A Deficiência Visual e Sonhos arquetipos

Antes de entrar neste assunto vou contar um sonho que tive certa vez, com minha irmã e minha pessoa.

Sonhei que estava numa reunião, e por acaso nós estávamos frequentando uma religião da mesma linha, no meu caso a Messiânica, porem a dela não me recordo, é melhor assim, e eu estava no palco juntamente com o coordenador, ele falava muitas coisas por sinal coerente, uma delas era que nunca estávamos sós, se não tínhamos companheiros carnais, nunca nos faltava os espirituais, eles estavam sempre a nossa volta, não só pela simpatia, alguns por missão, outros por que foram parentes, amigos, etc. e falava muitas coisas interessantes sobre cultuar os nossos antepassados, tudo bem. Houve uma hora que minha irmã levantou-se e leu algo, eu via o papel branco, sabia que era ela, mas ela estava num local que a iluminação natural era pouca, havia uma penumbra, estava quase escuro, e no local que eu estava existia luz, e eu perguntei ao irmão coordenador da reunião como a minha irmã conseguira lê no escuro? Ele me disse: “é porque quem lê, não é a matéria, e sim, o Espírito”.

Então, como tenho escrito algumas coisas sobre sonhos, por causa de meus sonhos, encontrei algo na revista VIVER, nº 130 de Nov. de 2003, que discutia sobre os sonhos de pessoas deficientes visuais, antes para mim era curioso, mas devido ao sonho acima passei a acreditar, naquilo que o irmão espiritual da palestra estava falando no meu sonho, quem enxerga não é os olhos da carne, mas os olhos do espírito.

O autor questiona, se a pessoa nunca enxergou como seriam formadas as imagens? Em outras épocas eu também questionaria.

O pesquisador foi Jorge Antonio Monteiro de Lima, ele conta um sonho que se realizou, assim como meus sonhos sempre se realizam, por isto a minha preocupação em tentar fazer este resíduo de estudo, sem me preocupar com credos, pois a esta altura passei a acreditar que há apenas uma verdade dentro deles. Todas as religiões têm seu principio de verdade, e que o Deus é apenas um, basta cessar numa peneira para separar o joio do trigo e vamos perceber que elas todas, não deixa de ter seus entraves e suas semelhanças.

O autor questiona se os sonhos seria um aviso de DEUS? Ou os sonhos teriam um pouco de realidade?

Este autor explica as questões da percepção, nos fazendo ver que, à medida que avançamos na idade, começamos a elaborar outras formas de percepção variando sempre de acordo com a nossa experiência individual, assim todo individuo poderá utilizar a forma de percepção que se adapte melhor a sua psique.

Apesar de, a pessoa deficiente visual ter sua percepção visual comprometida em relação às imagens, por alguma região do olho e/ou do nervo óptico está afetada, porem o cérebro não está comprometido. As imagens são captadas pelo olho, mas se formam no cérebro, na região conhecida por área occipital (perto da nuca), sendo que existem outras áreas responsáveis pela memória visual, se o cérebro estiver intacto, ainda será possível a formação de imagem. Diz este autor.

Ele baseou-se no sonho de uma pessoa cega, que apesar de ser cego, descreveu todos os detalhes dos objetos do sonho com a maior perfeição. Ele cita Yung que diz que a percepção pelas funções dar-se por dois eixos, um não racional constituído por sensação e outro racional, formado por pensamento e sentimento.

Segundo Yung a sensação é o oposto ao tipo intuição, (sensação de paladar, olfato, visão e tato) psicologicamente são orientados pelo instinto e pela sensação dos cinco sentidos, dependendo dos estímulos externos.

A sensação segundo Yung é a função psicológica mais importante do homem primitivo, e a intuição é a função que se manifesta como menos compensadora, é o oposto da função sensação que é muito comum no ser humano. Ele afirma que existe no deficiente visual uma disfunção natural na função sensação – a visão é afetada e (não?) funciona de forma total. Por meio do equilíbrio surge um movimento de compensação no qual a energia psíquica que seria destinada a visão é redistribuída a outros aspectos funcionais. Assim a percepção do deficiente visual passa a ser redirecionada para o olfato, tato, audição, paladar. Estes e outros sentidos tornam-se naturalmente aguçados. O mesmo redirecionamento acontece na intuição. Ele diz que é um equilíbrio natural e compensatório vital para o deficiente visual.

Assim segundo o autor, os deficientes visuais podem ter sonhos sinestésicos e sonhos intuitivos. Os seus relatos mostram que a função de sensação é ativada na produção onírica, misturando-se tanto a afetividade quanto aos complexos ativados. Em seus sonhos geralmente misturam-se percepção tácteis, audição, paladar e olfato, ao enredo, comenta o autor. Por meio de produção onírica reproduze-se a percepção corporal do deficiente visual.

Ele indaga como alguém que jamais enxergou pode definir uma imagem? A formação das imagens oníricas depende ou não de aprendizados prévio? Alguém pode ou não construir imagens sem nunca as ter visto?

Será que o coordenador Espiritual do meu sonho responde a estas perguntas?