EXTROVERTIDO E ESPALHAFATOSO
EXTROVERTIDO E ESPALHAFATOSO
Apesar de tanta barbaridade
Sou fiel como um cão
Afinal aqui ninguém é normal
Nasci de ré
Sou diferente
Extrovertido até espalhafatoso
Em mim falta um pedaço da orelha
A perna esquerda é mais curta
Sou capenga e bamboleio o quadril
A barriga é saliente
Gordo ou obeso? Vice-versa...
Não fanho, porém loquaz
Dou asas à imaginação
Na minha fala não tem imitação
Não tenho papas na língua
Faço o que quero sem querer
Falem bem ou mal
Mas critiquem a mim
Encham-me a bola
E/ou dêem-me corda
Ou até me tirem a moral
Ainda assim sou sem igual
Quero as pessoas sempre alegres
Aonde vou levo folguedos
Por onde ando sou bem quisto
Quem me conhece me apetece
Não aceito o choro pela tristeza
Como não admito não sorrir
Comigo ou de mim
Não importa o meio, sim o fim
Levo tudo na esportiva
Só penso positivo
Para mim, sorrir: é lenitivo
Se querem silêncio: grito
Lambuzo a boca com melado
Pulo o muro para roubar frutas
Pulo de volta para devolvê-las
Brinco de rodas e amarelinhas
Danço de parceiro com o guarda-chuva
Ensino minha avó fritar ovos
Sou cheio... Sou oco...
Uso calça folgada
Às vezes até rasgada
Pior! De barra arregaçada
Uma mais outra menos
A cueca ninguém vê
Se visse, seria um auê
Se bem que... usá-la para quê?
Saco tem que balançar... bater
As meias são de cores diferentes
De elástico relaxado
O cano é furado do lado
O calcanhar é comprido e puído
Na frente a unha fica exposta
Faz diferença; nu ou vestido a rigor?
Quem pergunta tem preferência da resposta
Quem vê cara não vê coração
Festejo ou trabalho como qualquer outro
Meus tênis não são lavados
São tortos e escarrapachados
Baratos e escanchelados
Nos camelódromos é que são comprados
Pinto o rosto de verde/amarelo
Visto uma camiseta ao avesso
Ponho um nariz grande e redondo
Vergonha não consta do meu vocabulário
Sou palhaço!
(julho/1998)