CAPITAO FURTADO

##Cantor. Compositor. Era sobrinho de Cornélio Pires, o pioneiro nas gravações de discos caipiras. Seu pai possuía um sítio e uma olaria. Ainda criança mudou-se para Botucatu. Em 1926, resolveu mudar-se para São Paulo. Em 1927, conseguiu emprego como auxiliar de escritório na empresa Henrique (...) Em 1929, participou da inauguração da Rádio Cruzeiro do Sul encenando um quadro caipira, em substituição ao ator Sebastião Arruda, que não compareceu. Compôs com Marcelo Tupinambá a toada "Coração", que marcou sua estréia como letrista. Assumiu durante algum tempo o papel de caipira no programa "Cascatinha do Genaro", na Rádio Cruzeiro do Sul. Na mesma rádio, criou, juntamente com o cantor e radioator Celso Guimarães, o primeiro programa de calouros a utilizar este título. Em 1931, trabalhou como assistente de produção no filme "Coisas nossas", de Wallace Downey. Em 1934, passou a apresentar o programa "Cascatinha do Genaro" na Rádio São Paulo, PRA-5. A Rádio Cruzeiro fez proposta para tê-lo de volta em sua programação, mas retornou atrás logo em seguida. Frustrado com o cancelamento do contrato, resolveu adotar o nome artístico de Capitão Furtado. No ano de 1935, atuou como coordenador artístico do filme "Fazendo fita". Em 1936, participou do Primeiro Concurso de Músicas Carnavalescas, organizado pela Comissão de Divertimentos Públicos da Prefeitura de São Paulo. O concurso contava com a participação de Ary Barroso, que era dado como virtual vencedor. Para a surpresa de todos, a composição vencedora foi "Mulatinha da caserna", de sua autoria e Martinez Grau. "Mulatinha da caserna" foi gravada pela RCA Victor em janeiro de 1936 com interpretação de Januário de Oliveira e Arnaldo Pescuma, e acompanhamento dos Diabos do Céu e Pixinguinha. No mesmo ano, iniciou frutífera parceria com Alvarenga e Ranchinho, que gravaram "Itália e Abissínia". Ainda em 1936, começou a trabalhar na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, juntamente com Alvarenga e Ranchinho, formando a Trinca do Bom Humor. Gravaram uma série de composições: "Meu coração", "Futebol", "Repartindo um boi" e "A baixa do café". Em 1937, gravou em dueto com a atriz Jurema Magalhães o diálogo de Campos Negreiros intitulado "Adoração". Na mesma Rádio Tupi, criou o programa "Repouso", espécie de "retiro interiorano". Nesse programa ele recebia uma série de convidados, como Carlos Galhardo, Benedito Lacerda, Alvarenga e Ranchinho, entre outros. Suas gravações na Odeon alcançam enorme sucesso e passou a ser conhecido como "O maior caipira humorista do Brasil". Ainda em 1937, gravou sozinho ou em companhia de outros artistas vários trabalhos satíricos em linguajar caipira: "Caipira em Hollywood", "Descobrimento da América", "Em redor do mundo", "Modos de cumprimentar" e "Psicologia dos nomes". Em abril daquele ano, lançou o livro "Lá vem mentira", que alcançou enorme sucesso. Em 1939, deixou a Rádio Tupi, passando a trabalhar na Rádio Nacional. Ficou pouco tempo na nova estação em virtude do curto espaço que lhe foi dado para apresentar o programa "Poemas sertanejos", difundido em horário de pequena audiência. Naquele mesmo ano, estreou no Teatro João Caetano(RJ) "O tesouro do sultão", de sua autoria, e música de Radamés Gnattali, com a Companhia Jardel Jércolis. Na peça estavam presentes diversos gêneros musicais: danças russas, bailados orientais, rumba, batucada, samba, marcha carnavalesca e canção caipira. Foi um enorme sucesso, tendo sido apresentada ainda em São Paulo, Recife, Argentina e Uruguai. No fim de 1939, retornou a São Paulo, onde na Rádio Difusora criou o programa "Arraial da curva torta", que revelou diversas duplas caipiras, sendo Tonico e Tinoco a principal. Em 1940, Orlando Silva gravou pela RCA Victor a valsa "E o vento levou...", segunda incursão de Ariovaldo Pires em gênero não caipira. Em 1941, compôs com o compositor mexicano Luiz Alvarez "Caray con el amor" e "El vacilón", ambas gravados por Alvarez. Em 1943, fez "Sou um tropeiro", versão para "El bandolero", de Jesus Ramos, primeira de uma série. Seguiram-se, entre outras, as versões da italiana "Tesoro mio" (Tesouro meu), da americana "Oh, Susana" e da alemã "Lili Marlene". Em junho de 1948, apresentou-se com a mulher no Circo Piolim na peça "Sertão em flor", e no final do ano mudou-se para Salvador, onde passou a dirigir a Rádio Excelsior local. Em 1949, retornou a São Paulo indo trabalhar na Rádio Cultura onde por dois anos e meio produziu programas caipiras. Deixou a Rádio Cultura em 1952, passando para a Rádio Difusora, onde permaneceu até 1956. Neste mesmo ano, colocou letra em "Moonlight Serenade", de Glenn Miller, gravada na RCA Victor com o título de "Serenata ao luar". Foi contratado pela São Paulo Alpargatas para supervisionar todos os programas sertanejos patrocinados pela empresa no Brasil. Em 1960, compôs com Henrique Simonetti o hino oficioso de Brasília - "Brasília, capital da esperança", gravado pelo trio vocal feminino Titulares do Ritmo, na RGE. De 1963 a 1966, transferiu-se para a Rádio Bandeirantes. Percorreu o Brasil com a "Roda de Violeiros" que promoveu verdadeiro campeonato de violeiros, revelando inúmeros nomes. A partir de 1967, já aposentado, continuou a trabalhar como coordenador de música, em geral, e caipira, em particular, da Editora Fermata do Brasil. Em 1977, foi coordenador da área de música regional da primeira edição da Enciclopédia de Música Brasileira. Em 1979, recebeu o Troféu Chantecler pelos 50 anos de carreira. No mesmo ano, faleceu de parada cardíaca na UTI do Hospital Presidente, em São Paulo, aos 72 anos. Foi chamado por Sílvia Autuori de "O caipira que fala com o coração." Em 1986, foi homenageado com o LP "Ao Capitão Furtado - marvada viola", com Rolando Boldrin, Sivuca, Roberto Corrêa e outros, lançado pela Funarte. Era um letrista versátil e de fácil comunicação popular. Em 1993, Rolando Boldrin gravou sua "Moda dos meses", parceria com Alvarenga e Ranchinho no CD "Disco da moda", lançado pela RGE.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 02/07/2011
Reeditado em 07/10/2011
Código do texto: T3071225
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