MEMORIAL
Para inicio quero justificar, tive que recorrer um pouco a minha vida estudantil do Ensino Fundamental e Médio, caso contrário o leitor desse texto, talvez encontrasse um pouco de dificuldade no entendimento do enredo e pensaria que sou confuso e sem objetivos. Vamos La...
Escrever um texto desse tipo não é fácil, confesso. Pois faz com que eu desenterre épocas e cenas saudosas, cheia de magias e caminhos tortuosos... É doloroso. É sério! Destaco, por exemplo, minha longa caminhada até aqui, sem muitas aventuras, mais bem significativa para minha formação como ser humano (nem sei se é correto dizer isso). Pois bem, é necessário destacar que, desde minha infância não tive muita intimidade com estudos e nem muito incentivo, apesar de vir de uma família com muitos casos de pessoas que se formaram em magistério e poucos professores. Meu interesse pela leitura surgiu na minha pré adolescência quando, por ser muito tímido, senti necessidade de me aproximar de minhas colegas, já que meus amigos todos ou tinham namoradinhas ou algumas pretendentes. Precisei recorrer a eles (os livros), principalmente de poesias, comecei a escrever poesias quase que naturalmente, tudo que via e que sentia virava poesia, dessa forma, “o tiro saiu pela culatra”, em vez de encantar como ‘amante apaixonado’ encantava cada vez mais como ‘amigo poeta’! Foi lendo livros de poesia que me deixei fascinar por “Ismália” de Alphonsus de Guimaraens e conheci a vida do autor, na época me identifiquei muito como ele, seu gosto pela melancolia me inspirava. Tive contato com obras de Álvares de Azevedo "Se eu morresse amanhã, viria ao menos/ Fechar meus olhos minha triste irmã; / Minha mãe de saudades morreria / Se eu morresse amanhã!" e outros. Isso fez despertar a curiosidade e a admiração de quem pouco me importava no momento, minhas professoras, principalmente de Português (era a disciplina na qual não tinha muito gosto). Uma professora – Chamada Vilma - certa vez sugeriu que eu a entregasse alguns textos poéticos para serem publicados em um livro, nem liguei! Certa vez, me aventurei a visitar outra estante da biblioteca quando conheci “O Rei Arthur e Os Cavalheiros da Távola Redonda” da serie vagalume – eu acho! Gostei e quando dei por mim, na 6ª serie do ensino fundamental já tinha lido mais de 10 títulos. No ensino médio, sonhava com um curso superior, seria uma vitoria pessoal e um orgulho para minha mãe e família, já que ninguém até hoje tinha conseguido esse feito. Pensei em fazer Psicologia ou Educação Física, mais não tinha condições de morar fora, sonhava também com Geografia (minha paixão, um dia ainda faço...) e até a área de Informática mais nem se quer imaginava que faria Letras.
E minha sina me acompanhava, tornei-me amigo dos professores principalmente de Português que admiravam meus textos poéticos, até que um dos Mestres – Professor Edilson - pegou uma poesia de minha autoria e publicou em um jornal. Ele me incentivava a ser escritor e eu dizia que morreria de fome e ele sorria... No ano de 2006, resolvi fazer o vestibular, tinha oitenta reais guardado de um “bico” que tinha feito e resolvi arriscar, coloquei a primeira opção para Letras aqui em Brumado e a segunda opção para Geografia em Caetité. Não é que passei nas duas! Como não tive condições fiquei. Optei pelo curso, não por gosto mais por falta de opção mesmo! Confesso que cheguei meio desorientado no curso, sentia como um peixinho fora d’água, mais conhecendo outras pessoas, percebi que não era só um peixinho fora d’água, eram vários e isso foi um incentivo para continuar, tenho comigo que tudo que começo preciso terminar e isso foi de grande valia para eu não desistir do curso.
Os primeiros semestres foram maravilhosos, semestres de descobrimentos, de identificação e de dificuldade em algumas disciplinas, já que não tinha muita base da área de Literatura. Por outro lado, foram nesses semestres iniciais que conheci meus colegas grandes batalhadores, conheci os Mestres que são verdadeiros professores a que me orgulho de ter conhecido e levarei isso para o resto da minha vida, e o Campus, um ambiente agradável e inspirador. Pude notar um crescente desenvolvimento intelectual na minha pessoa já mesmo ao termino do primeiro semestre e uma continuidade que se estende com o tempo. No terceiro semestre tive minhas maiores dificuldades, justamente por coincidir com as turbulências familiares que me cercava na ocasião, mais passadas tais problemas pude notar que isso só me fez crescer e provar que estou preparado para suportar pressões e dificuldades. No quinto semestre tive a oportunidade de entrar em uma sala de aula como regente, devido a um estágio promovido pelo IEL (Instituto Euvaldo Lodi), fui substituir uma professora em licença maternidade, o que me marcou ainda mais nessa nova experiência é que a professora que eu substituiria se chamava Vilma - a mesma que pediu meus textos para serem publicados em um livro - fiquei lisonjeado com a oportunidade. Ao término desse contrato, fui deslocado para ensinar em Livramento, no lugar de um professor chamado Edilson – isso mesmo, o meu professor do ensino médio -, só que não deu certo por dificuldade de conciliação com as aulas na faculdade. Vi que o mundo é realmente pequeno!
Desde o período e ingresso até o momento em que sento para registrar nestas linhas, observo e analiso a situação que está a educação no país, me sensibilizo com a causa e tenho vontade de contribuir para melhorias, talvez esse seja o combustível que sustenta o desejo de elaborar meu trabalho de conclusão de curso acerca da metodologia da educação. Nessa historia toda tem varias coincidências, o fato de a Língua Portuguesa me persegui, o gosto que estou tomando pela mesma, o alicerce que é esse curso para qualquer área que possa vir a aparecer... Enfim vejo que, apesar de ter sido de contragosto, sinto cada vez mais apaixonado pela área. Se eu fosse relatar aqui todos os pontos e vírgulas que compôs essa historia, não seria um memorial e sim uma biografia, e deixo bem claro: o que relatei aqui não é nem mais nem menos importante do que deixei de relatar. Trata-se apenas de um pequeno apanhado de situações que me fizeram chegar até aqui.