NATIVIDADE
Seu trabalho de parto iniciou-se domingo dia 04 de maio (eu havia “previsto” 15 dias antes que você nasceria no dia 05 de maio) por volta de 00:30. Sua mãe só me acordou por volta de 02:00 da manhã. Liguei para sua avó Angélica que morava na casa embaixo. Ela subiu, ligamos para a ambulância da SAMU onde o médico da mesma examinou sua mãe e disse já estar com 2 cm. de dilatação, ou seja, início do trabalho de parto, corremos para o Hospital Luiz Palmier em São Gonçalo, sua mãe em dores já intensas devidos às contrações, o obstetra de plantão disse que não era trabalho de parto, era apenas o bebê se colocando em posição. Corremos então para a Santa Casa, próximo à Praça XV no centro da cidade do Rio de Janeiro onde fora realizado todo seu pré-natal e onde eu ansiava que você nascesse para que fosse meu primeiro filho carioca. Só havia uma médica, ela confirmou o início de trabalho de parto, porém não poderia fazer a cesária devido à falta de um médico auxiliar naquele domingo de manhã de um feriadão onde todos os médicos haviam desligado seus celulares para não serem incomodados. Se ela o fizesse, correria o risco de perder seu CRM. O experiente médico da SAMU, em sua calma peculiar entrou em contato com a central pedindo autorização de deslocamento para outro hospital; fomos aceitos na Maternidade Municipal Alzira Reis Vieira Ferreira no bairro de Charitas na cidade de Niterói; a ambulância com a sirene ligada fez tal trajeto em 18 minutos, parabenizei o motorista. A enfermeira que estava junto aplicou um soro anestésico pelo caminho em sua mãe. Chegando lá, já por volta de 07:00, sua mãe com dores absurdamente intensas e a maternidade lotada, um doutor chamado Marcelo, aparentemente recém-formado cogitou não ficar com sua mãe e nos mandar de volta para o hospital em São Gonçalo. Novamente o médico da SAMU, conseguiu convencer tal médico que não teríamos mais condições de deslocamentos e enfim sua mãe se internou em tal maternidade. No quarto pré-parto, fui acompanhante de sua mãe, dei banho nela e as dores eram fortíssimas como qualquer parto, porém eu cheguei a pensar que ela não suportaria as dores. Nervoso, chamei a enfermeira e ela, acredito, deva ter comentado com o médico que eu estava nervoso demais e ele me “pediu” que descesse e trocasse com minha sogra a companhia no pré-parto. Desci quando sua mãe já estava com quase 5 de dilatação. Minha mãe chegou ao local acompanhada de meu padrasto por volta das 10:00 hs.; todos nervosos e ansiosossem notícias do que se passava lá em cima até que sua avó Angélica desceu e nos noticiou que tudo estava correndo conforme a normalidade. Nessa ocasião sua avó paterna conseguiu autorização para subir e ver sua mãe por 10 míseros minutos; regulamentos da maternidade. Fomos comer algo num trailler à beira da praia. Eu comi pastel de siri. Voltamos e sua avó Angélica subiu novamente. Por volta de 13:00 a notícia de uma enfermeira: NASCEU! Tudo bem com a mãe e com a criança, logo o pai poderá subir para vê-la. Terá 15 minutos de permanência. Aguardei e subi. Me impressionei com a expressão calma de Isabel já lhe dando de mamar e você, cabeluda, cabelos bem lisos e pretos e unhas compridas. Chorei novamente. Explodi de alegria. Já havia anteriormente tomado uns 2 litros de Coca-Cola. Um dos bebês mais lindos daquele dia naquela maternidade, segundo os comentários (tem bebês que nascem feínhos, você não), uma bela menina.
Seu nascimento ocorreu às 12:50 do dia 04 de Maio de 2008 (errei por 1 dia), pesando 3.300 gr, entre 39 e 40 semanas de gestação, 50 cm. de comprimento, de sangue O- (mais adiante lhe darei explicações sobre seu tipo sanguíneo e seu RH). Ali ficamos até às 16:00 aguardando o horário de visitas, onde cada um dos únicos 5 visitantes permitidos poderiam permanecer contigo durante 10 minutos. Seus cinco primeiros visitantes foram na ordem: vovó Angela, vovô postiço Cláudio, seu primo Diogo, sua prima Liony e por último sua tia Fátima. Voltamos para casa e na van a caminho já de São Gonçalo, Flamengo tornava-se bicampeão carioca em cima do Botafogo para aumentar ainda mais minha alegria naquele dia. Porém, seu nascimento me fora tudo, nem estava, incrivelmente, ligando se o Flamengo venceria ou não, mas quando tudo tem que dar certo, até os pequenos detalhes acontecem.
Na segunda-feira fui trabalhar na Ilha do Governador, com marmita arrumada por seu avô Albino! À noite, na hora da visita dos pais às 19:00 subi e fiquei lhe mimando e fotografando durante 1 hora. Ganhastes ali seu primeiro cartão.
Na terça-feira, imaginava já que você e sua mãe receberiam alta e não fui trabalhar. Sua mãe primeiro telefonou dizendo que você já havia recebido alta, poucas horas depois ela também recebeu alta. Eu e sua avó Angélica fomos para Niterói. Tia Sônia foi de carro para nos levar para casa. Passamos antes no cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais do 1° Distrito da 2ª zona Judiciária de Niterói – RJ Luciano Tosoni da Eira Aguiar, rua Presidente Backer, 229 A sala 202 no bairro de Icaraí e lhe registramos sob o número de
ordem 106872 como ANA JULIA SARMENTO BRAGA. Eu fui o declarante. A escrevente foi a substituta oficial Paula Guimarães Saboya Torturela. Enquanto eu tirava as xerox numa papelaria próximo dali, comprei um livro: A VIDA DO BEBÊ. Entramos no carro e seguimos calmamente para Alcântara, tendo de dar uma paradinha em frente à papelaria de sua tia Fátima para que ela lhe visse novamente e depois outra paradinha rápida para que sua tia avó Maria lhe visse pela primeira vez. Como “todos” os portugueses falam palavrões e gritando, ela falou contigo e você fez expressões de riso para ela.
Chegamos enfim em casa, seu avô Albino, gripado, não quis se aproximar muito para evitar lhe passar a gripe. Ficastes no quarto que fora de sua mãe quando solteira para que sua avó Angélica pudesse ajudar sua mãe em seus primeiros dias, pois nossa casa era em cima e nem sua avó com 70 anos, nem sua mãe, cheia de pontos, poderiam ficar subindo e descendo escada.
Mais ou menos assim começou sua trajetória nesse mundão.