filho Edgar. E, para cúmulo de tudo, David, a deixara grávida.

No verão de 1810, a senhora Poe deixa Nova York e segue para Richmond, e depois para Norfolk, onde foi mais uma vez contratada para representar. Acompanhava-a por toda parte o menino Edgar, então com apenas dois anos de idade. A 20 de dezembro de 1810, Isabel Poe dá à luz, na maternidade Forrest, a sua filha Rosalie.

Logo após o nascimento de Rosalie, a senhora Poe – que já devia ter uma bem avançada tuberculose - reaparece nos palcos, continuando uma luta, desesperada, para sustentar-se e as suas duas crianças. Naquela época, o salário de uma atriz de segunda classe nos palcos americanos era deplorável. O cansaço das viagens era enorme e os lugares das representações raramente confortáveis e nem sempre respeitáveis. De modo que, para uma mulher com duas crianças a sustentar era um modo de vida difícil e exaustivo.

De Norfolk, a senhora Poe seguiu para Charlesten (Carolina do Sul), onde representou durante 1810 e 1811. Neste último ano sua saúde definhou, viu-se então completamente doente e desamparada. Em fins desse mesmo ano sua saúde piorou; suas aparições no teatro tornaram-se mais espaçadas e raras. Por fim cessou. . Abrigava-se no quarto de trás e por cima de uma loja de chapéus. Os aposentos não eram o melhor lugar para uma doente; era um quarto pequenino e baixo e com um ar saturado; possuía a mais escassa mobília: uma cama com colchão de palha, uma colcha e um cobertor (fornecidos pela dona da chapelaria); uma ou duas cadeiras velhas, provavelmente, uma cama de balanço para as crianças e algumas garrafas com tocos velas presas aos gargalhos. Seus bens eram algumas sobras sujas de vestes teatrais, um bauzinho em que guardava, com carinho, relíquias e cartas do marido desaparecido, roupa rotas das crianças e escassa comida.

AOS CORAÇÕES HUMANITÁRIOS

Esta noite, a senhora Poe, que jaz no leito da doença, cercada por seus filhinhos, pede o vosso auxílio: e pede-o talvez pela última vez. Informações nos anúncios do dia. (apelo em favor da senhora Poe no jornal Enquirer)

Foi, de fato, pela última vez! A morte chegara afinal, em oito de dezembro de 1811. Despojada de suas melhores joias de latão, a senhora Poe ficou, durante poucas horas, exposta no quartinho da chapelaria, onde todos aqueles que haviam formado seu pequeno mundo, e que dela gostaram um pouco pudessem vê-la. Os mesmos amigos se encarregarem dos arranjos para o enterro. Por fim, Edgar e Rosalie Poe foram separados daquela que fora sua mãe. Pode-se imaginar o súbito silêncio, no momento em que as duas crianças foram erguidas para contemplar pela última vez sua mãezinha que jazia, ali, sobre a cama, pálida como uma cera. Alguns dos amigos, membros da congregação, lhe arranjaram a sepultura, não sem protestos de certos membros do Conselho Paroquial que relutavam, por simples preconceito, em ver os restos mortais de uma artista em chão sagrado.

Quando Edgar chegou à rua, em frente da loja de chapéus, foi separado de sua irmãzinha. De súbito, seu pequeno mundo familiar se desfez em pedaços, em torno de si. Viu-se sozinho com uma mulher afeiçoada, porém estranha. Foi a primeira e talvez a mais decisiva das muitas tragédias que o Anjo Negro teve ordem de infligir-lhe. ®Sérgio.

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Bibliografia: Allen, Hervey. Israfel: The Life and Times of Edgar Allan Poe por (1934); Buranelli, Vincent. Edgar Allan Poe (1961)

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 09/09/2011
Reeditado em 10/09/2011
Código do texto: T3210475