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D. Dinis I de Portugal


O monarca-trovador
que institucionalizou
a língua portuguêsa


D. Dinis I de Portugal (Lisboa [?], 9 de Outubro 1261 — Santarém. 7 de Janeiro de 1325) foi o sexto rei de Portugal. Filho de D. Afonso III e da infanta Beatriz de Castela, neto de Afonso X de Leão, foi aclamado em Lisboa em 1279. Viveu 63 anos e desses, 46  usou para governar os Reinos de Portugal e Algarve, tendo subido ao trono com 17 anos.

Uma das mais importantes figuras da Península Ibérica do fim dos anos 1200 e início dos Trezentos, D. Dinis foi cognominado Pai-da-Pátria por Duarte Nunes de Leão. Foi um dos principais responsáveis pela criação da identidade nacional portuguesa. A ele se deve em larga escala a consciência de Portugal como Estado e Nação. Seu reinado  definiu as fronteiras de Portugal em Alcanizes, instituiu o Português como língua oficial da corte, libertou as Ordens Militares em território nacional de influências estrangeiras e prosseguiu um sistemático acréscimo do centralismo régio.

A política centralizadora foi articulada com ações de fomento econômico importantíssimas - como a criação de inúmeros concelhos(1) e feiras - e de relevantes reformas judiciais. A administração das propriedades régias tornou-se mais eficiente e D. Dinis ficou conhecido como um Rei rico; disso encontramos eco na Divina Comédia de Dante Alighieri. António Caetano de Sousa cognominou-o  O Lavrador, por seu extenso trabalho em prol do reino.  

O monarca foi grande amante das artes tendo contribuindo grandemente para o desenvolvimento da poesia trovadoresca. Devido à sua obra poética, é hoje conhecido como o O Rei-Poeta ou O Rei-Trovador. Pensa-se ter sido o primeiro monarca português alfabetizado, tendo assinado sempre com o nome completo. Culto e curioso das letras e das ciências, ele impulsionou a tradução de muitas obras para o Português, entre as quais, os tratados de seu avô Afonso X, o Sábio. Foi o responsável também pela criação da primeira Universidade portuguesa, sediada em Coimbra.

Os historiadores falharam redondamente em oferecer qualquer tipo de descrição física do monarca. Hoje, graças a uma abertura acidental de seu túmulo, resultado de uma restauração de 1938, podemos afirmar que ele viveu num corpo de cerca de 1,65m, tendo falecido com a  idade de 63 anos, feito notável para a época.

D. Dinis aparentemente gozou de excelente saúde durante toda a sua vida, pois fez seu primeiro testamento completo apenas aos 61 anos. o Rei  sempre viajou, participou de guerras e ainda caçava aos 60 anos. Seus restos mortais revelam que morreu com a dentadura completa, algo que mesmo nos nossos dias continua a ser extraordinário.

O monarca teve cabelos e barba ruivos, fato curioso na família real portuguesa de então, do qual não se conhecem outros exemplos até sua  época. Especula-se que a origem genética deste traço poderia vir do lado materno, pois seu tio Fernando de Castela era ruivo.

D. Dinis foi essencialmente um rei administrador e não guerreiro. Envolvendo-se na guerra com Castela em 1295, desistiu dela em troca das vilas de Serpa e Moura. Pelo Tratado de Alcanises. (1297) Firmou a Paz com Castela, definindo-se nesse tratado as fronteiras atuais entre os dois países ibéricos. Por este tratado previa-se também uma paz de 40 anos, amizade e defesa mútuas.

A sua prioridade governativa foi essencialmente a organização do reino, continuando a  legislatura de seu pai D. Afonso III.

Mas foi a cultura o  seu maior  interesse.  D. Dinis não só apreciava literatura, como foi ele próprio um poeta notabilíssimo e um dos maiores e mais fecundos trovadores do seu tempo. Aos nossos dias chegaram 137 cantigas da sua autoria, distribuídas por todos os gêneros (73 cantigas de amor, 51 cantigas de Amigo e 10 cantigas de escárnio e maldizer), bem como a música original de 7 dessas cantigas (descobertas casualmente em 1990 pelo Prof. Harvey L. Sharrer, no Arquivo da Torre do Tombo, num pergaminho que servia de capa a um livro de registos de notas do século XVI, e que ficou conhecido como Pergaminho Sharrer).

Durante o seu reinado, Lisboa foi, um dos centros europeus de cultura. A Universidade de Coimbra, a primeira universidade em Portugal,  fundada pelo seu decreto Magna Charta Priveligiorum, ensinava  Artes,  Direito Civil,  Direito Canónico e  Medicina. Mandou também traduzir importantes obras, tendo sido a sua Corte um dos maiores centros literários da Península Ibérica.

Os últimos anos do seu reinado foram marcados por conflitos internos. D. Dinis morreu em Santarém a 7 de Janeiro de 1325, e foi sepultado no Mosteiro
de São Dinis, em Odivelas.
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(1)Regionalismo português: Divisão administrativa de distrito; parte de um distrito. (Houaiss)
UBT
Enviado por UBT em 04/07/2011
Reeditado em 04/07/2011
Código do texto: T3074768
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