COMO FUI PARAR EM....
 
 
    1. Em Minas Gerais:
   Na ocasião do falecimento de meu pai, tendo que sair da casa do mesmo devido a problemas com Ilimar, minha “madrasta”, e não tendo sido “convidado” por minha mãe, fui morar nos fundos de uma igreja evangélica no mesmo bairro, Santa Rita, Nova Iguaçu. Ali conheci Octalípio de Paula, um senhor missionário que havia conhecido meu pai e me convidou a ir trabalhar com ele como missionário em Muriaé. Em setembro de 1989 me mudei. Ocasião em que morei em um quartinho feito no barranco onde a umidade imperava.

    1. Em Barra do Piraí:
   Criei situações, em 1994 para sair da gráfica Makpel, minha primeira gráfica, e assim ir morar num sítio em Ipiabas. Aquela idéia de roça, paz e tranquilidade.  Conheci a família de seu Nicodemos na época como missionário, num total de 16 filhos e seus 16 alqueires. Minha idéia inicial era dar andamento em meu namoro com Rute, uma de suas filhas. Porém, no meio de uma plantação de feijão vagem num sítio ao lado, conheci Maria Marta.
   Quando cheguei em Ipiabas, comecei a trabalhar no sítio abrindo covas de brócolis. Era moda, dava um bom rendimento e vendia bem. Em três semanas pedi arrego e comecei a trabalhar numa loja de conveniências num posto de gasolina no mesmo local. Eram os donos descendentes de turcos ou libaneses, família Tabet.
    1. Em Rondônia:
   Em fins de 1996, naquela loja de conveniência, na ocasião do casamento de Marcos Tabet, o dono do posto de gasolina, Juliana, sua esposa, foi assim posta por ele para trabalhar no quiosque comigo. Ela tinha seus 19 anos se não me engano, filha de uma bem estruturada família de Niterói. Em nosso primeiro dia, ao vê-la iniciar um controle de estoque, me senti ofendido e a chamei de burra: pronto! Me ferrei... Eu já estava ali desde 94, trabalhando sozinho e sendo responsável pelas compras de produtos, de negociações com vendedores. Fechava o caixa, fazia meu pagamento (salário de comércio da época + 4% de toda a venda bruta), pagava minhas férias, 13° salário e tinha muita confiança da família Tabet.
   Marcos reclamou comigo: Você chamou minha mulher de burra?! Eu disse que sim. Então ele me ofereceu a “recém” criada vaga de balconista em sua loja de material de construção, também no Matagal Auto Posto. “Aceitei”. Foi-se a comissão de 4% (que girava em torno de R$ 200,00 mensais). Fiquei apenas com o salário de comércio (que girava em torno de R$ 200,00 mensais). Na época, pagava um terreno que custava R$ 200,00. Filho recém nascido, João Marcos. Comecei a fazer bicos no posto para melhorar minha renda, mas não houve muita coisa a fazer depois do horário comercial e meus rendimentos não eram suficientes para manter minhasdespesas. Fiz um acordo, recebi o seguro desemprego e fui acumulando dívidas no comércio local. Comecei aquela já relatada época de barganhas e fui acumulando além das dívidas, tralhas. Veio o ano de 97, a situação ia bem difícil. O pagamento do terreno, onde eu havia feito uma casa de pau-a-pique para fugir do aluguel, estava atrasado. No contrato, uma cláusula onde no terceiro mês de atraso eu perderia o terreno e as benfeitorias feitas no mesmo. Chamei meu vizinho de terreno e lhe ofereci o mesmo em troca de bichos e objetos. Assim foi feito: um rádio duplo deck, uma TV 14° preto e branco, um galo e cinco galinhas, uma porca e quatro leitões, dois potros, duas éguas, dois cavalos, uma vaca jersey e dois bezerros, R$ 140,00 e alguns LPs.
   Veio-me a tristeza em ter que desfazer do terreno e a vontade de começar tudo novamente. Resolvi levantar dinheiro para pagar as dívidas e sair dali. Fiz então, no bar de Chiquinho, um bingo. Tal bingo, envolvido de muita propaganda. Precisava vender muitas cartelas. Os prêmios eram ótimos para os bingos que se faziam lá na época. Geladeira, duas bicicletas, uma cama, um tanquinho elétrico, dois arreios, uma sela, uma carroça de pipoca e um cavalo pampa marchador. Esse último como prêmio principal. Em meio ao bingo vieram me avisar que o cavalo estava morto. Corri para ver, joguei um balde d’água nele e ele se levantou. Apenas um grande susto.
   Depois do bingo, me sobraram onze bolsas entre livros, roupas e coisas de cozinha.
   Paguei todo mundo, me sobrou R$ 700,00 e fui parar em Ouro Preto do Oeste. Lá cheguei com R$ 400,00 no carnaval de 97. Fiz compras para um mês, comprei berço, cama, botijão de gás e comecei a vida novamente.

    1. Em Santa Catarina
   Já treinado em vender tudo, em aventurar. Devido a uma decepção amorosa com Suzy e a vontade de conhecer o sul, fui primeiramente à Blumenau e pela noite rumei para Fraiburgo, a cidade da maça.
   Era abril de 2005, num namoro “esquisito” com Dagmar, quem conheci depois de Suzy. Fazia um free-lancer no bairro de Cordovil e morava em Santa Cruz, no distante bairro de Santa Cruz. Novamente triste com o lugar (como se o lugar fosse o culpado de minhas desditas!), planejando viagem: unir prazer ao sofrimento.
   Uma cartolina no portão no início de maio: vende-se tudo! Em uma semana tudo vendido! Sobraram roupas e algumas miudezas. Foi embora TV, aquário, geladeira, fogão, tanquinho elétrico, guarda-roupa, sofá, rack, aparelho de som, fogão e etc. Até enfeite de geladeira vendi. Um Guia Brasil Quatro Rodas e algumas bolsas de roupas, rodoviária Novo Rio, rumo ao desconhecido sul. Tchaus de dentro do ônibus para Dagmar, mãe e padrasto. Os dois últimos mais calmos com minha partida para o distante sul; ali por perto minha situação “famígera” os incomodava. 
   
 
 
 
Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 10/05/2011
Reeditado em 11/05/2011
Código do texto: T2960378
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