João Satyrio
Sorria quando o sol raiava.
Saia cedo pra longa lida.
Em seus braços que não paravam,
Marcas de fracas cicatrizes.
Chapéu desgastado na cabeça,
Tinha a pele queimada de sol.
Suas inseparáveis botas,
Em ruído lhe anunciavam.
Sempre andava com coragem,
Munido de fé na alma.
Morava no fim do mundo.
Achava que tinha tudo.
E será que não tinha mesmo?
Homem de poucos sonhos,
Muitos não querem mais
Que saúde e vida de paz.
Mesmo assim no final das contas:
A vista não era de alcançar,
Tamanhas foram suas conquistas.
Terra bela de se admirar!
Foi o mesmo até o fim.
Morreu com suas botas
E aquele chapéu na cabeça,
Num dia de trabalho pesado.
E nunca se viu tanto choro,
Como em volta de seu caixão.
Homem de poucas palavras,
Força imensa e grande coração.
A saudade leva a compartilhar
A lembrança de garra.
Família grande que o trás,
De geração em geração.