Nem Freud explica, mas o diabo dá uns toques.
Raul dos Santos Seixas, um baiano de Salvador e fã de Elvis Presley, montou sua primeira banda por volta dos seus dezessete anos de idade, “Os Relâmpagos do Rock”, mais tarde passou a chamar-se “The Panthers” e finalmente “Raulzito e os Panteras”.
Sem sucesso nacional, Raul Seixas tentou a carreira de produtor em uma gravadora, perdendo o emprego por produzir sem autorização um de seus lp's.
Raulzito alcançou definitivamente o sucesso com o compacto “Ouro de Tolo”, e o seu primeiro disco solo “Krig-Há-Bandola”, foi produzido após parceria com Paulo Coelho, mesma época em que o cantor conheceu uma sociedade secreta cheia de rituais baseada nos ensinamentos do bruxo inglês Aleister Crowley.
Algumas músicas como “Sociedade Alternativa” e “A Lei”, foram escritas baseadas em textos do bruxo.
O Profeta Apocalíptico deixou de lado o seu jeito Presley de ser ingerindo uma overdose de misticismo e só abandonou os rituais após visões que misturavam demonismo e alucinação psicodélica.
Raul, o guru, ganhou seu primeiro disco de ouro com o compacto que trazia a faixa “Gita”, cuja letra foi inspirada no “Bhagavad – Gita”, a mais popular das escrituras sagradas da Índia antiga.
A decadência pessoal e artística do Carimbador Maluco se deu a partir do lançamento do trabalho “O dia em que a Terra parou”, os vícios químicos tomaram conta dele, o cansaço físico e mental eram grandes e o cantor se entregou à bebida, chegando a tomar vodka com laranja no café da manhã.
Sua popularidade era tanta que acabou trazendo a ele muita solidão, pois todo mundo o conhecia, porém ele não conhecia ninguém.
O Maluco Beleza ainda deu seu último suspiro, fez uma turnê realizando cinqüenta shows ao lado do último parceiro, Marcelo Nova.
No dia vinte e um de agosto de mil novecentos e oitenta e nove, apenas dois dias após o lançamento de “A Panela do Diabo”, a Terra parou. Raul Seixas morre de um ataque cardíaco causado pelo excesso de álcool e drogas.
Muita fantasia e rock'n roll alimentaram essa trajetória que o Brasil presenciou e que jamais esquecerá.
Alexandre Idalgo
05/2007.