TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS
Esse capítulo seria mais completo caso viesse a ser escrito por um profissional da área, um diagnóstico da psicanálise, já que os pacientes tendem a minimizar sua sintomatologia e a atribuir a um acontecimento específico a causa de seus transtornos.
Cresci com sérias alternâncias de estado depressivo. Acredito que com uma boa capacidade de tolerar a depressão, já que não tendo procurado ajuda específica, tenho conseguido trabalhar e pactuar algum mínimo que seja de convívio social.
A etiologia da minha depressão acredito sê-la de origem biológica: fisiopatologia genética ou neuroquímica; não descartando também uma origem referindo-se a fatores sociais, acontecimentos intercorrentes de vida.
Consultando livros sobre o assunto, há anos, uns dez anos no mínimo precisamente, notei alguns sinais e sintomas de estar enfermo depressivo:
-
- Humor disfórico: ora melancólico, ora ansioso e irritável.
- Sentimentos de desesperança ou desamparo.
- Redução do tempo total de sono associada à insônia terminal.
- Agitação psicomotora, que também pode vir a ser sintoma depressivo. Um andar excessivo, inquietação, fumar excessivo, ansiedade e agitação.
- Dificuldades cognitivas: períodos de atenção reduzidos e incapacidade às vezes de tomar decisões.
- Culpa excessiva: não chego ao ponto de delírio, mas lembro-me frequentemente de minhas transgressões e descuidos mínimos relacionados a outras pessoas e culpo-me excessivamente. Muita cobrança.
- Ruminação: obsessiva ou não, centro-me em acontecimentos do passado e em problemas específicos ocorridos em minha formação.
Não apresento: perda de prazer (capacidade de trabalhar, interesse por hobbies, relacionamentos pessoais e atividade sexual); mudanças no apetite; auto-atribuição (auto-acusação); retardo psicomotor; energia reduzida; ideação suicida e preocupação narcísica com as funções do corpo e preocupação com disfunções somáticas.
Numa outra tabela de Sinais e Sintomas de Transtornos Depressivos:
Emocionais: Tristeza (melancolia, “fossa”): sim. Ansiedade: sim. Irritabilidade: sim.
Psicológicos: Culpa: sim. Desesperança: sim. Desamparo e Desvalorização: sim. Perda e capacidade de prazer: não.
Cognitivos: Ruminação e pensamentos obsessivos: médio. Memória diminuída: médio. Concentração empobrecida: sim. Ideação suicida: não.
Sociais: Retraimento social: sim. Disfunção sócio-ocupacional: sim.
Neurovegetativos: Energia reduzida: não. Agitação psicomotora: sim. Insônia: sim. Libido reduzida: não. Transtornos no apetite: não. Variação diurna de humor: sim. Constipação: não. Manifestações psicóticas presentes apenas em um subgrupo: não. Delírios: não. Alucinações: não.
Desenvolvi também o alcoolismo. Doença que causa um sofrimento inimaginável.
Numa tabela de Progressão Alcoólica, sendo dividida em quatro fases, apresento sintomas de todas elas em graus mínimos, médios e altos.
1ª fase: Pré-alcoólica
Beber ocasionalmente para obter alívio: sim.
Beber constantemente para obter alívio: sim.
Aumento da tolerância ao álcool: sim.
2ª fase: Prodrômica (inicial)
Início dos blackouts de memória: sim.
Beber escondido: sim.
Crescente dependência do álcool: sim.
Urgência em relação às primeiras doses: sim.
Sentimento de culpa: sim.
Incapacidade de discutir o problema: não.
Aumento dos blackouts de memória: não.
3ª fase: Crucial
Diminuição da capacidade de parar: sim.
Beber quando os outros bebem: sim.
Beber amparado em desculpas: não.
Comportamento grandioso e agressivo: sim.
Remorso persistente: pouco.
Os esforços para controlar fracassam repetidamente: sim.
As promessas e resoluções fracassam: sim.
Tentativas de escapadas geográficas: sim.
Perda de outros interesses: pouco.
Evitação da família e de outros: sim.
Problemas de trabalho e dinheiro: sim.
Ressentimento sem fundamento: sim.
Descuido da alimentação: sim.
Tremores matinais: não.
Diminuição da tolerância ao álcool: sim.
Deterioração física: pouco.
4ª fase: Crônica
Início das intoxicações prolongadas: não.
Deterioração moral: pouco.
Pensamento prejudicado: pouco.
Beber com subordinados: sim.
Medos indefiníveis: sim.
Incapacidade para iniciar ações: sim.
Obsessão por beber: pouco.
Vagos desejos espirituais: não.
Completa derrota admitida: não.
Sofri em minha infância e adolescência maltratos de naturezas variadas: abusos físicos, sexuais e emocionais. Hoje lido com isso tudo de uma forma bem racional. O efeito traumático é mais ameno, mais consciente, e isso torna as coisas mais desimpedidas. O “botar pra fora” tem sido o melhor antídoto.
Cresci sensível às alterações reparadas na fala, semblante e gestos, ao ponto de perscrutar o íntimo alheio e concatenar com fatos inconscientes vividos anteriormente. Assim, desenvolvi a crítica, o sarcasmo e alguma morbidez. Digamos que eu tenha me transformado em algo ácido, atento e preparado para antecipar a dissimulação. Outrossim, incapaz e inflexível às mudanças e exigências da vida. As mesmas exacerbam meu estresse, traz-me falhas nas tomadas de decisões adequadas e torna-me às vezes uma criança novamente.
Eu esperava atenção carinhosa e dedicada em minha infância. Vivi um pandemônio de não sensibilidade à minha causa. Um inferno de parentes transtornados psicologicamente num degladiar sem fim. Avôs, pais, tios, madrasta num pacote uniforme de pessoas despreparadas para fornecer alicerce emocional. Uma única exceção nesse ínterim talvez tenha sido a tia Elza, casada com tio Carlos. No mais, fui cobrado no acertar e xingado, agredido fisicamente no errar. Ouvi choro e arrependimento, pedidos incessantes de desculpas e a reincidência do descaso. Sofri agressão física incompatível com o meu peso; socos no rosto dados por meu pai aos doze anos de idade. Um tipo de educação inflexível, covarde, cruel e tirana.
Meu momento é de reeducação e a condição a que me impus chama-se paz. Tenho conseguido grandes avanços, mas falta muito. Sempre existirão reparos a serem feitos. Acredito que a vida de todos, dos que tiveram uma infância como a minha e daqueles que tiveram algo mais normal, é de consertos, erros e acertos, reparações e desenvolvimento até o final. Crescer é dolorido!
Numa outra tabela de Sinais e Sintomas de Transtornos Depressivos:
Emocionais: Tristeza (melancolia, “fossa”): sim. Ansiedade: sim. Irritabilidade: sim.
Psicológicos: Culpa: sim. Desesperança: sim. Desamparo e Desvalorização: sim. Perda e capacidade de prazer: não.
Cognitivos: Ruminação e pensamentos obsessivos: médio. Memória diminuída: médio. Concentração empobrecida: sim. Ideação suicida: não.
Sociais: Retraimento social: sim. Disfunção sócio-ocupacional: sim.
Neurovegetativos: Energia reduzida: não. Agitação psicomotora: sim. Insônia: sim. Libido reduzida: não. Transtornos no apetite: não. Variação diurna de humor: sim. Constipação: não. Manifestações psicóticas presentes apenas em um subgrupo: não. Delírios: não. Alucinações: não.
Desenvolvi também o alcoolismo. Doença que causa um sofrimento inimaginável.
Numa tabela de Progressão Alcoólica, sendo dividida em quatro fases, apresento sintomas de todas elas em graus mínimos, médios e altos.
1ª fase: Pré-alcoólica
Beber ocasionalmente para obter alívio: sim.
Beber constantemente para obter alívio: sim.
Aumento da tolerância ao álcool: sim.
2ª fase: Prodrômica (inicial)
Início dos blackouts de memória: sim.
Beber escondido: sim.
Crescente dependência do álcool: sim.
Urgência em relação às primeiras doses: sim.
Sentimento de culpa: sim.
Incapacidade de discutir o problema: não.
Aumento dos blackouts de memória: não.
3ª fase: Crucial
Diminuição da capacidade de parar: sim.
Beber quando os outros bebem: sim.
Beber amparado em desculpas: não.
Comportamento grandioso e agressivo: sim.
Remorso persistente: pouco.
Os esforços para controlar fracassam repetidamente: sim.
As promessas e resoluções fracassam: sim.
Tentativas de escapadas geográficas: sim.
Perda de outros interesses: pouco.
Evitação da família e de outros: sim.
Problemas de trabalho e dinheiro: sim.
Ressentimento sem fundamento: sim.
Descuido da alimentação: sim.
Tremores matinais: não.
Diminuição da tolerância ao álcool: sim.
Deterioração física: pouco.
4ª fase: Crônica
Início das intoxicações prolongadas: não.
Deterioração moral: pouco.
Pensamento prejudicado: pouco.
Beber com subordinados: sim.
Medos indefiníveis: sim.
Incapacidade para iniciar ações: sim.
Obsessão por beber: pouco.
Vagos desejos espirituais: não.
Completa derrota admitida: não.
Sofri em minha infância e adolescência maltratos de naturezas variadas: abusos físicos, sexuais e emocionais. Hoje lido com isso tudo de uma forma bem racional. O efeito traumático é mais ameno, mais consciente, e isso torna as coisas mais desimpedidas. O “botar pra fora” tem sido o melhor antídoto.
Cresci sensível às alterações reparadas na fala, semblante e gestos, ao ponto de perscrutar o íntimo alheio e concatenar com fatos inconscientes vividos anteriormente. Assim, desenvolvi a crítica, o sarcasmo e alguma morbidez. Digamos que eu tenha me transformado em algo ácido, atento e preparado para antecipar a dissimulação. Outrossim, incapaz e inflexível às mudanças e exigências da vida. As mesmas exacerbam meu estresse, traz-me falhas nas tomadas de decisões adequadas e torna-me às vezes uma criança novamente.
Eu esperava atenção carinhosa e dedicada em minha infância. Vivi um pandemônio de não sensibilidade à minha causa. Um inferno de parentes transtornados psicologicamente num degladiar sem fim. Avôs, pais, tios, madrasta num pacote uniforme de pessoas despreparadas para fornecer alicerce emocional. Uma única exceção nesse ínterim talvez tenha sido a tia Elza, casada com tio Carlos. No mais, fui cobrado no acertar e xingado, agredido fisicamente no errar. Ouvi choro e arrependimento, pedidos incessantes de desculpas e a reincidência do descaso. Sofri agressão física incompatível com o meu peso; socos no rosto dados por meu pai aos doze anos de idade. Um tipo de educação inflexível, covarde, cruel e tirana.
Meu momento é de reeducação e a condição a que me impus chama-se paz. Tenho conseguido grandes avanços, mas falta muito. Sempre existirão reparos a serem feitos. Acredito que a vida de todos, dos que tiveram uma infância como a minha e daqueles que tiveram algo mais normal, é de consertos, erros e acertos, reparações e desenvolvimento até o final. Crescer é dolorido!